Cada um dos autocarros de transporte público (enorme e excelente frota) em São Paulo ostenta, lateralmente, as seguintes frases: "Transportes - Um direito do cidadão, um dever do Estado". Nada de chapas aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
4 comentários:
apesar de ter carro so o uso aos fins de semana ou ha noite
jokas
Paula
Na linguagem dos assimilados do neo-liberalismo, o Estado providência é um alvo a abater!
A privatização da saúde, da educação, , dos transportes públicos e até da água representam, na perspectiva dos neo-liberais, um progresso, uma libertação da tutela das ideologias colectivizantes!
Quando o Estado se demite das suas obrigações, surgem as empresas de trabalho temporário , a mundialização dos wenella’s, a privatização da Banca e das empresas estratégias, o assalto aos transportes públicos, enfim a falência do Estado social.
Instala-se a lei do capitalismo autofágico, reduz-se a concorrência e clama-se por menos Estado e melhor Estado!
Entretanto forjam-se empresas para gerir os investimentos públicos, criam-se Conselhos de Administração, nomeiam-se presidentes, secretários e vogais. Atribui-se-lhes uns prémios chorudos e , no intervalo, os tiranos fazem planos para dez mil anos, como diz Bretch,
que nos fala sobre a dificuldade de governar:
“Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra
E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?”
(excertos do poema “dificuldade de governar - Bertold Brecht)
"Transportes - Um direito do cidadão, um dever do Estado"!
Esta e' uma expressao que de certeza, os nossos compadres por aqui, devem achar que pertence a outras galaxias, nao esta terrestre!
Não se deixe enganar pelo que vê no centro, São Paulo é a cidade das contradições.
Nas periferias da cidade as chapas, que aqui recebem o nome de peruas ou lotações, dominam o transporte e são administradas por uma máfia que não deve nada à italiana, com direito à omissão do poder público, cobrança de propinas, extorção, ameaças e mortes.
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