15 maio 2010

Os vasos capilares do poder político (6)

Mais um pequeno avanço na série.
Os curandeiros gerem um mundo invisível cheio de entidades supra-humanas eventualmente menos nobres do que os deuses, mas, certamente, bem mais activas, persistentes e vigilantes.
No mundo de causalidade, diagnóstico e terapia a cargo dos milhares de curandeiros existentes no país, os problemas sociais são sempre considerados produto da bondade ou da malignidade dos espíritos ou da magia à distância de alguém perverso. No fundo estamos perante uma espécie de Polícia de Intervenção Rápida simbólica, sempre no terreno, cujas características nos são inculcadas na infância e cuja acção importa prevenir em permanência através de múltiplos cuidados.
Este processo de imputação e de transferência das causas dos problemas sociais para seres para-humanos e/ou para operações mágicas é, claro, também politicamente útil. Dispensa bastões e metralhadoras.
(continua)

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro professor; mutatis mutandis, como dizem em latim, em toda e qualquer parte do mundo, eu complementaria.

Paulo Santos, Brasil