22 abril 2007

Amar a vida em todos os seus anticartesianismos


Em 2003 soube dos maus espíritos que matavam quem quisesse entrar na lagoa de Pembe, distrito de Homoíne, província de Inhambane. Há três anos um estudante meu de Metodologia de Investigação afiançou em plena aula ter visto na cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, à luz do dia, um amigo transformar-se em leão. Há dois anos dois estudantes também meus garantiram terem visto em Maputo pessoas engarrafadas. Agora é a árvore que cai em Sussudenga e, plena de vida imparável, reergue-se. A notícia coloca como hipótese a existência de "raízes-mola", o que, porém, requer ainda mais "trabalho invstigativo", segundo Francisco Navalha, director do serviço de actividades económicas de Sussudenga. Nesta autêntica navalhada na monotonia das causas naturais, não tenho qualquer dúvida de que, guiado pela mão amiga de Domingos Boaventura, tenho a boaventurada missão de amar a vida em todos os seus anticartesianismos.
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Semanário "Magazine", edição de 19/04/07, p. 5.

3 comentários:

Anónimo disse...

1. Em “Um olhar sobre o Niassa”, 2º volume, o Padre Luís Wegher, I.M.C. descreve a sua vivência de mais de 40 anos no interior de Moçambique, em contactos com as populações, suas crenças, seus costumes. Muito interessante.
2. Na pág. 87 relata a experiência do Padre Meinard Hebga, um Jesuíta Camaronês, que chefiou uma equipa englobando representantes de diferentes confissões religiosas, citando:
“ Perguntam-me às vezes: “Acredita na feitiçaria e na magia?”
“Na verdade, a essa pergunta não posso responder senão com um “Distingo”. Estou convencido que alguns indivíduos são favorecidos de uma força paranormal, cuja natureza não foi ainda determinada. Devido a esta força eles produzem efeitos extraordinários, transitórios ou permanentes, sobre os seus semelhantes que não são nem ilusões nem alucinações, e que, frequentemente, escapam, a um juízo científico. Quando a ciência puder explicá-los em termos psicoquímicos ou psicológicos, esta força deixará de ser um poder oculto, mas a sua realidade em lugar de desmentida, será antes confirmada”.
“Tenho a convicção que, às vezes, algumas doenças são consequência deste poder especial e não podem ser curadas senão no interior desta esfera especial, mas também que muitas doenças atribuídas a feitiçaria não têm algum nexo com ela. As simplificações e explicações “passe-partout”, que explicam tudo em base a um só princípio, são, muitas vezes, infelizes. Devemos estar alerta com os charlatães e embusteiros que desfrutam da ingenuidade da gente.”
3. O problema é que, entre nós, os que enchem as páginas dos jornais não são “INDIVÍDUOS FAVORECIDOS DE UMA FORÇA PARANORMAL” mas sim “charlatães e embusteiros que desfrutam da ingenuidade da gente”.
Florêncio

Papoila disse...

Há uns anos que se realiza no Porto um Cogresso de Psiquiatria com o título "Aquém e Além Cérebro"... Estamos na pré-história do conhecimento do Além...
A ciência terá de evoluir por aí.
Abraço

Carlos Serra disse...

Valerá a pena reler Paul Feyerabend, no seu clássico "Adeus à razão"...