08 outubro 2008

A cruz do Vera Cruz (3) (prossegue)

Vamos lá prosseguir um pouco mais esta série, com um pequeno parêntesis antes de regressar à pesquisa do psicólogo moçambicano Vera Cruz. Numa revista online fundada em 2003 - Bonaberi de seu nome - não por Vera Cruz, mas por sete jovens estudantes camaroneses residentes em Paris, surge um artigo datado de 2006 com o título "A mulher negra face à sua cor", do qual me permiti transcrever, traduzindo do francês, a seguinte passagem: "A utilização cosmética de produtos despigmentadores pelas mulheres da África negra é observada desde há cerca de um quarto de século, mas o fenómeno não se intensificou senão nestes últimos dez anos ao ponto de nos perguntarmos se os negros se sentem mal na sua cor (...) Os produtos para clarear a pele causam cada vez mais estragos na nossa comunidade. De África à Diáspora, todos os negros estão em causa!!! Aparentemente a mielina é boa, mas em pequena dose. As peles escuras são desprezadas, votadas ao ridículo e mesmo muitas vezes associadas à fealdade. Faz-se o elogio da mulher negra de pele clara, a alusão à presença do sangue branco nas veias como no caso das mestiças. A crença é que para ser bela, é necessário ser clara."
Pergunta: quais as razões deste tipo de clonagem cultural?
Nota: se quer ler o artigo integral em português, use o tradutor google situado no lado direito deste diário.
Adenda: em entrevista ao "Magazine Independente" desta semana, Vera Cruz afirmou que, após o seu regresso de França, foi verificando que cartazes publicitários e vídeo clips colocam a mulher clara como símbolo de beleza. Por outro lado, verificou em conversa com pessoas que estas davam muita importância à beleza das mulheres claras. A seguir: "Depois disso, falei comigo mesmo e disse de mim para mim que um pesquisador científico não se pode contentar com constatações, o que me fez partir para uma pesquisa". Depois de dar conta da forma como levou o cabo o estudo neste diário amplamente divulgado, Vera Cruz não excluiu a possibilidade de prosseguir o trabalho, desta vez com pessoas adultas. Finalmente: logo que puder - afirmou -, traduz para português todo o trabalho que se encontra em francês (p. 29).

14 comentários:

Anónimo disse...

Caros amigos, tratar do cabelo, procurar alonga-lo, alisa-lo, todas as raças, incluindo a branca, o fazem. É só ver a diferença entre o cabelo "natural" duma branca e o cabelo tratado. É muito diferente. Então, porquê quando o negro trata do seu cabelo se diz que é falta de auto-estima?

O uso de cremes que protegem a pele, eliminam manchas e borbulhas, tornam-na mais lisa e bela, é feito por todas as raças. Porque as negras não o deveriam fazer?

Alguém viu as fotos (dessa tal mesma menina) que foram apresentadas às crianças para efeitos da pesquisa? Eu próprio, que não sou um exemplo de beleza, quando analizo minhas fotos concluo que em algumas resulto muito bonito. Não há a possibilidade de, nesses truques fotográficos que Vera Cruz fez, a foto branca ter resultado, realmente, mais bela? Ou seja, pode ser que, apresentando essas três fotos, mesmo a adultos, pode acontecer que nós também optemos pela "branca". Não por ser branca, mas por ser realmente a foto mais bonita.

O que estou a dizer é que, para mim, resulta bastante natural que, em alguns casos, uma branca possa ser mais bonita que uma negra. Será que que o Professor Vera Cruz repetiu várias vezes, a experiência de várias mulheres brancas, várias mulheres mistiças e várias mulheres negras, para concluir com segurança que os moçambicanos preferem as brancas?

Se é que o Professor Vera Cruz lê este blog, por favor, apresente-nos aqui as três fotos. Pode ser que a foto "branca" seja realmente mais bonita. Nisso não há nada de estranho. Eu próprio conheço várias brancas que as classificaria como mais bonitas que algumas negras.

Obed L. Khan

Reflectindo disse...

Concordo definitivamente contigo, Obed. Não sei se há quem pensa que as fábricas de maquilhagens foram montadas para produzir para as mulheres de pele escura?

Digam mulheres de todas as cores de pele se há quem dispensa a maquilhagem e quantas. Digam os maridos de mulheres de todas as cores de pele se não há maquilhagem lá em casa.

Eu já questionei hoje mesmo a mais de 20 mulheres de pele clara se haviam ou não usado maquilhagem. Todas elas disseram que haviam usado e algumas até tinham nas suas pastas.

De princípio, não sei o nome desses produtos clareantes, senão produtos que se usam para tornar a pele macia ou bronzear. Também montaram-se solários ou vai-se a Tailândia ou em países tropicais onde as pessoas se expõem ao sol com todo o risco de cancer da pele. Porquê?

Aqui, nos países nórdicos, pelo menos, se a uma loira que volta da zona tropical, você não apreciar, dizendo-lhe que ela está castanha ou seja “brown-sunny”, ela não achará a você carinhoso ou gentil. Contudo, isto não foi sempre assim. Disseram-me que há muito tempo, as mulheres ou as que podiam, queriam se manter muito claras (brancas), pois era sinal de quem era rica e não se expunha ao sol e trabalho duro – a agricultura...

Muitas mulheres de todas as cores de pele, sobretudo as que têm o poder de compra, usam maquilhagem.

Quanto à escolha de cor de pele mais clara em Moçambique, volto quando eu tiver tempo.

Anónimo disse...

Professor Serra,

Ja vamos para a "Quarta Estacao" da "via sacra da psicologia" de Vera Cruz. Uma das propostas apresentadas pelos comentadores e que o Dr. Vera Cruz forneca as fotos usadas no estudo e disponibilize o estudo. Ele,creio, que tem lido esses comentarios. Por favor, disponibilize o estudo, nao interessa em que lingua. Os mocambicanos precisam de ler o estudo. Nao sera desta vez que os mocambicanos nao vao se arranjar para perceber o estudo so porque esta em lingua francesa. Mocambicanos, ou melhor, estudantes mocambicanos se viram muito bem nisso, lendo fichas longas e complexas tanto em Frances como em Ingles para fazerem testes nas universidades. Por favor, queremos o estudo. O gesto do Vera Cruz ir ao Magazine tentar se desembaracar do que ele acha de "interessante" nas publicidades e pele branca, e apenas uma pausa da "via sacra da psicologia". Queremos glorifica-lo depois da "via sacra", mas mostre-nos a obra.

boaventura/sara deixai que nos expressemos como anomimos. Os vossos blogs de facto nao dizem nada de voces, sao tao fantasmas quanto somos

Xiluva/SARA disse...

Comissário político Goebels Khan agora sem usar o "nome" pronunciou-se again atormentado com as fotinhas. O comissário o que tem a dizer do texto deste post? A revista Bonaberi diz algo diferente do que o doutor Cruz disse? Vamos lá comissariozinho da vida sacra, deixe de ser polícia da esquina e pense.

Anónimo disse...

Caros amigos

Gostaria de clarificar as minhas posições face aos destorços de interpretação que se verificam. Não questionei e nem questiono o facto dos "Negros" em geral usarem cremes e maquiagens. Muito pelo contrário, eu mesmo também uso e gosto de ver a mulher da minha bela e amada pátria como se veste ou se maquilha. Não estou a olhar isso como sinal de falta de auto estima. A minha reflexão é mais expeculativa que critica sobre o ambiente em que o referido trabalho foi elaborado, tendo em conta que não temos acesso ao referido estudo. Com base na leitura poderemos tirar algumas das muitas dúvidas que rolam nas nossas cabeças. É assim, que pelas conclusões do estudo, pode-se afirmar que o meio social em que as crianças entrevistadas vivem terá influênciado nas respostas.
Os aspectos socio-culturais infleunciam muito em estudos que usam categoriais analiticas "bom" "mau", "Bonito" "feio" "claro" "escuro" e outras.Pois depende do que é que a sociedade em estudo considera de bom,mau, feio, claro, escuro, etc.

Anónimo disse...

Sara/Boaventura, não só o autor do comentário anónimo. Qualquer pessoa que conhece meu estilo de escrever e de dizer as coisas percebe logo isso. Eu não me escondo, como Sara/Boaventura faz. Tu és tão anónimo como os outros anónimos que condenas. Ninguém conhece o teu perfil, nem a tua identificação, nem as tuas ideias.

A única coisa que sabe é que tu te infureces sempre que alguém interpele Carlos Serra. Tu gostarias de ve-lo sacralizado, aureolado, um papa infalível. Eu vejo-o como um sociólogo, um professor, um catedrático.

O que ele diz deve ser avaliado, criticado e apreciado com inteligência. Aqui os afectos não contam.

Goebles era fascista. Uma das primeiras características do fascismo é a intolerância. Talvez Sara/Boaventura/Anónimo não soubesse. Entre nós os dois, quem tem atitudes fascizante és tu. Tu nunca me viste a cair em cima de alguém, a maltrata-lo verbalmente verbalmente só porque não concordo com ele. Eu discuto argumentos, debato ideias. Tenho muitos amigos virtuais (que nunca os encontrei pessoalmente) mas de quem discordo sistemática e profundamente. Posso enumerar alguns neste blog.

Sara/Boaventura, que é tão anónimo como o mais anónimo neste blog não pode apresentar ninguém com que tenha estabelecido empatia, apesar de discordâncias profundas. Isto é ser fascista. Isso é ser discípulo de Goebles.

Se quiser vamos lançar um repto: qual dos dois há-de ficar, primeiro, impaciente e intolerante perante ideias contrárias? Qual dos dois vai agredir verbalmente um oponente só porque não concorda com ele? Todos os leitores deste blog têm a resposta na língua.

Uma última coisa: podes ter a certeza de que, entre nós os dois, Carlos Serra respeita-me mais do que a ti que és uma simples lambe-botas, uma engraxa diplomada.

Obed L. Khan

Xiluva/SARA disse...

Comissário ainda apanha diabetes com tanta zanga. vamos lá: emita opinião sobre o escrito da gente dos Camarões e deixe o professor em paz ou o doutor Cruz. Fico esperando.

Anónimo disse...

Onde é que h. lopes expôs, antes, as suas ideias? Quem as distorceu?

Para Sara. O primeiro comentário clocado neste post responde à tua pergunta sobre qual é a minha opinião em relação ao artigo dos estudantes camaroneses. Quando digo que todas as raças usam cremes para proteger a pele, torna-la mais lisa, combater rugas e borbulhas, estou a dizer que não concordo com a ideia de que os negros estejam a fazer uma CLONAGEM CULTURAL.

Se todas as raças tratam do seu cabelo, procuram que ele fique mais sedoso e liso (incluindo as brancas) porque as negras, ao fazer isso, estariam a praticar clonagem cultural?

Ficou mais claro, agora, amiga Sara?

Obed L. Khan

Xiluva/SARA disse...

Francamente estou surpresa com a profundidade da sua análise, comissário, lol. Então aquilo que o senhor pensa é o que outros pensam? E quanto as negras como eu querem ter a pele mais clara chama-se a isso o quê, caro comissário? E diga uma coisinha clonada, comissário: porquê sempre esta a falar na cor da sua pele?

Carlos Serra disse...

Sara, permita-me sugerir-lhe que abandone as expressões e o tom que está a usar. Muito obrigado.

Anónimo disse...

De que raça é que sou Sara. Onde é que viste uma descrição da cor da minha pele. Possivelmente, presumistwe quanto à minha raça. Quem anda a repetir aqui, a torto e a direito, que é negra és tu.

Onde é que leu que o que eu penso é o que todos pensam? Nunca tive a presunção de falar em nome de ninguém. Diferentemente de ti que pensa ser porta-voz de Carlos Serra. Pena que ele não se demarque de fascistazinhas de pacotilha como tu.

Obed L. Khan

Anónimo disse...

Quero felicitar Carlos Serra por esta posição. Quando escrevi o último comentário não tinha saído a sua demarcação dos métodos de "debate" de Sara.

Parabéns Professor.

Obed L. Khan

Anónimo disse...

~...triste ,triste...o professor não merece este tipo de atitude.
A Sara e o Obed são figuras de marca deste blog....posso vos pedir anónimamente que se contenham....sejamos adultos e comedidos.
Isto não é um campo de batalha,please!
ELEVAçÃO!!!!!

Anónimo disse...

Tóxico, está a ser injusto, o Doutor Carlos Serra exigiu moderação de Sara, não de Obede. Obede tem trocado ideias com muita gente sem zangas nem ofensas. Podemos acusa-lo de discordar muito mas não de malcriadez.