Atravessar passadeiras (aqui diz-se faixas de pedestres) é um risco nesta enorme São Paulo motorizada. Sem dúvida de que todos nós, peões, amamos subverter regras e atravessar ruas quando não devemos e por onde não devemos. Mas também há outros fenómenos. Nas muitas vezes que atravesso ou quero atravessar as faixas, reparo que muitos peões têem medo e passam correndo mesmo com o verde do seu lado. Et pour cause: é que muitos motoristas paulistas não mostram intenções de respeitar quem não tem pneus, quem só tem suas pernas. E mais grave é quando a gente está atravessando e um motorista curva para o nosso lado vindo de uma perpendicular. Ou você passa a correr ou você se arrisca a ser pisado. Ontem ia-me acontecendo isso. Zangado, aproximei-me de uma senhora mais zangada ainda do que eu, loira e arrogante, e disse-lhe: "Senhora, nós inventamos as máquinas, depois elas nos dominam!" Mais tenebrosamente irada ficou a senhora com meu desplante, por isso furiosou totalmente sua viatura e me ia mesmo atropelando em sua partida trovoadesca.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
2 comentários:
Não gostei nada de ler este seu texto Prof: :-(
Queremos voçê sã e salvo :-)
E essa senhora loira , o mais certo deve ter chupado limôes a noite toda, por isso estava tão amarga...
Espero que esse incidente fique só por ai...
Grande abraço
Lisa
Ficará...Retribuo o abraço neste sábado malucamente frio aqui,agora, em São Paulo.
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