14 outubro 2008

O que se deve fazer a um ladrão? (respondem crianças do ensino primário)





Sabeis que, com regularidade e a propósito de um trabalho sobre linchamentos que coordeno e que podereis daqui a uns tempos ler em livro, aqui tenho postado redacções de crianças de escolas primárias que foram convidadas a responder à seguinte pergunta (podendo ilustrar): o que se deve fazer a um ladrão? Ora, aproveito o ensejo de vos dar a conhecer mais três dessas redacções, escritas por crianças de uma escola da província de Maputo. Permitam-me sugerir-vos uma reflexão sobre como desarmar as mentes tão precocemente armadas.
Sugestão: clique com o lado esquerdo do rato sobre as imagens para as ampliar.
Entretanto, recorde mais abaixo uma notícia publicada em Março no semanário "Savana", edição de 21/03/08, p. 15:

8 comentários:

Anónimo disse...

Triste ... eh de pequeno que se torce o pepino ... A educacao comeca em casa ... O povo mocambicano esta a tornar-se num povo violento e com qualidades morais questionaveis (desculpem pela generalizacao).

Aprendemos com mentes inocentes que o crime paga e aprendemos com mentes inocentes que o crime se paga com a vida.

Entao se meliantes nao nos tornamos (de forma fisica-rudimentar ou intelectual-sofisticada) assassinos com titulo de povo discontente nos afirmamos.

Mais uma vez ... Triste

Aquando dos ataques xenofobos ca na Africa do Sul, muitas foram as chamadas de gente amiga que recebi a questionarem o meu estado ... e expliquei-lhes que o caso nao deveria ser generalizado uma vez que tal acontecia so em zonas perifericas ... mas meus amigos nao entenderam e deram variados nomes aos nossos vizinhos que cometeram actos orrendos ... eu tambem tava triste.

Mas mais triste eh cometelos contra um irmao ... tirar a vida a outrem sem remorso - como se diz em ficcao - a sangue frio. E justifica-lo com a falta de resposta a seus gritos por socorro a quem de direito.

Mas uma vez ... Triste

PS: E esses ladroes tambem, porque eh que ainda terrorizam T3, se la existem terroristas maiores do que eles imaginam

e os inocentes ... (sem palavras)

Laude Guiry

Carlos Serra disse...

Por outras palavras: devemos interrogar-nos não apenas sobre os linchadores em si, mas sobre os potenciais de mentalidade linchatória existentes.

Anónimo disse...

O desenho é mesmo assim, ou está ao contrário?

Anónimo disse...

Seria possível termos a indicação da classe frequentada pelas crianças e/ou da idade nas próximas postagens?

Carlos Serra disse...

O desenho é mesmo assim...7. classe, disciplina de Ciências Sociais.

Carlos Serra disse...

Perdoe-me, a imagem estava ao contrário, agora está bem. Obrigado.

António Leão disse...

De facto, "mentes precocemente armadas"!
Em todo o caso, tenho vindo a reflectir sobre este problema, desde que falámos, e há uma dúvida enorme que me tem assaltado: são estas crianças, ou são as crianças?
Tentei passar em memória, conversas com os meus filhos, hoje já adultos. Lembro-me que as poucas conversas em que divergimos mais fortemente, ás vezes quase ficámos zangados, tinham a ver com a falta de "relativismo", de tolerância, dos jovens. As minhas crianças, talvez não pendurassem o putativo ladrão na árvore, mas não o deixavam "bem tratado", seguramente!
E isto faz-me pensar, relativamente a esta hipótese, se não valeria a pena tentar repetir este exercício num outro contexto, socio-culturalmente diferente, e ver até que ponto as respostas seriam "radicalmente" diferentes.
Acha que vale a pena? Em caso afirmativo, acho que tenho algumas ideias.

Carlos Serra disse...

Excelente pergunta e excelente proposta! Podemos e devemos pensar nisso. E, já agora, creio ter lançado o repto aí, na Faculdade de Direito: trabalhos desse tipo a serem feitos por vós. Contem comigo. E sempre.