01 maio 2009

Bazareconomia

Hoje é Dia Internacional do Trabalhador. Achei oportuno pedir-vos que leiam um trabalho do Professor António Francisco com o título "Bazareconomia da protecção social em Moçambique na primeira década do século XXI: Venenos do passado, remédios do presente, futuro enfeitiçado?", apresentado quando da II Conferência do IESE. Eis uma pequena parte do resumo: "Ao nível da protecção social, a maioria da população só tem podido contar com as economias de subsistência e informal legítima. O Estado não consegue proporcionar um sistema mínimo de desemprego, segurança social e outros esquemas básicos de protecção social. Em situações de emergência, o Estado socorre-se da ajuda internacional, a qual proporciona o verdadeiro apoio financeiro e material de protecção social formal, existente actualmente em Moçambique."

4 comentários:

Anónimo disse...

Professor,

fui alertado pelo erro de calcul cometido no ponto 1, gostaria que o professor substituise o texto por este ja corrigido.

em relacao ao bazareconomia, gostaria de clarificar o mecanismo parcial de manutencao dessa mesma bazareconomia, introduzindo o conceito "Poverty Penalty" do Professor C.K.Prahalad.

“poverty penalty is the result of the local monopolies, inadequate access, poor distribution and strong traditional intermediaries.”- Professor C.K.Prahalad in The fortune at the bottom of the pyramid.

O que significa que a “penalidade Pobreza” ‘e resultado de monopolios locais, acesso inadequado, distribuicao pobre, e fortes intermediaries tradicionais.

Assim, trocando isso em moedinhas, diria como exemplo usando Acesso ao Credito e Pirataria :

1- Os pobres sao penalizados porque os bancos Nacionais nao estando a conceder creditos para os pobres, esses sao obrigados a recorrer a agiotas que cobram taxas bastante mais elevadas que os bancos comerciais, sem considerarmos que a taxa de juro em Mocambique ja ‘e elevada. Assim, o pobre ao invez de ter um credito a taxa de 20% no banco commercial, obtem o mesmo credito dos agiotas a 10% mes. O que significa uma taxa de 120%, isso em calculos aritmeticos apenas. Entao verificamos uma diferenca de 6 vezes mais entre o que deveria custar e o que custa efectivamente ao pobre, como consequencia temos um aumento signoficativo e perpetuado de pobreza.

2- Os pobres adquirem um produto “pirateado” ao preco premium dum produto genuine, o que em moedinhas signoficaria por exemplo, que um electrodomestico genuino de alta qualidade custaria 100, o mesmo produto de qualidade fraca custaria 10 e um produto pirateado custaria 1, no caso da pirataria, o produto que custa 1 ‘e vendido a 100, e sua durabilidade ‘e minima. Assim temos um custo adicional para o pobre 100 veses mais caro do que o custo real. Consequencia, a mesma do numero 1.

O problema ‘e esses monopolios serem preservados , e os lucros divididos entre a estrutura de intermidiarios no processo. Essas estruturas intermediarias vao desde os comerciantes desonestos , passando pelas alfandegas , ate aos altos membros do Governo local, que por sua vez instruem os fiscais a simplesmente nao incomodarem os intervinientes do processo a troco de pequenas gratificacoes.

Cumprimentos
Abdul Karim

Carlos Serra disse...

Substituí...

Anónimo disse...

OK. Obrigado.

Anónimo disse...

A dimensão deste artigo é mais profunda do que o próprio título deixa transparecer. Em parte, o conceito novo inventado pelo autor - BAZARCONOMIA - por não ser familiar esconde uma verdadeira bomba analítica. O Professor Serra chamou atenção para o aspecto da protecção social. Mas basta ler o resumo do artigo e fica logo claro que a coisa é muito mais séria do se imagina. O argumento e os factos são aterradores. Parece que estamos num outro mundo, o muito onde vivemos todos os dias mas os políticos, governantes e maioria dos académicos recusam-se a reconhecer existir. Uma bazar económico incrivelmente realisto. Será que quem de direito tem tempo e coragem para pensar e encarar as implicações da tese apresentada por António Francisco? Vamos ver.
Mas o ponto fundamental é muito sério. Moçambique, defende e fundamenta Francisco, é um Estado Falido há mais de vinte anos, mas por enquanto ainda não é um Estado Falhado. Isto é duro! Duro para o Governo e duro para os seus parceiros, que parecem muito enamorados com os seus alegados sucessos. Se tiver coragem de ler até ao fim este artigo, vai ver o que é penetrar nas profundezas do oculto que, afinal de contas, todos vivemos no nosso quotidiano.
Mas esperar que este novo conceito capte atenção - BAZARCONOMIA DE MOÇAMBIQUE!