14 outubro 2008

Maria Kato, defensora pública (1)

"A neutralidade é uma forma de tolerância com o instituído e me parece também uma forma velada de cumplicidade com uma situação que geralmente é de conservação e de dominação."
Participei recentemente, em São Paulo, no 14. ° seminário internacional do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. Aí pude conhecer Maria Ignez Kato, defensora público no Rio de Janeiro. Eis a primeira parte da entrevista que me deu.
Carlos Serra: que razão ou que razões a encaminharam para o defensorado público?
Maria Kato: após uma experiência como Promotora de Justiça, por quase dois anos, optei pelo caminho da Defensoria Pública, não por uma escolha política, pois, à época, não tinha esta percepção clara. O que me sensibilizava era a possibilidade de integrar uma instituição que, dentro do universo da justiça, estava mais próxima do povo, e de atuação mais livre na composição dos conflitos, sem compromisso com a instância formal do controle social.
Carlos Serra: deve o defensor público ser politicamente neutro? Por favor argumente.
Maria Kato: não acredito na neutralidade do ser humano, em qualquer profissão. O Defensor Público, mais do que qualquer outro profissional da área do direito, precisa ter consciência de seu papel histórico e lutar de forma parcial e engajada pelos possíveis direitos que possam decorrer do embate social ou jurídico. A neutralidade é uma forma de tolerância com o instituído e me parece também uma forma velada de cumplicidade com uma situação que geralmente é de conservação e de dominação.

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