13 fevereiro 2011

Notas sobre eleições (10)

No número inaugural desta série escrevi haver quatro perguntas que poderiam ser feitas a propósito de eleições, a saber: 1. O que é que se disputa nas eleições?; 2. Quando surgem?; 3. São a coluna vertebral da democracia?; 4. São um risco para a democracia?
No número anterior disse que escreveria sobre o risco de transformação da democracia numa propaganda publicitária. Na verdade, se a democracia moderna constitui, em muitos aspectos, uma ruptura positiva com a arbitrariedade, com os segredos e com os poderes eternizados, em muitos aspectos, também, transformou-se num supermercado político, para retomar uma expressão de Alain Touraine. No mercado das crenças múltiplas - quantas vezes transformado em negócio - são permanentemente injectadas promessas no envelope de um milenarismo secularizado, promessas que são magias de grande impacto através dos modernos meios de comunicação de massa. O político transformou-se no prestidigitador hábil, concorrendo no mercado terreno com o mercado celeste do sacerdote clássico. Um dos instrumentos mágicos mais usados e globalizados graças aos esforços das instâncias capitalistas hegemónicas é a chamada luta contra a pobreza. Qual o real significado desse luta?
(continua)

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