04 setembro 2009

Manchete do "Savana" desta semana


No "Savana" desta semana: "Mariano Matsinhe (72 anos), um dos símbolos da gesta de 25 de Setembro, confessa que não lhe agrada ouvir falar de órgãos de comunicação independentes. Para a velha guarda da Frelimo melhor se a designação passasse para órgãos independentes da Frelimo. Porque, acredita, dependentes o são de alguma coisa. Mas nem com isso, o homem que abandonou a engenharia civil (cursava o segundo ano) em Portugal para se juntar à Frelimo em 1962, não se coibiu em conversar com o SAVANA por quase uma hora, revivendo um percurso político sempre em reconstrução. Pelo caminho disse, entre outras revelações, que havia uma certa precipitação (necessária?) na tomada de decisões, que os campos de reeducação não foram um erro e que, volvidos quase 45 anos após o início da luta, não se arrepende de nada. Nem dos fuzilamentos, apesar de reconhecer alguns excessos do SNASP, um órgão do regime e de triste memória. Acompanhe alguns extractos da conversa mantida última sexta-feira em Maputo".

20 comentários:

Anónimo disse...

Não se percebe como é que permitimos que esta gente não seja julgada.

Anónimo disse...

Sem medo da verdade: um homem intelectualmente honesto!

Xicoxa disse...

Acho bastante interressante a entrevista, Mariano Matsinhe igual a si proprio, homem honesto integro e sem medo de asumir os erros.

Curioso pra mim foi ver k Matsinhe modesto, prova de k nem todos da chamada elite da Frelimo sao Ricos como alguns pretendem fazer crer.


E destes Homens k mocambique precisa


A FRELIMO e k fez a FRELIMO 2 K faz


tenho dito

Anónimo disse...

Ditador, com as mãos cheias de sangue, orgulhoso disso e mantendo a arrogância.

Reflectindo disse...

Obrigado Prof Carlos Serra. Cumpriu o nosso pedido, alimentando a nossa ânsia.

1. Gostei de ler esta entrevista porque tem partes em que Mariano Matsinhe diz a verdade, partes em que ele nos deixa a tirar ilacões e a outra em que ele nunca dirá a verdade por conveniência.

2. Achei interessante nisto que Matsinhe diz: eu já tive uma conversa com um jornalista americano há tempos. Eu disse assim: mas vocês são muito agressivos, críticos, atacam o Governo… Ele disse-me: "olha meu amigo, você diz que nós atacamos o Governo, mas se analisar globalmente a nossa actuação nós somos muito patriotas. Criticamos para que o nosso Governo seja realmente americano."

COMO SE ADAPTA ISTO AOS CRÍTICOS MOCAMBICANOS? O mesmo tenho sentido entre mocambicanos. Quem são os mais patriotas? Os vulgos puxa-sacos ou os profetas da desgraca? É bem possível que eu tenha me concentrado nisto porque estou esbocando, se não é escrever algo que tenha a ver com o tema.

3. Será que posso estar "satisfeito" que nunca hei-de ler palavras semelhantes ao do Gen. Matsinhe, no Notícias porque este é DEPENDENTE da Frelimo?

Anónimo disse...

Actualmente, existem no Chile 60 repressores condenados e cerca de 700 que estão sendo julgados por violações dos direitos humanos.

Viriato Dias disse...

Para mim está claro: estes senhores do SISTEMA vão se fazer de vítimas e até de arrependidos políticos para granjear simpatias dos distraidos. É bom que não se esqueçam que estamos em tempo das eleições, tudo é possível. Espero que os mais sensatos não se deixem levar por estas palavras. Vir a público dizer que o Sistema cometeu e comete erros é enfadonho demais, todo o mundo sabe e o povo é o maior sofredor de uma política que cada vez mais desigual e mortal. A única ilação a tomar é o voto que cada um de nós deve dar ao MDM, a alternativa política nacional.

Um abraço

Anónimo disse...

Mal vai o mundo quando alguém no alto da sua provecta idade diz que não se arrepende de nada, nem sequer dos fuzilamentos Que os campos de reeducação não foram um erro.

Alguém lúcido consegue ver nisto só honestidade? Não está aqui implícito também o saber-se imune ao julgamento JUDICIAL de tamanhas barbariedades?

Anónimo disse...

Professor, está estudando os linchamentos - não serão eles uma tradição vinda das zonas libertadas, uma cópia de uma prática da Frelimo, e portanto os linchadores acharão isso justificável, normal, pois estarão a seguir o tal "um só guia"? Veja só:

"O primeiro fuzilamento de que me lembro foi em 1965 ou finais de 1964, de um indivíduo chamado Said, em Cabo Delgado. Era guerrilheiro, pegou na arma e foi invadir as populações para roubar galinhas. Foi fuzilado e fuzilámos muito mais."

Note-se a frieza, com a certeza da impunidade, com que o entrevistado diz "...e fuzilámos muito mais"

Linette Olofsson disse...

Causa-me afliçao da forma fria como Mariano Matsinhe trata da questao do fulzilamento!
Demonstra que a vida humana para a frelimo nao tinha valor!
Os primeiros fuzilamentos públicos nos campos de futebol,após a independencia, foram marcantes e violentos na nossa historia.

Foi preciso lutar para se impor os Direitos Universais, Direito a Vida).
A Renamo internamente, foi "instrumento" de pressao a Frelimo, a queda do Muro de Berlim, foi sem dúvida outro factor externo, caí todos apoios ao regime autoritário da frelimo.

A instauraçao do multipartidarismo, devemos mais a estes factores do que a vontade da Frelimo!
A frelimo nao tinha outra alternativa, em sentar-se a mesa e assinar a Paz com os irmaos da Renamo.

Reflectindo disse...

Caro Xicoxa

Não deves pensar que o General Matsinhe veio revelar tudo o que ele sabe e pensa. A ilacão na entrevista é tua, minha e de outros. Que há alguns ex-combatentes que não ricos ilicitamente, todos nós sabemos. Mas que há muitos que enriqueceram e enriquecem ilicitamente muitos de nós sabem.

Agora quero saber o teu discurso de a Frelimo é que fez e que faz. Queres confirmar que a Frelimo é que matou e mata, pois isso adapta-se nesta entravista: Os morreram pediram para morrer, pois na Frelimo é (sim é) norma fuzilar? Escrevo é, porque o que aconteceu em Mogincual não é do passado.

Anónimo disse...

Não é de Mariano Matsinhe que saberemos o que de facto se passou.

Precisamos, nós, moçambicanos, de sabermos da nossa própria história. Mas da história real, não aquela que nos impinge a frelimo.

Esses, da geração do 25 de Setembro, dizem-se heróis. Heróis? De pacotilha, se tanto! Vejamos:

Ensina-nos a História da Frelimo que no desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional, na noite do dia 25 de Setembro de 1964, foram mortas, pelo menos, duas pessoas, nomeadamente o Chefe do Posto Administrativo Colonial de Chai e o sentinela que guarnecia a residência do Chefe do Posto.

Porém, hoje, tantos anos depois, tudo indica que essa história do primeiro tiro não está lá muito bem contada, ou, pelo menos, não parece haver consenso sobre as consequências desse primeiro tiro, a julgar por uma pesquisa.

De acordo com essa pesquisa, baseada em 35 entrevistas a pessoas “idosas e nativas de Chai” durante o ataque dos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique “nenhuma pessoa foi morta”.

Um depoimento presencial:

Foi no Chai, norte de Macomia, a 10Kms do rio Messalo. Tinha 8 anos, estava lá, assim como os meus pais, não morri... nem ninguém morreu de ambos os lados, e lembro-me de quase tudo. Tudo se resumiu a 2 rajadas de metralhadora (uma de cada lado). Demorou 1 ou 2 minutos e depois foi a fuga dos atacantes...
A data, hoje em dia, é comemorada em Moçambique como Dia das Forças Armadas.

Quando será que Alberto Chipande contará a verdadeira história daquele dia 25 de Setembro de 1964 no Chai?

Aliás, de tudo isto se salva o ficar-se a saber que o Pai de Alberto Chipande tinha duas lojas e dois camiões. Ao tempo até se poderia considerar de rico, "alinhado" com os portugueses.

JOSÉ disse...

A frieza e arrogancia desta gente causa calafrios!

Foi pena não se ter constituído uma Comissão da Verdade para desmistificar muitas coisas e para conhecermos a História real de Moçambique.

No dia 28 de Outubro vou ter em conta os abusos perpetuados ao longo dos anos por estes "heróis"!

Anónimo disse...

O que causa calafrios é ver toda esta massa de "novos intelectuais" a escreverem sobre a entrevista que Matsinhe concedeu ao Savana. Escrevam sim, mas não se esquecam de desempenhar o vosso papel de intelectuais no dia-a-dia dos muitos mocambicanos que não nao visitam este blog, que não têm o mesmo acesso às informacões como vosses têm e muitos outros mocambicanos que não sabem ler e escrever e nem a mesma forma de analisar os assuntos como vocês, meus intelectuais.

Matsinhe foi um genetal do seu tempo como muitos outros foram não só generais, mas também polícias, militares, pecas de uma máquina de repressão como foi a Frelimo do pós-independência. Ainda bem que esse tempo passou sem, com isso, querer significar que devemos esquecer esse tempo.

o que causa calafrios à mim é ver que esta massa dos chamados "intelectuais, classe média, académicos ou chamem o que quiserem" não desempenha o papel que devia desempenhar na actualidade. se no Chile estão a julgar os ex-generais ditadores, porque não também em Mocambique?

os chamados antigos combatentes tiveram o seu papel na libertacão de Mocambique; a "geracão 8 de Marco" teve o seu papel na educacão de muitos mocambicanos na "campanha de erradicacão do analfabetismo"; e vocês, betinhos de meia-foda que se acham intelectuais, qual é o vosso papel na história de Mocambique??? é só o de "filosofar" no blog do Professor??? qual é o vosso contributo no quotidianos dos mocambicanos??

Carlos Serra disse...

Aos leitores: não sou obrigado a publicar comentários de anónimos, continuo a chamar a atenção para isso, "tá"? Sugiro, uma vez mais, que usem as vossas identidades reais. E sugiro, uma vez mais tb, que leiam as normas para publicação neste diário colocadas no fim da coluna do lado direito deste diário. Obrigado pela compreensão.

BMatsombe disse...

Comentário manifestamente feito de má fé a do senhor anterior. Não sendo capaz de apagar a entrevista vem com a historia do Chile como se fosse camaradão, mas depois mostra sua real face ao querer impedir a expressão do livre pensamento e da indignação.

Xiluva/SARA disse...

"Betinhos de meia foda", Professor? Li mesmo bem a filosofia enternecedora do anonimo?

Carlos Serra disse...

Desculpe, só agora prestei atenção em profundidade.Visivelmente um leitor incomodado, colérico. Serei bem mais rigoroso doravante, pode crer e podem crer.

João Cabrita disse...

Surpreendente a tentativa de Mariano Matsinhe de ilibar o Estado Moçambicano, quando afirma que “a condenação daquela gente foi feita pela Frelimo, portanto eram coisas da Frelimo. Não tinha nada a ver com o Estado”.

Sendo a Frelimo, à luz da Constituição de 1975, a “força dirigente do Estado e da sociedade”, será que essa relação promíscua podia ser interrompida a qualquer momento? Dessa Constituição, que vigorava por altura dos fuzilamentos em questão, não consta nenhuma disposição a sugerir que tal fosse possível.

E se de facto eram apenas “coisas da Frelimo”, como se explica que o seu Bureau Político não tivesse sido previamente informado? Então, quem tomava as decisões? A crer em Matsinhe, “tinha de ser uma pessoa com muito poder” que se sobrepunha a Samora Machel, portanto. Será que essa pessoa era Marcelino dos Santos, que em declarações à TVM (19 Setembro 1997), justificava da seguinte forma esses mesmos fuzilamentos: “Sim, e depois sobreveio a acção, a tentativa do inimigo de buscar elementos moçambicanos descontentes, em particular aqueles que pudessem ser-lhes bastante úteis. Então, aquela consciência que nós tínhamos inicialmente de que são traidores e que, portanto, deveriam ser executados.” ?

Anónimo disse...

Pois é, este fulano afirma que a norma era fuzilar os inimigos da Frelimo. Será que o Comandante Filipe Magaia era um inimigo da Frelimo enquanto Director Supremo das Forças da Guerrilha? Como é que ele justifica o assassinato de Filipe Magaia?

Para que todos saibam, aqui vai a justificação:

"Quanto a Filipe Samuel Magaia (1º Comandante de todas as forças da DSD da FRELIMO), foi vítima de uma emboscada por parte das próprias forças, para deixar Josina viúva, para mais tarde desposar Samora Machel e para o mesmo tomar o lugar do mesmo Filipe Magaia. O comandante de todas as forças da FRELIMO, estava por conseguinte em Kongwa e Filipe Samuel Magaia por ocupar uma posição hierarquicamente superior encontrava-se em Dar-es-Saalam, onde encontrava-se sediada a FRELIMO. Apesar deste distanciamento e tempo como militar da FRELIMO nunca vi estes dois elementos juntos, o que antevia uma certa animosidade entre eles, talvez sublimado pelo facto de um ser da Zambézia (Magaia) e outro de Gaza (Samora)."


AT