05 agosto 2008

Moçambique dentro de 30 anos (1)

Colocada neste diário no dia 2, esta postagem - com o título em epígrafe e já traduzida no Global Voices para inglês e francês -, tem suscitado inúmeros comentários (41 no momento em que escrevo), razão pela qual a recoloco aqui hoje, para não perder actualidade e, eventualmente, suscitar ainda mais comentários.
Como será o nosso país daqui a 30 anos? Fascinante pergunta, bizarra ideia.
Vamos lá ver alguns cenários:
1. A língua portuguesa será residual, penumbrada pela língua inglesa, tornada esta língua veicular por excelência nos meios urbanos. A língua portuguesa será especialmente uma língua douta, falada em círculos alfarrábicos, amparada por mestiçagens linguísticas docemente malandras em zona savaneira.
2. Os minérios serão geridos por Chineses, Russos, Brasileiros e eventualmente Indianos. O vale do Zambeze será sino-brasileiro em sua carvoação.
3. Se calhar já haverá petróleo, com Americanos e Canadianos na exploração.
4. As florestas, se ainda restarem, serão chinesas.
5. A terra será dos bio-combustíveis, gerida por ecléticas parcerias empresariais, abraçada pela pequena agricultura itinerante e desesperada, cumprimentada por celeiros especiais e bem protegidos de cereais para exportação (China e Índia).
6. O comércio, por grosso e a retalho, será sino-indiano, quinquilheiro.
7. A costa turística será europeia, com euro-americanos safarizados e chorando agarrados à memória de uma Europa moribunda e de uma América desimperializada.
8. Celulares serão fabricadas na terra, com exterior Nokia e alma chinesa; os carros serão sino-coreanos, com layout americano.
9. O mais imponente dos nossos ministérios, um super-ministério, será o dos Negócios Estrangeiros (veja-se a sua grandiosidade actual ali na baixa de Maputo, imagine-se o que será no futuro).
Pedido: estou certo de que os leitores deste diário irão corrigir estes bizantinos cenários. Podem, então, fazê-lo?

56 comentários:

Anónimo disse...

Pelo que vejo, a China influenciará a África nos próximos anos e tentará se apossar de todos os recursos primários e naturais do continente. Um grande perigo!

Jonathan McCharty disse...

Cada um pode vir a nossa terra, com os mais bizarros e macabros interesses! Isso e' algo que nao podemos controlar, o que vai na mente e na agenda desses ilustres parceiros! Mas eles nao o "perigo"! O perigo, isso sim, reina em nos mesmos, se nao soubermos tracar o nosso destino zelosamente e nos precavermos de todas essas maos gananciosas. O perigo somos nos!!

Carlos Serra disse...

As coisas não são perigosas em si, são-no numa correlação de forças. Portanto, os Russos (fortemente interessados em investir na mineração zimbabweana) ou os Chineses (preocupados com as nossas florestas e com o nosso carvão) não são perigosos em si. Por outro lado, nem sempre a nossa busca de autonomia podefazer face ao que é o nosso eixo de vida: a dependência do exterior. E esta dependência molda-nos no nosso destino: o de exportar matérias-primas e o de produzir as condições para a exploração turística. Finalmente: o que fiz foi, apenas, propor algumas linhas de reflexão. Tenho para mim que algumas dessaslinhas se cumprirão tomando em conta as tendência actuais. Outras linhas podem ser propostas, a vários níveis.

Xiluva/SARA disse...

Mais os ministérios de recursos minerais e de agricultura e florestas...

Anónimo disse...

Prof.,os seus cenários parecem-me um pouco fatalistas, bastante simplistas e cheios de "mitos". As coisas são um pouco mais complicadas sobretudo num horizonte temporal de 30 anos. É só ver o que se passou nos últimos 30 anos no país!!! Voltarei mais tarde.Abraço

Carlos Serra disse...

Esteja à vontade para bizantinar ainda mais os meus bizantinos prognósticos...Afinal, é sempre mais fácil profetizar o passado.

JCTivane disse...

E a sede do Fundo Monetário Internacional será onde? Em Beijing? Tenho dito.

Carlos Serra disse...

Ao menos você alinha no humor, Tivane.

Joana disse...

Sua foto sr Tivane é horrível.

Anónimo disse...

...continuemos assim, neste sem rumo e ao ritmo da desculturização, da deseeducação, da corrupção consolidada como modus vivendi e esses cenários serão apenas para brincadeira dos intelectos hávidos de exercicios futuristicos...pois a realidade nos vaticina um futuro bem pior do que esse...não em 30 anos,isso não é tempo suficiente para grandes mudanças,...mas a médio longo prazo acreditem que os moçambicanos viverão em reservas e o país pertencerá ás grandes máfias internacionais que a pouco e pouco vão tomando conta do planeta!
...devaneios ,ficção,what ever...
...quando oiço o ministro da educação a descrever os sucessos na tvm e logo a seguir crianças da 4*classe que n conheçem as letras e da 6* que não sabem lêr ...

Anónimo disse...

...caro professor!
...em relação as fotos que lhe ia enviar ,não tendo conseguido enviei para o savana que vai publicar pra semana um artigo ...

Sir Baba Sharubu disse...

Entao Mozambique, porque tanto pessimismo ?

Gostava de propor dois cenarios para vossa consideracao:
1. Brazil, Angola e Mozambique(BAM)serao os principais actores de uma nova e potente industria lusofona da energia(petroleo, gas, carvao, etc).

2. A habil contra-espionagem MOZ descobre planos secretos da junta militar mugabista(JMM)para invadir e ocupar MOZ no espaco de uma semana. O valoroso exercito MOZ anticipa o golpe e liberta o Zimbabwe(ZIM) em tres dias. Esta feliz libertacao do corajoso povo ZIM catalisou rapidamente a formacao da Federacao da Africa Austral(FAA). O nascimento da FAA foi vivamente saudado por muitos regimes democraticos e tambem por alguns autocraticos(China, Russia, Gabao, Arabia Saudita e Irao).

Carlos Serra disse...

Hum...Sir Baba!!!!

Anónimo disse...

Este cenário pode não ser tão surreal quanto isso. O Prof. colocou dia 30 de Julho o post: “O que fazer a ladrões e feiticeiros: representações de alunos de Inhambane”. Se a visão que as crianças têm do mundo é esta, se esta e a mentalidade dominante da sociedade, parece-me que muito facilmente a elite actual se mantém dominante.
Se esta elite coloca em primeiro plano os seus interesses ao revés dos interesses da sociedade moçambicana, e vende tudo aquilo que pode procurando o lucro imediato está definitivamente a descurar o futuro.

Carlos Serra disse...

Bem, espero que seja tudo apenas isto: bizantino. Sem dúvida de que é sempre mais fácil profetizar o passado.

Anónimo disse...

:-) Tamanha provocação a sua Prof.! Ja agora, adiro, e se calhar, daqui a 30 anos :

A língua chinesa sera' uma disciplina opcional no ensino secundario. Ser fluente em chines, pelo menos falado, trara' mais valias a quem se candidate a emprego.

V.I

Anónimo disse...

30 anos é tanto tempo nos dias de hoje!... Mas creio que vários dos cenários que antevê se concretizarão bem mais cedo!

Aproveitando o post, já foram divulgados dados do censo de 2007 sobre o português e outras línguas em Moçambique?

Carlos Serra disse...

Devo confessar a minha ignorância sobre o censo. Pena a prof. Fátima Ribeiro não andar por aqui agora para nos dar uma mão.

Anónimo disse...

E aquelas praias de Inhambane serão colónia boer sul-africana.

Carlos Serra disse...

Já quase são...Veja como os Moçambicanos são tratados lá.

Anónimo disse...

voces estão doidos, 30 anos? qiantos de vocês estarão vivos daquí há 30 anos senão morrerem de sida ou malária? ou nesse futuro por vós prognosticado sida e a malária ja estarão irradicados?

que eu me lembre, ha 30 anos aspirávamos por um futuro melhor e, por isso, a nossa independência era o mais importante de tudo e da China ou URSS chegavam amigos muito dispostos a darem uma ajuda à Mocambique; depois vieram os outros e ensinaram-nos a apertar o cinto (o futuro era ainda promissor) e hoje, 30 anos depois ainda fazem o prognóstico de um Mocambique dentro de 30 anos???? SINCERAMENTE!!!!!!!

Senhor Professor, a sida propaga-se muito mais do que o chinês como lingua/idioma; a sida e malária matam a uma velocidade assustadora que o prognóstico de 30 anos ficará reduzido em 5, talvez.

É interessante isto tudo e nada impede de estarmeos aqui a prognosticar o Mocambique dos meus filhos e netos (se nao morrerem de sida ou malária).

Xiluva/SARA disse...

Pois é, sida e malária e pobreza absoluta e etc, etc tambem conta.

Mawe disse...

Depois de ter lido os cenários que o professor traça, gostaria de lançar uma questão para debate: Será que moçambique precisa da lingua Protuguesa para avançar?

JCTivane disse...

Escolha o Xangaan, amigo. Tenho dito.

Anónimo disse...

Sobre a lingua,proponho o echwabo ou o macua como primeira e o chinês como segunda.

Xiluva/SARA disse...

Má escolha camaradas: Ekoti como primeira língua, portugues como segunda, chinês como terceira e kimwani como quarta.

Anónimo disse...

Bom dia!!!!

Verdadeiramente não precisamos de grandes fórmulas para estabelecer cenários eles são contruídos com os fatos que compõem o nosso quotidiano.

Para que não se perca o "bonde" da história tenhamos presente que o "mandarim" é a língua oficial da China.

Um grande abraço.

Mawe disse...

Acho que não fui feliz na sugestão, mas insisto. Que cenário dariam a Moçambique se tivesse como lingua oficial o inglês?

umBhalane disse...

Vejamos se chegamos a acordo sobre a língua do futuro, e comecemos, DESDE JÁ, a investir nela.

Sejamos futuristas!

FORÇA.

Já temos as seguintes sugestões:

Chinês (Mandarim);

Xangaan;

Echwabo;

Macua;

Ekoti;

Português;

Kimwani;

Inglês.

Proponho o Sena como língua nacional, pela facilidade com que se aprende.
Língua caldeada pelos muitos povos que convergiram no vale do Zambeze.
E seria consensual, por razões estratégicas.

Já futurei.

Anónimo disse...

É com português que falamos aqui. Nosso país tem mais de 40 línguas. Se tirarem português será caos de mandarim. Quem quer apostar?

Anónimo disse...

O Boaventura diz:

"É com português que falamos aqui. Nosso país tem mais de 40 línguas."[...]

Alguma ideia/dados da percentagem da populacao mocambicana que falam Português?! Acima ou abaixo de 50% ?

Nada tenho contra a lingua portugesa, pelo contrario, e' a lingua em que melhor me expresso. Mas sinceramente, tenho serias duvidas da sua utilidade Pratica, olhado para o contexto do nosso pais! Mas e' capaz de nao ser politicamente coreecto dizer (ou melhor, escreve) isto ....

V.I

Mawe disse...

Foi bom saber que há muitos pontos de vista sobre a questão da lingua. Mas se pensarmos de maneira futurista, acredito que uma segunda lingua, que nos desse asas para a integração seria de propor. Atrevo me a propor o inglês. Sonho com um moçambiqe mais próxima da africa do sul em termos do poderio económico, daqui a 30 anos. Parece ser muito atrevimento......

Reflectindo disse...

Destruiriamos os alicerces para comecar outros? Coisas nossas!

umBhalane disse...

Difícil mesmo é encontrar países em que o Inglês não seja a 2ª língua.

Ah, excepto no Reino Unido e outros países de expressão inglesa - USA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia,...

Azar do Inglês, é o Sr. Mugabe não gostar muito.

E o Sr. Mugabe tem muito peso na SADC, e em África, quiçá no mundo...

Continuo a apostar no Sena!

Anónimo disse...

De qual Mocambique estão vocês falando? do mesmo que eu conheco e leio aqui neste blogg? Acho que não!!

o Mocambique que eu conheco e leio é diferente do Mocambique que vocês andam a "futurizar", pois o país que eu conheco é aquele que desde sempre foi visitado por árabes, persas, portugueses e, mais tarde, por soviéticos e americanos. Estes povos vieram, dissolveram-se na cultura local e assimilaram um pouco deste lindo Mocambique. É por isso que o "mulato-china" do Alto-Maé fala o português à moda do "mulato-china", o "monhé" fala o português à moda do "baniane"; o macua de Mussuril e o yao de Niassa falam todos o português do "recém-alfabetiza", mas português se não vejamos:

"É puribido fazer xi-xi", "esperei muitas horas na picha até fotar", "os crocodiro do rio zambezi não comi pissoa da terra" e por aí fora, são expressões pensadas e escritas em português e o português é a única lingua oficial e do nacionalismo mocambicano quando pensado num Mocambique com as configuracões e contextos actuais; de outro modo seria um território reduzido a pequenos reinos e feudos como os que existiam antes da chegada dos europeus à esta parte do globo.

É o português que se fala quando viajamos por este país enorme e as particularidades de cada região e as influências das linguas locais no português, só mostra que uma lingua nunca é estática e que é influenciada por outras linguas todos os dias e nem por isso Mocambique deixa de ser um país "maning nice"!!

Changane, ronga, kimwane, chuabo ou ndau como lingua oficial? só se for de um Mocambique tribalizado como o que alguns "futurizam" aqui neste blogg, mas aí deixa de ser um país, Mocambique e passa a ser um "ninho" de confusões como é característica de muitos "ninhos" africanos e que ainda não é Mocambique. Xenofobia, tribalismo e outros males que afectam a Africa serão o quotidiano dos mocambicanos. (e o senhor Professor continuará a escreve sobre "raca e etnia" e o blogg continuará a ser um blogg actual, interessante e na lista dos BOB's mais lidos.

e ja agora, qual será a "raca" oficial do mocambicano? e a religião? e o clube de futebol? e o partido politico? e a orientacão sexual dos mocambicanos ou ja haverá homosexual "made in mozambique"?

Carlos Serra disse...

Acho muito interessantes todas as intervenções aqui feitas. Mas reparem em duas coisas: (1) Estamos a falar de algo que ainda não aconteceu, de algo que pode, até, acontecer de maneira muito diferente da que coloquei como possibilidades (amo dizer que é sempre mais fácil prever o passado...); (2) A ironia é, sempre, em meu entender, uma coisa agradável e creio que ela não está omissa quer do conjunto de prognósticos que fiz, quer de algumas das intervenções dos leitores.
Mas prossigamos o debate.

Anónimo disse...

Prof,sou o ANÓNIMO da postagem de 2/8/08 11:06.
SAbe, sempre gostei de ficção,futurismo,prospectiva,coisas realmente bizantinas! E por isso voltei a dar a minha opinião com um certo folêgo.
1. “A língua portuguesa”.Alguns dadOs: 47% alfebetizados em português e entre 70% a 80% entendem e expressam-se rudimentarmente em português ,mais de 4milhões de crianças no primário,previsão da introdução em todos as escolas de linguas nacionais entre 2010-15. Não sei como é que neste contexto se fará a subStituição do português pelo inglês (ambas linguas de dominação),para além de todas as implicações relativas aos custos em formação de profesores,livros escolares,etc.Nem sabemos ainda falar o português e já estamos a pensar no inglês...”moçambicano num val’pena mesmo...somo cumplicado mesmo!”. Só loucura ou uma tendência/gosto doentio em desestruturar sistemáticamente a sociedade e de manter este nosso povo num stres ciclíco de mudanças com consequências imprevisíveis.Assim foi com a revolução socialista, com as guerras messiânicas contra a Rodésia e o apartheid, com a democracia de mercado...etc. Ademais,parece-me que o propblema do inglês é um problema do Sul em geral e de uma elite sulista completamente enfeudada à África do Sul e eufórica com os seus diplomas MA em países anglófonos,e não do camponês (75% da população) de Nhamatanda ou de Namialo para quem o importante é que os seus filhos possam ir à escola aprender o português. Qual seria o contributo/mais-valia do inglês para a afirmação da nossa identidade e consolidação da nação? Inglês e mandarim como segundas linguas sim,acredito. Se é um problema da globalização porquê que no resto dos paises do mundo não falante de inglês (a maioria) essa questão nem se coloca,bem ao contrário! Do Sanscrito ao Latim,passando pelo Francês,as linguas internacionais vão e veêm, e nem por isso os países substituiram as suas linguas oficiais! Mas o que é que realmente nós queremos inventar? A propósito,porquê que o Brasil não substitui o português pelo espanhol? Os povos não escolhem uma lingua “a la carte”. Os processos de apropriação de uma lingua são muito mais complicados,felizmente!
2. “Os minérios...o petróleo...as florestas...o comércio...a costa turística...a terra” serão geridos por Chineses, Russos, Brasileiros,Indianos ... Acredito Prof. Os recursos deste país já foram de tantos (portugueses,británicos, dos arrastões russos,espanhois e japoneses..) que tanto dá, se o nosso destino (¿) é mesmo esse, o de passar de mão em mão, ao sabor de quem dá mais..enfim. Quantos aos celulares e carros,que diferença faz (¿) se seguimos o nosso destino (¿) de consumidores!!! Substituiría este cenário por outro mais interessante e preocupante: Em 30 anos todos os sectores económicos importantes estarão na mão de um grupo de clans familiares da nomenklatura da Frelimo que continuarão a decidir sobre os destinos do país. Ao mesmo tempo,a proliferação de universidades no Centro/Norte do país criou uma massa critíca de intelectuias e uma classe média que questionará pela primeira vez de forma séria muitas coisas,mas duas em particular: uma capital do país excêntrica e não conforme com a geografia e demografía do país e,naturalmente,a divisão do “bolo” (poder e recursos). Antevejo uma conflitualidade violenta, já latente de resto, no seio da própria Frelimo.
3. Nos próximos 30/50 anos a maior parte do nosso acervo/património histórico-cultural ou terá desaparecido ou se limitará a esterotipos mais ou menos verosímeis.Porquê? Porque ninguém investe pessoalmente ou institucionalmente na investigação de base sobre a nossa própria história feita de povos,traições,momentos de glória,resistências,enfim,de virtudes e defeitos! Não há nação que se constroi e se sustenta de costas voltadas com o seu próprio passado.Moral da história,continuaremos a fazer o que melhor sabemos fazer: ver e lutar com fantasmas que não existem ou que sempre existiram! Prof., já agora,sugiro que peça aos utilizadores deste seu blog que mencionem 3 datas históricas importantes de Mozambique e verá!
4. Nos próximos 30/50 anos a mediocridade imperará a todos os níveis.A geração futura terá lacunas de conhecimento sérias devido sobretudo a uma qualidade de ensino primário e secundário que declina a olhos vistos (os profesores das universidades sabem bem o que recebem todos os anos ), a (in)existência de uma politica editorial que promova o livro barato,subsidiado,bibliotecas de bairro/ambulantes,uma televisão temática (não confundir com telenovela!!),entre outras coisas. O teor e forma das respostas das crianças ao seu diagnóstico e publicadas aquí, já dá para pensar! Veja a qualidade do conteúdo e da forma dos principias midías! Veja como os nossos artistas pensam a sua arte,sem referências outras (incluindo africanas) que não seja o seu próprio úmbigo. Temo que os utilizadores actuais deste blog serão uma ilustre minoria em extinção daqui a 30 anos.
5. Nos próximos 30/50 anos o problema da gestão das águas na região estará no rubro, e o nosso país no centro do furacão, pelas caracteristicas dos nossos principais cursos de água.Nenhum nasce em território nacional! Veremos se a SADC terá musculatura para gerir essa situação sem prejuizo da paz!
E fico por aquí na minha ficção.Aquele abraço!

umBhalane disse...

Ironizemos então, futurando.

Este exercício do Prof só tem 1 ponto fraco.

É que a actual oligarquia, no poder, é bastante jovem.

Olhemos para Mr. Robert Mugabe, para a sua proveta idade, e apego ao poder.

Extrapolemos.

Na melhor das hipóteses, 30 a 35 anos vão ser de “estabilidade” governativa em Moçambique.

Assim, os jovens, de hoje, não terão acesso ao poder antes de 30 a 35 anos.

E não vão poder VENDER Moçambique a todos esses referidos.

Moçambique, com a velha guarda nacionalista e patriota, está seguro!

Carlos Serra disse...

Creio que novos dados entraram no debate...

Mawe disse...

De facto novos dados entram em debate....
Não me parece que estes "cenários negativos" teriam lugar se apostassemos fortemente na formação de qualidade....não em quantidade como se está a tentar satisfazer as estatísticas.

De facto o anónimo da postagem de 2/8/08 11:06 aponta para um assunto sério, que é a gestão dos recursos hídricos. Onde moçambique precisa de estar atento, e preparado para influencia nas políticas da região de modo a salvaguardar esses recursos.

Relactivamente a lingua, tendo em conta os comentários aquí postados, julgo que o tempo e a dinámica da região traçará o caminho.De facto, é um número reduzido de moçambicanos que falam Portugués e cada vez mais precisamos de aprender Inglês para nos afirmarmos na região.

Carlos Serra disse...

Não pensei nos recursos hídricos, problema colocado, entre outros, pelo Eng. Carmo Vaz.

Anónimo disse...

Aposto que se o pais apostar na integracao como vem sendo feito politicamente tb tem o dever de integrar a lingua ingleas como um dos desafios principais para uma boa integracao regional. Nao me parece viavel uma integracao sem contudo uma transformacao radical do nosso ensino principalmente o superior. De um modo geral, as universidades hoje leccionam pos-graduacao em lingua inglesa, assim como publicam tbem em lingua inglesa. E as nossas universidades o que estao a fazer sobre isso? ja pensam que um dia o ensino sera globalizado? Ate o ja! E onde e' que nos mocambicanos vamos parar? Ja observaram que a Africa do Sul e' o maior mercado do ensino na regiao? ja se perguntaram porque? A Africa do sul leva vantagem da lingua, a lingua de globalizacao. Nao admirem que um dia a integracao regional no ensino superior so benefie a Africa do sul, pois leva vantagem nesse aspecto. Hoje em dia mesmo a China que possui a maior populacao mundial com Mandarim como lingua nacional, nas suas universidades a pos-graduacao e' leccionada na lingua Inglesa! e o mesmo acontece no japao. E mocambique? ja pensou se fizesse o mesmo, qual seria o beneficio e empacto regional?. Seria um bom mercado de ensino superior para os paises da regiao. Reparem para os paies como UK, US, Australia hoje sao referencia no ensino superior com as universidades recebendo estudantes de todo mundo. Porque? Eles tem vantagem da lingua, a lingua que se fala em todos cantos do globo. Um outro exemplo nao muito longiquo e' a Singapura que transformou o seu ensino para usar o ingles como lingua de instrucao. Reparem a cotacao que tem a nivel global no ensino superior e a posicao que ocupa nas maiores e melhores universidades do mundo. Eu falo de experiencia propria,escevo este comentario a partir da Australia, a qui ha todo mundo ou seja as culturas mundiais convergem neste ponto do planeta, mas todos falam a mesma lingua o Ingles. Tenho colegas japones, Chineses e outros Europeus como Norruegueses, Alemaes incluindo Tugas. Mas todos falamos a mesma lingua- o Ingles, so para ver o impacto que a lingua tem no ensino e globalizacao. Se Mocambique tomasse essa posicao de ter a lingua inglesa pelo menos a nivel de pos-graduacao como lingua de instrucao, ai' a integracao regional seria uma realidade a nivel do ensino superior e todos nos sairiamos a ganhar e muitos estudantes dos paies vizinhos viriam a Mocambique para estudar tb a nivel de pos-graduacao mas agora nao se verifica porcausa das limitacoes da lingua. Se isso nao se acontecer dentro desses 30 anos, nos continuaremos a sair para Africa do sul, Zimbabwe, Malawi para ter uma educacao com pelo menos lingua inglesa como lingua de instrucao. E nos sempre sairemos a perder nisso pk sempre o nosso capital saira' para fora e nunca o capital da regiao vai entrar para o nosso pais como o que acontece com a africa do Sul. Apelo as nossas universidades para mudarem de atitude pelo menos a nivel de pos-graduacao.

Anónimo disse...

Ora,

O "ANÓNIMO da postagem de 2/8/08 11:06" como se identifica, deixou aqui uma longa contribuicao, com opinioes que respeito, mas de parte das quais,NAO CONCORDO. Apenas alguns exemplos, do ponto 1:

"Nem sabemos ainda falar o português e já estamos a pensar no inglês"

- Não vejo relação entre o ja se saber falar português, para se aprender inglês. Alias, não acho que seja esta uma sequencia necessaria! (Quanta gente, por exemplo em Gaza, nao falara' melhor Ingles do que Portugues, tendo partido das linguas locais?!)

"parece-me que o problema do inglês é um problema do Sul em geral e de uma elite sulista completamente enfeudada à África do Sul e eufórica com os seus diplomas MA em países anglófonos"

- Tenho a certeza que nao e' parte da tal elite que escreve, por exemplo o compatriota que vende objectos de arte ali mesmo na 24 Julho ou na Baixa, que apercebendo-se do empurraozinho que perceber o basico do basico ingles pode trazer ao seu negocio (ja que maior parte da clientela nao fala portugues), la vai se esforcado numa e outras palavras/frases...E isto testemunhei varias vezes... Pra naum mencionar outros exemplos ...

"Se é um problema da globalização porquê que no resto dos paises do mundo não falante de inglês (a maioria) essa questão nem se coloca,bem ao contrário! "

- Parece-me que o problema central aqui ser o facto de outros ainda terem discutido o problema! Qual e' o problema de sermos nohs a pensar nessas questoes em primeiro? Pois, o totalmente normal e' nohs seguirmos os caminhos trilhados por outros.. Mas como ainda nao o fizeram ...

"Mas o que é que realmente nós queremos inventar? A propósito,porquê que o Brasil não substitui o português pelo espanhol?"

- Parece estar em linha com o meu comentario anterior ...

Enfim...

V.I

Carlos Serra disse...

Estou atento ao que estais a escrever e essa razão por que decidi prosseguir o tema.

Rafael da Camara disse...

Este país, daqui a 30 anos? Será ainda país, ou uma pequena aldeia globalizada e sufocada pela miseria global do imperialismo capitalista democratizada? Ou entao um saco vazio de bajuladores politicos e leprosos a vender de tudo e nada que ainda nos sobra da "nossa" primeira "inde" de dependencia? Nao sei, tenho medo dos próximos trinta anos, as nossas vozes terao sido esculpidas e lapidadas até ao maximo e ninguem vai se ousar a falar de qualquer "partido politico"?
Bom. Daqui a trinta anos Mocambique será uma pérola do indico, cheio de macacos e oncas para contar o resto que ainda sobra da história.

Se é que ainda teremos uma história por contar.
Desculpe pela vozearia...

Anónimo disse...

Rafael,

Se calhar o exercicio que estamos aqui a fazer, de alguma forma, nos torne mais atentos, e melhor preparados para lidar com o que podera' vir, e quem sabe ate', mais capazes para evitar algumas das situacoes menos boas que descreve...

Medo sim, mas se calhar, o mais importante seja mesmo, enfrentarmos o medo. Se nao formos nohs a nos preocuparmos connosco, alguem mais o fara'? Nao sei...

V.I

Carlos Serra disse...

Verdadeiramente estou a amar as vossas intervenções, há coisas que estou a aprender. Dentro de alguns minutos prossegue a série.

Reflectindo disse...

"Tenho colegas japones, Chineses e outros Europeus como Norruegueses, Alemaes incluindo Tugas. Mas todos falamos a mesma lingua- o Ingles"

Será que os japoneses, chinesses, alemães, noruegueses mataram as suas línguas para optarem por inglês?

E eu diria que não, não, não. Antes pelo contrário. Claro que vai estudar em Franca fala francês e toda a comunidade estudantil vindo de todo o mundo fala francês.

Penso também que falar de ensino universitário é uma outra coisa. Mesmo no tempo colonial ninguem terminava o liceu e ia para a Universidade de Lourenco Marquês sem francês e inglês. No primeiro ano do cíclo preparátório comecava-se com o francês e no primeiro cíclo liceal era inglês e depois vinha uma terceira língua (se estou em erro que me corrijam). A assimilacão dessas línguas era imprecionante.

Integracão e para uma única língua aí tornaremos o quê afinal? A União Europeia não fez isso. Um país pequeno como a Suíca tem muitas línguas.

Não estariamos a confundir a necessidade de conhecimento de muitas línguas com o optar por uma única - inglês/mandarim como língua oficial se possível materna? O conhecimento de muitas línguas sim, tem muita vantagem e facilita a aprendizagem de mais outras. A maioria dos mocambicanos tem vantagem hoje por crescer bilingue. Na minha opinião, o que se precisa em Mocambique é estruturar duma forma sustentável o ensino e a aprendizagem de línguas, permitindo assim que um estudante que termine a décima-segunda tenha aprendido 3 ou 4 línguas.

Carlos Serra disse...

Fascinante este campo, o da língua.

Mawe disse...

Parece me que todos concordam que a formação é importante para evitar os "senários negativos".

Relativamente a língua inglesa, parece me que não temos por onde escapar. Podemos até continuar com o Português, não é que oponha. Mas na verdade teremos que aprender o Inglês para sobrevivermos quer na região quer a nivel mundial. Se repararem, os anúncios de emprego exigem que o candidato fale inglês.

Anónimo disse...

Na minha opinião as postagens de "reflectindo" e de "mawe" sobre a lingua são realmente as mais sensatas e aquelas que afinal todo o mundo não falante de inglês está a fazer.O MEC deve mesmo equacionar o ensino do inglês desde o primário para que daqui a 30 anos possamos ter uma população armada com essa ferramenta de conhecimento.Agora isso de substituir a lingua oficial actual por outra estou de acordo com os argumentos do "ANÓNIMO de 2/8/08. 11:06".O resto é puta basófia!!!

Anónimo disse...

Será que alguém sabe quantos falantes de inglês tem Moçambique? Duvido que seja algum número significativo. Para além de quem teve a chance de ou dinheiro para estudar fora do país, dos que estudaram no tempo colonial e continuaram por uma ou outra razão a usar o inglês, dos poucos que, nas nossas escolas, com o deficientíssimo ensino que nos caracteriza, conseguem obter algum domínio da língua, dos que fazem parte do staff de embaixadas e ONGs de língua inglesa e dos poucos que trabalham em empreendimentos turísticos de estrangeiros, quem mais domina o inglês? Os mineiros, os empregados domésticos e vendedores informais que estiveram na RSA e as populações de fronteira têm, de um modo geral, um fraquíssimo domínio do inglês. O que sabem, normalmente, são as línguas locais dos outros países.
Por outro lado (e infelizmente à custa de perda para as línguas locais moçambicanas) o português vai-se tornando cada vez mais a língua materna dos moçambicanos urbanos. Em Maputo, dados do INE mostram que para 25% dos habitantes de Maputo o português era a língua materna ainda nos anos 90. Hoje essa percentagem é provavelmente superior.
O inglês, na evolução natural do panorama linguístico em Moçambique, não concorre com o português. Complementa-o, isso sim, na comunicação e cooperação internacionais e nos domínios científico e económico. Só nas mentes de alguns dos nossos intelectuais é que o problema existe.

Carlos Serra disse...

Algumas ideias.
1. O que se passará em termos da dimensão temporal que, por hipótese, aqui coloquei, terá menos a ver com realidades linguísticas do que com realidades políticas regionais e internacionais. O inglês é, de facto, cada vez mais, a língua franca da humanidade, aquela que,pela sua simplicidade, pela sua "netsimplicidade", se tornará, creio, a língua global de todos nós.
2. Somos uma ilha de língua oficial portuguesa num mar de língua oficial inglesa. Esta é uma realidade indesmentível e terá de ser absolutamente tomada em conta na correlação de forças que, assumindo por vezes a dimensão linguística, terá, porém, uma dimensão política imediata, a dimensão das elites, dos mercados, da net, dos financiadores, da região enfim.
3. É inegável que existem cada vez mais milhares de jovens cuja língua materna foi e é a portuguesa. Na cidade de Maputo, basta uma modesta inquirição de rua e sermos professores para nos apercebermos disso.
4. Temos, tb, milhares de Moçambicanos que falam e escrevem francês. Aprender inglês e/ou francês é vital para a obtenção de bolsas.
5. O portugu6es não é, para mim, como sempre defendo, uma língua estrangeira. Ela é foi a língua do colonizador, ela foi a língua política adoptada, mas ela é uma língua falada desde o século XVI no centro do país. É uma língua africana.
6. Um universo linguístico variado é sempre, em meu entender, saudável. E enriquecedor do ponto de vista digamos epistemológico.
7. Finalmente: acredito que a língua inglesa se vai afirmar cada vez mais como língua política.
(Tudo isto releva do campo das crenças e das hipóteses, regra geral não gosto de emitir juízos sobre o que não investiguei; por favor, critiquem o que escrevi)

Anónimo disse...

O português é língua residual em algumas comunidades na Índia. As condições objectivas de Moçambique dificilmente permitirão que tal aconteça em Moçambique.
Inglês, língua franca universal hoje, sem dúvida, como já o foi o português nos séculos XVI e XVII, o francês, nos séculos XVIII e XIX, o inglês no século XX e presentemente. Quem sabe, ainda no século XXI, começará a sê-lo também o chinês.

Carlos Serra disse...

Penso no que escreveu.

JCTivane disse...

Com os meus 45 anos ainda estarei vivo nessa altura e vão ver que a língua portuguesa estará bem viva. Tenho dito.