28 abril 2007

Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (3) (Lázaro Mabunda) (continua)


(Dado não ter conseguido encaixar correctamente o texto de Mabunda no meu scanner, sugiro que leiam a versão online aqui)
Resumo: Fala-se muito da desnudação das florestas moçambicanas. Em 17 anos de democracia e liberdade de imprensa e 32 de independência, nunca vi tão impressionante campanha em torno delas. Aqui há interesses inconfessáveis, ao serviço de quem não é, afinal, Moçambicano. E tudo por causa do relatório de Mackenzie (Mabunda não coloca o primeiro nome da autora - Jacqueline - nem dá a referência do relatório). Ora, as autoridades nacionais demonstraram que o corte está bem abaixo do oficialmente fixado. Portanto, o futuro da nossa geração e das gerações vindouras está garantido. Estamos perante um falso alarme inscrito num conflito União Europeia versus China. Nós, Moçambicanos, apenas servimos de caixa de ressonância, vendendo a nossa pátria em troca de migalhas de dólares ou de euros (sic).

6 comentários:

Bayano Valy disse...

Nullius in Verba é um ditado (não sei se é ditado, mais vou-o considerar como tal) latim que quer dizer que "a palavra de nenhum homem deve ser a final). Penso que devia ser esse o lema de todas as escolas de jornalismo. Infelizmente, penso que a dúvida metódica que muitos professores do jornalismo gostam de ensinar aos seus alunos não me parece capaz de insuflar o espírito de desconfiança e suspeição que se quer no jornalismo. Se não, como se explica que tenhamos jornalistas como o Mabunda que acreditam numa posição só por ser "oficial", como se o "oficial" fosse sinónimo de verdade.

Podia aventar mesmo que Mabunda simplesmente reflecte essa partidarização da esfera pública onde o "oficial" é a "verdade". O maior problema do jornalismo moçambicano é esse: as fontes governamentais é que dizem a verdade. Pena porque depois temos um jornalismo pobre.

Anónimo disse...

Caro Bayano,

Não vê que está a repetir o erro do Mabunda? Ele, no seu artigo, acusa aos que defendem ideias contrárias às dele de vende-pátrias. O Vayano, porque não concorda com o que Mabunda diz, acusa-o da pouca simpática condição de só acreditar (e veicular) uma posição só porque é oficial. E até lamenta que tenhamos jornalistas como Mabunda!

Para mim, esta caricaturização das posições dos outros (para mais facilmente as contrariar) é o grande problema do debate público em Moçambique. Entretanto, eu fiquei sem saber o que é que concretamente pensa Bayano sobre este assunto das florestas. Isto por um lado.

por outro lado, o seu comentário parece veicular a ideia de que todo aquele que defende uma posição semelhante à de um director provincial de agricultura, por exemplo, sobre as florestas, tem falta do "espírito de desconfiança e suspeição que se quer no jornalismo". Já agora, deveríamo acreditar que todo aquele que, por sistema, contraria as posições oficiais, possuiria este "espírito"em abundância?

Um abraço. Gabriel Muthisse

Bayano Valy disse...

Caro Muthisse,
A posição de nenhum homem é a final. Este foi o cerne da minha intervenção. O que é que eu quero dizer com isso? Quero dizer que muitos jornalistas se detém no superficial. Não procuram aprofundar as questões. O que se quer que o jornalista faça é ir ao terreno para confirmar este ou aquele relatório. Se fosse consultar as populações talvez teria chegado às mesmas conclusões que o relatório da senhora Jacqueline - já sabes da minha posição. Agora fico sem saber a tua.

Lamento que tenhamos jornalistas como Mabunda que não prestam um serviço razoável ao público. O que o Mabunda devia ter feito era explicar-nos porque não concorda com a opinião do relatório apresentando argumentos fortes e não ataques de tipo vende-pátria.

A propósito, não bebo cerveja e por isso não me procure para que como "somos poucos esclarecidos não possamos vilependiarmo-nos em público". Quero-lhe chamar atenção que o artigo de Mabunda monstra que ele acreditou e veiculou a posição oficial, e não é a primeira vez. Essa sua propensão é conhecida. Diga-me que isso não é preguiça?

Todavia, não tome a minha palavra como a final.

Carlos Serra disse...

Ó Gabriel....Como você por vezes é preverso!!! Então é tudo uma questão de ideia diferentes, assim tudo tão neutro. tão lhanamente á Habermas? Vender ou não a pátria é tudo tão simples assim? Já se esqueceu da sua própria posição, a sua, Gabriel,esqueceu o que escreveu a 09 de Março? Irei recordar isso, quando ainda nesta série falar nos mosqueteiros de d´Artagnan, está bem?

Anónimo disse...

OK Professor. Estou ansioso para ver como vai retratar a minha posição.

Caro Vayano, a Minha posição sobre as questões ambientais, e mais especificamente sobre esta questão do desflorestamento, fui expondo-a em muitos comentários neste espaço que o Prpfessor Serra nos proporciona. Uma delas, com pequenas adaptações, tendo em atenção que os públicos são diferentes, republiquei-a no jornal meianoite num espaço que lá me está cativo.

Um abraço. Gabriel Muthisse

Carlos Serra disse...

Já entrou a nova peça, caro Gabriel Muthisse. E ainda agora continuo a pensar na chefe do posto administrativo de Covo, Sra. Ana Sabonete, pobre dela (cito-a na referida peça) que se queixou de ser ameaçada de morte por exploradores ilegais da nossa madeira devido, veja lá, devido a um falso barulho ou, como escreveu o Muthisse, a um "presumível" saque. Abraço.