Prossigo esta série.
Creio poder-se defender que as relações sociais são um compósito de dois tipos de comportamento: o das pontes e o dos muros. Aquelas são destinadas aos nossos, estes aos outros. Aos nossos, àqueles com quem nos identificamos, que são nossos parentes, membros do nosso grupo social e/ou laboral, da nossa igreja, da nossa equipa de futebol, do nosso partido político, etc., a esses deixamos passar através de um semáforo com sinal verde. Aos outros, àqueles que são justamente os outros, exteriores aos nossos vínculos, esses são motivo de reserva, de impedimento (que pode ser total), para esses temos o sinal vermelho no semáforo social (escrevi sobre isso no meu livro Combates pela mentalidade sociológica).
Esse é um quadro muito maniqueísta, mas contempla, creio, o geral do nosso comportamento, feito das coisas pequenas, intermédias e grandes.
As representações sociais, a figurabilidade do Outro, a etiquetagem, o alfobre dos prejuízos e dos estereótipos, dependem das formas pelas quais estamos em relação e, especialmente - como tanto vezes tenho defendido neste diário -, da distribuição dos recursos de poder.
As representações sociais, a figurabilidade do Outro, a etiquetagem, o alfobre dos prejuízos e dos estereótipos, dependem das formas pelas quais estamos em relação e, especialmente - como tanto vezes tenho defendido neste diário -, da distribuição dos recursos de poder.
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