Algumas das virtudes que qualquer partido no poder deve ter são a sua capacidade de ser previsível, de medir aquilo que é o pensamento generalizado dos eleitores e, não tão menos importante, projectar ao público uma imagem de seriedade e fiabilidade.
São atributos que o partido Frelimo não pode reivindicar possuir, se as últimas eleições internas para o município de Maputo são elementos suficientes que nos permitem fazer qualquer juízo.
É extremamente difícil (se não mesmo impossível) a qualquer ser humano racional imaginar que um partido que concorre a eleições que pretende ganhar pode-se sujeitar ao risco de ter que dispensar como seu candidato uma pessoa que já deu provas de competência, seriedade, respeitabilidade e incorruptibilidade para o substituir por alguém que é, na essência, uma quantidade desconhecida.
Que a Frelimo o tenha feito, ao substituir como candidato à presidência do município de Maputo Eneas Comiche por David Simango, mostra com toda a clareza o seu sentido de arrogância extrema e de total desprezo pelos desejos dos habitantes desta cidade. A Frelimo nem sequer se deu ao trabalho de fazer uma breve sondagem para saber como reagiriam os residentes da cidade perante esta inexplicável mudança, o que lhe permitiria medir as suas potencialidades nas urnas.
A Frelimo poderá argumentar que não havia necessidade de medir a tendência do eleitorado municipal, tratando-se de uma eleição interna, dentro do partido. Mas esse argumento descura o facto de que quem elege o presidente dos municípios não são as oito dezenas de militantes da Frelimo intoxicados pelo seu ódio em relação ao actual presidente. Quem elege o presidente do município é a grande massa de residentes desta cidade, alguns dos quais nem sequer são membros da Frelimo, mas que reconhecem e respeitam o trabalho realizado na capital nacional durante os últimos cinco anos.
Sem opções, e profundamente desiludidos com o cinismo dos políticos, a grande maioria destes eleitores terá melhores coisas para fazer no dia do voto do que ir legitimar aquilo que será, de facto, uma autêntica palhaçada a passar por eleições.
Nenhum ser humano é perfeito. E certamente que Comiche deve ter os seus próprios defeitos. Um desses defeitos pode ser a sua seriedade e apurado sentido de serviço público que não lhe permitem distribuir sorrisos cínicos quando as coisas não estão a correr bem. Ciente das suas responsabilidades ao serviço do povo, Comiche soube separar os recursos públicos do partido ao qual ele pertence. Não permitiu que dinheiro resultante das contribuições dos munícipes, parte do qual através da Taxa de Lixo, fosse utilizado de forma profilática para sustentar a imensa bateria de primeiros secretários do seu próprio partido.
A cínica referência às “bases”, como tendo sido elas quem decidiu pelo afastamento de Comiche devido à sua má articulação com elas é, na verdade, uma espécie de eufemismo para ocultar os poderosos interesses financeiros para quem Comiche era um empecilho para o prosseguimento dos seus projectos na cidade.
As chamadas “bases” na verdade não existem, dentro do contexto em que elas nos são apresentadas e as suas “ideias” articuladas. As “bases” existem apenas no seu formato como um voto comprado e manipulado para se atingir outros objectivos longe do alcance dessas mesmas “bases”. Estamos a assistir, de facto, a um fenómeno em que os criminosos começam a ganhar apetência em se apoderarem do edifício político, antes de se consumar a captura do Estado. Se este não é o caso, que “bases” são essas que representam uma candidata cujo único voto que consegue nas urnas é o seu próprio voto?
Se outro nome não existe para melhor caracterizar o que aconteceu no município de Maputo nas eleições internas da Frelimo na Sexta-Feira passada, para nós (e acreditamos que estamos a representar o sentimento da vasta maioria dos residentes da cidade) foi simplesmente um escândalo com cujas consequências teremos que co-habitar durante os próximos cinco anos.
Acaba de se provar que em Moçambique se alguém não é politicamente promíscuo, populista e corrupto acaba sendo matéria para a frigideira.
Mas a maior lição que se deve tirar de toda esta aventura é a importância, agora mais comprovada do que nunca, de uma oposição forte e credível, em quem o eleitorado pode optar como alternativa.
São atributos que o partido Frelimo não pode reivindicar possuir, se as últimas eleições internas para o município de Maputo são elementos suficientes que nos permitem fazer qualquer juízo.
É extremamente difícil (se não mesmo impossível) a qualquer ser humano racional imaginar que um partido que concorre a eleições que pretende ganhar pode-se sujeitar ao risco de ter que dispensar como seu candidato uma pessoa que já deu provas de competência, seriedade, respeitabilidade e incorruptibilidade para o substituir por alguém que é, na essência, uma quantidade desconhecida.
Que a Frelimo o tenha feito, ao substituir como candidato à presidência do município de Maputo Eneas Comiche por David Simango, mostra com toda a clareza o seu sentido de arrogância extrema e de total desprezo pelos desejos dos habitantes desta cidade. A Frelimo nem sequer se deu ao trabalho de fazer uma breve sondagem para saber como reagiriam os residentes da cidade perante esta inexplicável mudança, o que lhe permitiria medir as suas potencialidades nas urnas.
A Frelimo poderá argumentar que não havia necessidade de medir a tendência do eleitorado municipal, tratando-se de uma eleição interna, dentro do partido. Mas esse argumento descura o facto de que quem elege o presidente dos municípios não são as oito dezenas de militantes da Frelimo intoxicados pelo seu ódio em relação ao actual presidente. Quem elege o presidente do município é a grande massa de residentes desta cidade, alguns dos quais nem sequer são membros da Frelimo, mas que reconhecem e respeitam o trabalho realizado na capital nacional durante os últimos cinco anos.
Sem opções, e profundamente desiludidos com o cinismo dos políticos, a grande maioria destes eleitores terá melhores coisas para fazer no dia do voto do que ir legitimar aquilo que será, de facto, uma autêntica palhaçada a passar por eleições.
Nenhum ser humano é perfeito. E certamente que Comiche deve ter os seus próprios defeitos. Um desses defeitos pode ser a sua seriedade e apurado sentido de serviço público que não lhe permitem distribuir sorrisos cínicos quando as coisas não estão a correr bem. Ciente das suas responsabilidades ao serviço do povo, Comiche soube separar os recursos públicos do partido ao qual ele pertence. Não permitiu que dinheiro resultante das contribuições dos munícipes, parte do qual através da Taxa de Lixo, fosse utilizado de forma profilática para sustentar a imensa bateria de primeiros secretários do seu próprio partido.
A cínica referência às “bases”, como tendo sido elas quem decidiu pelo afastamento de Comiche devido à sua má articulação com elas é, na verdade, uma espécie de eufemismo para ocultar os poderosos interesses financeiros para quem Comiche era um empecilho para o prosseguimento dos seus projectos na cidade.
As chamadas “bases” na verdade não existem, dentro do contexto em que elas nos são apresentadas e as suas “ideias” articuladas. As “bases” existem apenas no seu formato como um voto comprado e manipulado para se atingir outros objectivos longe do alcance dessas mesmas “bases”. Estamos a assistir, de facto, a um fenómeno em que os criminosos começam a ganhar apetência em se apoderarem do edifício político, antes de se consumar a captura do Estado. Se este não é o caso, que “bases” são essas que representam uma candidata cujo único voto que consegue nas urnas é o seu próprio voto?
Se outro nome não existe para melhor caracterizar o que aconteceu no município de Maputo nas eleições internas da Frelimo na Sexta-Feira passada, para nós (e acreditamos que estamos a representar o sentimento da vasta maioria dos residentes da cidade) foi simplesmente um escândalo com cujas consequências teremos que co-habitar durante os próximos cinco anos.
Acaba de se provar que em Moçambique se alguém não é politicamente promíscuo, populista e corrupto acaba sendo matéria para a frigideira.
Mas a maior lição que se deve tirar de toda esta aventura é a importância, agora mais comprovada do que nunca, de uma oposição forte e credível, em quem o eleitorado pode optar como alternativa.
5 comentários:
Parte do editorial diz:
"É extremamente difícil (se não mesmo impossível) a qualquer ser humano racional imaginar que um partido que concorre a eleições que pretende ganhar pode-se sujeitar ao risco de ter que dispensar como seu candidato uma pessoa que já deu provas de competência, seriedade, respeitabilidade e incorruptibilidade para o substituir por alguém que é, na essência, uma quantidade desconhecida."
Se calhar não seja assim tão dificil de se imaginar ... basta que o tal "ser humano racional" exercite um pouco a mente e se pregunte como teem sido o processo de "eleições" ... Nao me parece que votos sejam relevantes, portanto nao ha risco e..
... nao me causara' espanto se me disserem que o numero de votos reportados anda bem acima do numero de votantes ...
V.I
Conforme disse o Eng.Venâncio Mondlane, agora é iremos ver a "Gangsterização" do Municipio de Maputo, onde todas facilidades ilícitas irão inundar a nossa Capital.
Na minha opinião o edil do Munícipio deveria desasociar-se do partido assim que ascendesse o lugar de Presidente do Município, pois desta forma iremos ou tentar-se ia fazer com que o Município (Pessoa colectiva pública) não sofresse nenhuma influência política por parte do partido.
Sem querer ser pérfido, gostava que o candidato pela Frelimo seleccionado perdesse a favor a oposição (a dita )para que vissem que o povo sabe o que se passa e o que quer.
Tenho dito....
EN4 terá vedação mais consistente
UM novo tipo de vedação para separar as duas faixas de rodagem na Estrada Nacional Número Quatro (EN4), no troço que parte da Portagem de Maputo até ao fim daquela via que constitui o Corredor de Maputo/Witbank, concretamente, no Hospital Geral José Macamo. Neste momento está em execução o respectivo projecto para se definir o material que deverá ser usado, bem como determinar os custos envolvidos.
Maputo, Sábado, 30 de Agosto de 2008:: Notícias
Desde os eventos de 5 de Fevereiro caracterizados pelas manifestações contra o agravamento das tarifas dos “chapas”, onde quase toda a rede tubarão foi vandalizada, a TRAC, a concessionária da estrada, não fez a devida reposição, esperando que uma melhor medida seja sugerida pela seguradora que fez a avaliação dos estragos.
Nesta sabotagem não escaparam os pilares que suportavam a rede, para além de terem sido destrtuídos postes de iluminação pública, cabos eléctricos e um transformador eléctrico localizado na zona da CMC.
De acordo com Fenias Mazive, director do Centro de Manutenção de Maputo, ainda não está definitivamente definido o tipo de material que vai ser usado, mas assegurou que vai ser de maior consistência e de difícil destruição como acontecia com a rede tubarão, para além de que desta vez deverá ser abrangido o troço entre a portagem e a Maquinag, que não estava incluído no desenho inicial da estrada.
“Acredito que vai ser um material durável, podendo ser uma combinação entre barreiras de betão e paliçada, uma rede de vedação mais consistente. Desde a ocorrência da destruição da rede passam seis meses, mas achamos que não valia a pena voltarmos a colocar aquele tipo de vedação porque só nos faz gastar dinheiro sem resultado que esperamos. Ainda está em execução o projecto definitivo, mas acredito que vai ser um material mais consistente e poderá abranger aquela zona à saída da portagem onde tem lugar atropelamentos constantes de peões que não querem usar as pontes”, disse Mazive, acrescentando que as obras poderão iniciar imediatamente depois da conclusão do projecto.
Num outro desenvolvimento, o nosso informador disse que os trabalhos de manutenção do piso que, igualmente, ficou danificado com os pneus incendiados nas mesmas manifestações foram já concluídos, mas outras obras de rotina continuam em toda a extensão entre o Porto de Maputo e a fronteira de Ressano Garcia.
Quanto à rede de iluminação pública, Mazive assegurou estar já reposta na totalidade, prosseguindo apenas os trabalhos normais de substituição de componentes como lâmpadas, entre outros consumíveis. Ainda sobre iluminação pública são esperados nos próximos dias quantidades não especificadas de postes para fazer a reposição daqueles que foram destruídas durante as manifestações de 5 de Fevereiro.
Fonte: Jornalnoticias
Já houve uma sondagem como se pode ler aqui:
http://allafrica.com/stories/200808210082.html
A questão a reflectir é de porque os partidos agem desta forma?
A Frelimo tem sido criticada pelos resultados das eleições internas. Tudo porque o Dr. Comiche (de quem tenho o maior apresso e admiração) perdeu.
É estatutário que os candidatos sejam escrutinados pelos membros do partido.
Existia alguma forma de contornar isso para "salvaguardar" a continuidade do Dr. Comiche? Não foi do mesmo jeito que o mesmo Dr. Comiche foi indicado há 5 anos? O processo era meritório há 5 anos quando o Dr. Comiche ganhou e já não é agora que perdeu? Porque é que o método já não serve?
Acho que existe alguma contradição nisto tudo...
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