31 agosto 2008

Brasileirando a alma (10) (continua)

Uma terrível banalidade: cada homem nasce do ventre de uma mulher. Uma banalidade banal: mas são homens quem, por regra, transforma as mulheres em mercadorias sexuais. Penso nisto enquanto observo, de um quinto andar, o intenso movimento no exterior de um prostíbulo, aqui, em São Paulo. De um lado para outro circulam mulheres e nada nos seus semblantes parece denotar surpresa ou desencanto. Aqui está um aparente problema: não é a mercadorização da sexualidade feminina que está em causa, mas a sua aceitação por parte das próprias mulheres, a sedimentação dos mecanismos de dominação. Meio bem mais pequeno, o de Maputo: mas a realidade não é distinta.

3 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde professor,e como fica a explicação no caso dos prostitutos (travestis, transexuais, homossexuais e jheterossexuais)? Permita-me o atrevimento de sugerir uma outra leitura: não é a aceitação da prostituição por parte das próprias mulheres, a sedimentação da sexualidade feminina, a sedimentação dos mecanismos de dominação que estão em causa mas, a redução dos corpos a homens e mulheres cuja naturalizados e sacralizados pela tradição judaico cristã sacralidade que limita a sexualidade a uma genitalidade reprodutora no quadro do matrimónio monogâmico.

Carlos Serra disse...

Bela ideia, belo quadro de hipóteses analíticas! Obrigado.

Afonso Brown disse...

Aceitacao por parte das proprias mulheres???Acho que elas nao tem alternativas,sao educadas a serem objectos ainda dentro das suas tradicoes familiares...Mostrem-me uma religiao que trate o homem e a mulher em pe de igualidade.E quem nao tem religiao neste mundo?Todos temos...uns activos...outros nao...mas todos temos.