Um relatório, duas posições

A propósito dos resultados da comissão de inquérito sobre as causas das explosões do paiol de Malhazine, a versão online do "Notícias" apresenta hoje um quadro ternamente dialéctico: à esquerda de um resumo sobre o desagrado manifestado por porta-vozes de cinco partidos da oposição, surge a fotografia do secretário do Comité Central para Mobilização e Propaganda da FRELIMO, Edson Macuácua.
O jornal apresenta o secretário louvando tudo o que é necessário louvar e afirmando que a comissão trouxe a público "aspectos sobre as causas das explosões que ajudam a perceber o problema e a dissipar equívocos até então existentes, para além de criarem um ambiente sereno e realista que contribui para melhorar o sistema de armazenamento e gestão deste tipo de empreendimentos”.
Em parte alguma das suas afirmações aparece qualquer referência ao grave erro humano que a comissão detectou.
Em contrapartida, os cinco porta-vozes de partidos da oposiçã0 (RENAMO, PDD, PAREMA, PT e ALIMO) têm no erro humano, na responsabilização e na indemnização das vítimas a pedra de toque das suas afirmações.
Fiquei decepcionado pelo facto do líder da oposição desposicionada, o turbantoso e fino usador de capulanas, Yá-Qub Sibindy, o homo sibindycus, não ter surgido na galeria.
Mas isso agora não interessa. O que interessa é esperarmos pela decisão que poderá eventualmente ser tomada após a leitura do relatório - faltando seis dias para se completar um mês desde que o paiol começou a explodir a 22 de Março - em relação às questões levantadas não apenas pela oposição, mas, especialmente, por muitos Moçambicanos.