09 dezembro 2009

Pobre povo malgaxe!

O Mestre disse: “Ch’eng está cheio de desejos. Como é que ele pode ser inflexível?" (Confúcio, Os Analectos. Lisboa: Europa América, s/d, p.32)
Tal como ontem reportei, três dos actores políticos de Madagáscar (todos ex) assinaram um acordo sobre a distribuição de pastas ministeriais para o governo de transição, incluindo as pertencentes a Andry Rajoelina, presidente golpista, que não quis vir a Maputo por considerar que era um desperdício estragar tanto dinheiro com isso (propôs uma teleconferência). Segundo a Rádio Moçambique, reinava a satisfação no fim do acordo.
Mas, afinal, é tudo completamente kafkiano nesse acordo: primeiro, o principal actor do processo esteve ausente; segundo, em terra estrangeira, Maputo, um presidente deposto (Marc Ravalomanana) e dois ex-presidentes (Dídier Ratsiraka e Alberto Zafy) distribuem pastas ministeriais em nome do povo, incluindo as de Andry, ex-disc jockey; terceiro, um ex-presidente nosso, Joaquim Chissano, mediador, aceita e homologa o processo.
Sem dúvida que a democracia é uma coisa muito estranha. Pobre povo malgaxe, totalmente ex na vida!
Adenda às 12:37: julgo ser fascinante interrogarmo-nos - e, eventualmente, pesquisarmos – sobre o efeito Zimbabwe/Quénia/Madagáscar nos desejos de um GUN em Moçambique. O que acham?

6 comentários:

Anónimo disse...

Isto ë de facto uma tragicomedia! Veja a diferenca do golpe nada Honduras e a reaccao dos paises da regiao e o golpe em Madagascar e a reaccao dos paises da regiao. Veja logo o desfecho de cada um dos casos e ai podemos tirar as nossas conclusoes...

Em Africa os golpes, as falcatruas dos governos do dia acabam em GUNs com o beneplacito dos vizinhos que pensam que um dia poderao vir a necessitar destes mecanismos... Ë assim o nosso continente...

Quo vadis Africa!

umBhalane disse...

É de facto uma tragicomédia, com muita farsa à mistura.

Porque chamar "democracia" a isto, implica, desde logo, que os países democratas, verdadeiramente democratas, se passem a chamar "ditaduras".

Agora, não se pode deturpar, misturar.

Como na música em Moçambique, em tudo são "divas" - diva esta, diva aquela,...então um especialista Moçambicano perguntou - onde vamos colocar a Mingas? - não podemos misturar a Mingas, com tanta "diva"! - temos que a enquadrar num patamar diferente, que não "diva".

A vulgarização do termo, conceito, "democracia", vai acabar por dar no mesmo.

Assim, as ditaduras ocidentais, UE, estão a seguir "atentamente" a evolução das "democracias" da África Austral, nomeadamente a "democracia" Malgaxe.

Anónimo disse...

Ninguem do partido no poder em Mocambique esta interessado em governo de unidade nacional entretanto quer para o caso do Zimbabwe como para o caso do Madagascar estao la "experts" mocambicanos do partido no poder feitos em "advasers". Infelizmente parece que a moda esta a pegar.

Quer dizer, aconselham aos outros o que nao queremos para nos. E para mim isto e um jogo de drenagem de dinheiro sem muito proveito para o povo.

Unknown disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkk... Rajualina é moderno mesmo

Reflectindo disse...

Joaquim Chissano pode imaginar se os mediadores e a Renamo fizesse o mesmo em Roma???

umBhalane disse...

"julgo ser fascinante interrogarmo-nos - e, eventualmente, pesquisarmos – sobre o efeito Zimbabwe/Quénia/Madagáscar nos desejos de um GUN em Moçambique. O que acham?"

ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!