19 abril 2007

Guebuza e o amor ao trabalho das crianças

"Numa das alocuções que fez mais tarde no mesmo dia 14, na sede do distrito de Alto Molócuè, Guebuza apontou como uma das soluções quase maciça apatia pelo trabalho no país, que se passe a ensinar às crianças nas escolas o hábito pelo trabalho. Para tal, ele disse que os currículos escolares devem, de ora em diante, incrementar as práticas do trabalho manual, para que as crianças cresçam sabendo fazer coisas úteis, de modo que quando forem adultas, possam ser homens e mulheres prestáveis à sociedade. "

1 comentário:

chapa100 disse...

professor! nao sei se o presidente 1)esta sendo mal interpretado ( pela redacao jornalistica),2) esta sendo mal "assessorado" ou 3) esta sair da estrada ( como a gente diz na giria de chamanculo: esta a entrar no mato sem 4x4). acredito nas primeiras duas hipoteses. mal "assessorado" porque identificou mal o problema do subdesenvolvimento de mocambique assim produzindo solucoes inadequadas (combater pobreza absoluta atraves da auto estima, do combate a corrupcao, da aposta no distrito). e acho que estas solucoes foram "entusiasmadas" pela necessidade de ganhar as ultimas eleicoes gerais com maioria incontestavel ( para legitimar o capital politico, depois das eleicoes "conturbadas" para o cargo de secretario geral do partido e candidato a presidencia da republica, e reconquistar o espaco politico perdido para a oposicao ), mas numa analise mais generica, os "pensadores e assessores" terao identificado a fraca capacidade de mobilizacao de membros e estruturas do partido, o caos verificado na funcao publica (mas do que um caos, a funcao publica, transformou-se numa "classe" de empresarios bem sucedidos, que usando recursos do estado vao dirigindo e investindo nos seus negocios atraves dos escritorios e reparticoes publicas - volto a este assunto no blog do Dr.E. Macamo -, sao empresarios mais bem sucedidos, os mukheristas mais auto-suficientes, usando capital inicial de investimento e de risco vindo do imposto e de cobrancas ilicitas) e a " tecnocratizacao" do governo de chissano como sendo a "culpa" que dava a oposicao vantagens e pontos eleitorais.
combater pobreza absoluta devia ser o resultado ou a meta que queremos chegar se assumirmos o desafio de "acelerar o passo". mas porque acelerar o passo significa continuar com reformas tecnocratas na area judicial, economica e social iniciadas pelo governo de chissano, devolver o verdadeiro espirito do compromisso democratico e de desenvolvimento assumido no fim da decada 80 e principios da decada 90 nao eram "politicamente" solucoes favoraveis.
o que assistimos foi um reforco do parelho partidario sobre as instituicoes do estado, partindo de um pressuposto de que o problema era o governo tecnocrata que se estava a afastando do partido, o que na verdaade nao era assim, o partido e que estava ausente e sem visao politica de usar a capacidade tecnocrata do governo de chissano. a maquina partidaria distraiu-se com os apitos da renamo na AR e deixou de apoiar ministros e governadores que precisavam de capital politico para reformas - aqui podemos ver as varias agendas que os ex-governadores de beira, zambezia,niassa, cabo delgado estavam a forcar para reformas e ninguem estava prestando atencao - a maquina do partido e que esteve longe de se adequar "politicamente" para novas realidades socio-economicas ( aqui importa dizer que a elite politica distraiu-se dedicando-se a formacao da "burguesia nacional" e parou de pensar - acredito que as reformas do PRE foram tambem muito pesadas nao so para o cidadao comum, como tambem para a classe politica que por falta de certezas do rumo que estavamos a tomar, e porque estava mais perto do "ouro", pelo menos "arranjaram-se", por isso o mia couto e o ungulani Khossa interpelam a cultura dos nossos ricos, mas a riquezas destes nao nao foi "feita" para produzir certezas ou cultura, ela e produto do caos, do medo, por isso as casas com murros altos e segurancas por todo lado). por isso o "acelerar o passo e criar emprego" era o caminho mais prudente, do que escolher o slogan do combate a pobreza absoluta.mas porque e mais facil "reformar" a maquina executiva e nao o partidao, foi-se pelo caminho mais curto e mais mediatico, exemplo: aconteceu com o ataque ao aparelho buracratico e seus funcionarios. com as famosas operacoes de recolher viaturas, celulares,suspensao de subsidios,etc, com grande medializacao no MISAU e MIN.agricultura. entao a estrategia "mudanca na continuidade" e "forca da mudanca" foram substituidos pelo "combate a pobreza absoluta". a brigada anti-crime, etc, essas accoes so assustam os corruptos e criminosos e desencorajam funcionarios criativos, inteligentes, aplicados. se cacas o corrupto tens que tambem apoiar o esforcado, agora assustar o corrupto e depois chamar de preguicoso o honesto, nao sei se isso e mais correcto. e podemos ver hoje que o ministerio da saude e do interior continuam a gerir crises durante 2 anos, o professor chamou de solucoes de "cima e nao de baixo".

as ultimas declaracoes do presidente sao o resultado desta descoberta de novas solucoes, mas porque nao ha tempo para ver se sao solucoes certas, elas sao lancadas como foguetes - a cultura nossa de celebrar tudo, sintomatico em quase toda esfera publica como anuncia-se tudo com pompas, mesmo que seja para nao dizer nada, precisa-se de titulos e discursos. e nao e coisa so de politicos, veja so os titulos que acompanham a pagina desportiva quando preparam-se os mambas, ficamos com a sensacao que ja ganhamos so na sessao de treinamento -. com esta viagem da presidencia aberta o presidente esta a comparar a realidade que deixou quando da ultima vez que por la andou, e acho que esta num estado de choque, porque muito nao mudou - em dois anos nao e coisa facil -, e para isso existem varias razoes:
1- todos repetiram o discurso do presidente e nada fizeram
2 - as pessoas tem outra percepcao da pobreza absoluta e das suas necessidades para chegar a pobreza relativa (tema parcialmente explorado pelo Dr.E. macamo no seu blog)
3 - os governantes relataram ao presidente que e dificil trabalhar com o povo
4 - que la no distrito os recursos nao chegam so chega o discurso. e quando chegam esses recursos como os famosos 7 milhoes, trazem mais dores de cabeca que solucoes, porque nao vem com metodos e instrumentos claros para produzir resultados imediatos e sustentaveis.
5 - que o ex-presidente chissano depois do fim da guerra e na decada 90 viajou pelo pais inteiro dizendo que temos paz e temos que produzir comida, vamos tirar minas e produzir. a palavra produzir comida nao e nova para o "povo".
6 - a populacao produziu mas nao ha estrada para escoamento, nao ha comerciante para comprar, nao ha energia para moageira, nao ha sementes e tecnicas de diversificacao de culturas que respondam a problemas de seca, estiagem, cheias cicilicas
7 - nao ha modelos de referencia local em desenvolvimento rural que possam reforcar a transferencia de tecnologia e apoio tecnico para agricultura familiar
8 - e por ultimo os mais velhos perderam a esperanca, so resta a janela de esperanca, se o sida deixar as criancas crescerem e aprenderem o amor pelo trabalho.

este e o desespero do presidente, todos os que ja estiveram perante uma pobreza extrema e o numero de desafios que este pais tem pela frente, a gente fica assustado e angustiado - a auto estima nao resolve isso, mas educacao, alfabetizar o campones -.e na hora do desespero a gente "sai da estrada".

entao voltando ao principio, o presidente esta sendo mal assessorado, o pais esta precisando de reformas que possam reforcar este crescimento economico que estamos ter e mais do que isso possa mudar o paradigma deste desenvolvimento "de foguetes" que nao esta apoiado em politicas sectoriais coerentes que " distribua riqueza pela maioria da populacao mocambicana" e nao uma repeticao perigosa de um discurso que permite identificar erradamente os problemas do pais e vive da medializacao de solucoes " falsas". para isso o partido tem acelerar o passo apoiando com capital politico, area de estudo e formulacao de politicas de desenvolvimento para seus governantes sob pena por o chefe do estado numa posicao embaracosa.