05 dezembro 2009

A "raça" como critério de virtudes ou de defeitos

Um livro racista, o mais racista dos livros? Ou não? Seja como for, é um livro que toma, erradamente, a "raça" como critério absoluto de virtudes ou de defeitos, como uma substância que se ama ou que se odeia, como o mais completo dos indicadores para definir atraso ou desenvolvimento. Exemplo: "A raça negra não é produtiva, mas consumista". Já sabem que vos falo do Capitalist Nigger: The Road to Success (Capitalista negro: A via do sucesso), com primeira edição em 2000 e cujo autor é o jornalista nigeriano Chika Onyeani (foto na imagem à esquerda). Extractos: "Somos uma raça conquistada e é absolutamente estúpido pensarmos que somos independentes. A raça negra depende de outras comunidades para a sua cultura, a sua língua, a sua comida e o seu vestuário. Apesar dos enormes recursos naturais, os negros são escravos económicos porque lhes falta o instinto aguçado e a perspicácia corajosa da raça branca e a organizada mentalidade económica dos asiáticos". Mais: "(...) nós, negros, somos escravos económicos. Somos propriedade total de pessoas de origem europeia. Estou farto de ouvir negros a responsabilizar outras raças pela sua falta de progresso neste mundo; estou cansado das lamúrias e da mentalidade de vítima, das constantes alegações de racismo a torto e a direito. Isso não nos leva a parte alguma". Mais: "África tem ganho mais fome, mais doenças e mais ditaduras. Temos hoje, em muitos casos, menos do que tínhamos por altura das independências africanas". Finalmente: "Temos de abandonar a mentalidade de vítimas que adoptámos há tanto tempo: a noção de que alguém nos deve algo. Temos de acabar com as lamúrias e deixar de pedir esmolas ao resto do mundo".
Adenda: leia críticas
aqui e aqui.

5 comentários:

Anónimo disse...

Todos os grandes pensadores na area do desenvolvimento apontam, insistentemente, na ligacao entre a Cultura e o (sub)desenvolvimento.
Ocidente desenvolve-se gracas a criticas e competicao. O Oriente (japao, china, singapore, india, malasia) desenvolve-se por causa da suas culturas assentes na moral e na obediencia.
Africa, no geral, precisa de cultivar algo que sustente o seu desenvolvimento.
Aquando do NEPAD, questoes culturais quase que nao foram integradas. Resultado e o que vemos.
Vamos investir na nossa cultura. Para mim esta ai o segredo para o take-off.
Torres

CG disse...

Isso deve fazer mal à saúde. Risco de úlceras gástricas durante a leitura.
Difícil comentar.

ricardo disse...

Gostei também de ler...

"Once the Herenigde Nasionale Party was in power...English-speaking bureaucrats, soldiers, and state employees were sidelined by reliable Afrikaners, with key posts going to Broederbond members (with their ideological commitment to separatism). The electoral system itself was manipulated to reduce the impact of immigrant English speakers and eliminate that of Coloureds."

E isso produziu os seus efeitos a prazo. De semi-analfabetos e pobres lavradores, os Afrikaners são hoje a mais pujante comunidade económica de África.

Por isso, o que Chika Onyeani defende no seu livro é uma revisitação do método à maneira Negra. Mas afinal, isso não é o "affirmative action"?

Haverá uma época em que os Mulatos irão reivindicar o mesmo. Já se justifica.

Possivelmente os resultados é que estão ainda aquém do esperado, porque no final, o Capitalismo tem apenas uma cor... a do dinheiro!

Mas confesso que também fiquei confuso ao tentar perceber a diferença entre chineses, indianos e asiáticos...

JOSÉ disse...

Aconselho vivamente a leitura deste livro, concordemos ou não tem opiniões que merecem uma profunda reflexão.


"The greatest sin of the African elite is not opening their mouths to challenge these despots.

Today, Africa is worse off than when it gained independence…

The African scholar is intellectually dishonest.

The African elite, as a mirror image of the large Black society, is a consumer group rather than a productive group. A people which regards itself as independent should be able to produce independent thought.

A community cannot survive when its so-called citizens are morally and intellectually bankrupt and decrepit. "

Reflectindo disse...

Podemos não concordar com tudo o que Chika Onyeani escreveu e escreve, mas ele mostra de quão realmente está preocupado com o curso de desenvolvimento do nosso continente. Acima de tudo ele é intelectual livre. É este tipo de intelectuais que devia fazer parte do painel de NEPAD, por exemplo.