O capitalismo pode transformar muita coisa em objecto lúdico, turístico. Na verdade, transforma tudo nisso. Os leões de Moçambique e as favelas do Brasil, por exemplo. Desde os anos 90 que as favelas brasileiras podem ser visitadas como centros turísticos. A pobreza consome-se elitariamente, tudo é transformável em mercadoria. Escutem: perante situações como essa, tenho o direito de reagir com cólera e dor como cidadão, a esquecer temporariamente o estudante clínico do social que em mim tb habita. Cada vez menos me habituo ao natural e ao naturalizado.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Ainda que possa ser controversa, esta situação pode ser encarada de diferentes formas.
Uma e a pior delas mostrar o lado doloroso e sofrido de tanta e tanta gente. Visitas ao sub-mundo da droga, violência, delinquência e por aí adiante.
Outra, mostrar que as favelas são sítios de trabalho, cultura de entre-ajuda entre a comunidade.
Será que devemos esconder a cara na areia como a avestruz? Porque não mostrar as diferentes realidades? Provocatória esta questão!
Estranho é que, e em relação às favelas brasileiras elas sejam visitadas maioritariamente por americanos.Alguma razão?
Ver para crer...seria bem interessante saber se já há estudos sobre esta nova forma de turismo
Como é refrescante ver a revolta também nos outros...
Talvez seja da "minha fase", ou da "loucura" do mundo, ou da "tolerância" que todos de um modo geral temos...
Eu? Estou saturada, farta, já estou sem saco...E é bom sentir que não sou única!!!
Haverá melhor forma de conhecer o modo de vida do povo que vê-lo in loco? Estive só na Cidade do Cabo, e jamais me atreveria a ver as condições de vida das populações pobres - uma habitação, uma creche, alguns negócios, um "bed and breakfast", um curandeiro, se não tivesse tido a oportunidade de fazer uma visita turística a um bairro suburbano. Sinto-me política, cultural e humanamente enriquecida depois de ter feito essa visita. Além disso, os locais visitados ganharam alguma coisa com a visita.
É como tudo. Há sempre duas faces na mesma moeda.
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