Produzir África e os Africanos é, sem dúvida, uma coisa fascinante, algo como desejar a todo o momento um pré-fabricado classificatório – talvez essa maneira de colocar as coisas possa resumir o trabalho de Lívio Sansone com o título "Da África ao Afro: uso e abuso da África entre os intelectuais e na cultura popular brasileira durante o século XX", do qual extraí a seguinte passagem: "Concluindo (...), observa-se que a determinação do que é ‘africano’ na maioria dos casos é impressionista. Os objetos, a língua e o ritmo musical são definidos como africanos não através de uma pesquisa cuidadosa, que ainda é rara, e sim muitas vezes por uma associação superficial, por semelhança ou por observação. ‘Parecer africano’ ou ‘soar como africano’ é, na verdade, o que torna algo ‘africano’ – assim, um grupo de corpulentos homens negros trabalhando na feira central de Salvador (S.Joaquim) torna-a ‘africana’ no comentário de muitos livros de fotos à venda para turistas e para antropólogos em viagem também (...)"
Adenda às 8:24: no meu livro com o título “Combates pela mentalidade sociólogica” procurei mostrar e analisar alguns dos pré-fabricados que referi.
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