01 maio 2006

Mulheres

Até ao século XV há, na Europa, registo de mulheres médicas e especialmente obstetras, trabalhando em casa com base numa mistura de magia e de conhecimento ervanário.
Quando se institucionaliza a universidade europeia, a sua frequência passou a ser um pré-requisito para o exercício da medicina. Com a caça às bruxas, a arte feminina de curar tornou-se crime de feitiçaria. Acrescente-se que nos trezentos anos da Santa Inquisição (1450/1750), foram mortos nove milhões de “bruxos”, 80% por cento dos quais mulheres e, também, crianças.
A universidade passou a ser um território exclusivamente masculino. As mulheres continuaram em casa, arcando com os velhos mitos criados desde Platão (que escreveu que as mulheres eram uma reencarnação perversa dos homens que, na primeira encarnação, se tinham portado mal ou covardemente) e de Aristóteles (que defendeu que as mulheres não tinham alma) em torno delas: poderes e fluidos maléficos dos ovários, vaginas denteadas e vorazes, furor uterino, cérebro mais pequeno do que o do homem, prisioneiras das hormonas, etc.
Há cerca de cem anos, o reitor da Universidade canadiana de Laval, Sr. Olivier Nathieu, disse o seguinte, quando da entrega do primeiro diploma da instituição a uma mulher: “ As mulheres são demasiado inteligentes para saber que devem ser como as flores que não exalam o seu perfume senão na sombra."

4 comentários:

Anónimo disse...

A história é uma vergonha masculina.
Sónia Dedge

Anónimo disse...

Porquê que a historia esta cheia de "vergonhas masculinas"? Se calhar as "vergonhas femininas" nao foram tao descritas! Em todo o caso eu prefiro pensar que “ As mulheres são demasiado inteligentes para saber que devem ser como as flores que não exalam o seu perfume senão na sombra."
Assim sendo pergunto sera que na "sombra" as mulheres nao cometeram "fausse route" como escreveu a filosofa francesa Elisabeth Badanter? E so uma duvidazinha prezada senhora.

Anónimo disse...

Élisabeth Badinter, Fausse route, Éditions Odile Jacob, mars 2003, 224 pages,

Anónimo disse...

ELISABETH BADINTER « L’indifférenciation des sexes n’est pas celle des identités »

ELISABETH BADINTER é tida como personagem controversa, pois as suas ideias sao consideradas por vezes escandalosas. Filosofa Francesa de esquerda, ela defende juntamente com o seu marido o advogado Robert Badinter, uma certa ideia da democracia social atraves das suas obras. Suas reflexoes sao alimentadas pela filosofia des lumiéres e as ideias de Simone de Beauvoir, reavaliando o lugar das mulheres na sociedade. No seu penultimo livro “Fausse route”, Elisabeth Badintier critica a deriva dos movimentos feministas que a seu ver, reforçam a vitimizaçao da MULHER. Ela defende o retorno a uma complementaridade de sexos , o que aqueles que nao estao de acordo com este ponto de vista chamam “anti-femenismo”.
Seu ultimo livro “Madame du Châtelet, Madame d’Epinay ou l’ambition féminine au XVIII siécle E. Badinter aborda o problema da ambiçao feminina atravez da vida de duas grandes damas do seculo XVIII , nomeadamente Mme Châtelet, que foi companheira de Voltaire e traduziu as grandes obras de Newton. Mme d’Epinay amiga de Grimm, imagina uma nova pedagogia, critica de Rousseu , e traça o destino das futuras maes. Estas duas “ambiciosas”, no sentido nobre do termo, recusaram-se a aceitar os limites que a sociedade lhes impunha. Elas tentaram realisar todos os seus sonhos, sem ter em conta a diferença de sexos, apesar da estrutura social da época. Que liçao podemos tirar destas duas carreiras prestigiosas? E o que nos conta E. Badinter, a partir da analise da vida destas deslumbrantes mulheres no seculo XVIII, sem perder de vista as realidades actuais;
Paula Lemos