02 setembro 2009

François Houtart está em Maputo

O grande sociólogo belga François Houtart - meu grande amigo com quem acabo de falar ao telefone - está em Maputo, vou ver se consigo entrevistá-lo. Já uma vez aqui veio a meu convite, para participar nos cursos abertos que eu fazia nos anos 90 na Faculdade de Medicina. Eis palavras dele: "A sociedade do futuro tem que ser pós-capitalista e somente pode ser construída sobre quatro grandes eixos. Primeiro, uma relação de respeito e não de exploração com a natureza. Na prática, significa declarar a água e as sementes patrimônio universal e não permitir sua privatização. O segundo eixo é privilegiar o valor de uso sobre o valor de troca, o que significa que os produtos e os serviços teriam que ser desenvolvidos em função das necessidades e não do usufruto. Estamos em uma situação absurda: nunca houve tanta riqueza e tantos pobres. Para a acumulação do capital é mais interessante desenvolver de maneira espetacular 20% da população mundial do que produzir bens e serviços para os demais 80% que não têm poder de compra. O terceiro eixo é a democratização da sociedade, não somente no campo político, mas em todas as relações sociais coletivas: na economia, nas instituições da saúde, da educação, no esporte e na religião, entre homens e mulheres... E o quarto eixo é a multiculturalidade: a possibilidade de que todos os saberes, filosofias e religiões contribuam para a construção social coletiva. Até agora, identificamos desenvolvimento com ocidentalização e os saberes tradicionais têm sido marginalizados."

1 comentário:

Anónimo disse...

Professeur Houtart, INTER ALIA, grande mestre em sociologia da religiao, um dos participantes do Concilio Vaticano II, particularmente da sempre actual Enciclica "Gaudium et Spes", merece ser entrevistado. E, caro Prof. Serra, se consegui-lo, pergunte-lhe um pouco de tudo: crise financeira mundial, proliferaçao de igrejas pelo mundo, utilidade de eleiçoes, relaçao entre pobreza e riqueza, etc.
Abraço,
Thomas Selemane