12 dezembro 2008

Zimbabwe e Mugabe

O arcebispo Sentamu escreve sobre Robert Mugabe e cita as seguintes palavras do falecido Joshua Nkomo, pronunciadas há mais de 20 anos: “Não podemos responsabilizar o colonialismo e o imperialismo por esta tragédia. Lutámos contra estas coisas, e agora nós é que as praticamos. O nosso país não pode progredir nessa rota de medo e de falsas acusações que só têm fundamento simplesmente no amor pelo poder. Há algo radicalmente errado hoje no nosso país, e estamos a caminhar, muito rapidamente, em direcção à auto-destruição. Há confusão e corrupção e, que estejamos claros sobre isto, estamos a testemunhar um novo tipo de racismo, sob o falso pretexto de estarmos a corrigir os desequilíbrios do passado. Nesse processo, estamos a fazer piores coisas. Criamos o medo nas mentes de algumas pessoas no nosso país. Fazemos com que elas se sintam indesejadas, inseguras. Não podemos condenar outras pessoas e depois fazermos coisas que são piores. Não podemos continuar assim”.
Enquanto isso, o editorial do "Savana" desta semana começa assim: "Se quisermos ser sinceros para connosco próprios, se nos respeitamos a nós próprios e a outros seres humanos como nós, então este é o momento de aceitar e reconhecer que Robert Mugabe traiu a causa da luta de libertação do seu próprio país e de toda a África, e que não precisamos mais de continuar a vê-lo como vítima da birra colonial e imperialista do Ocidente."

6 comentários:

Anónimo disse...

Esta postagem sobre as observações de Nkomo, há mais de 20 anos, vem bem a propósito do ponto que defendi sobre o racismo do negro contra o preto, exibido por Mugabe da forma mais perversa que nem Nkomo imaginou. Defendi este argumento em reacção à postagem de Elísio Macamo, “Um problema bicudo” (03.12.2008), no seu Blog “Ideias Críticas” (http://ideiascriticas.blogspot.com/).
O argumento sobre o racismo negro-preto não agradou a Elísio Macamo. Muito menos outros que partilhei, a partir de um draft inacabado intiulado “Mugabe é fixe! O mérito de uma coragem despudorada”. Até este momento a referida postagem recebeu 22 comentários. Talvez não mereça receber mais comentários, pois as balizas estabelecidas pelo blogista reveleram-se menos abertas à crítica do que inicialmente parecia. Continuo a ter esperança que Mugabe se mantenha igual a si mesmo e, enquanto se mantenha no poder, não perca nenhuma oportunidade para forçar os que não têm a sua coragem mostrarem o que realmente pensam e sentem. Recordo aqui o meu comentário final, relativo ao “problema bicudo” de Macamo:
“Estimado José,
Depois desta sua síntese, acrescentar algo mais seria mera ruminação intelectual. Vamos esperar para ver. Qual das duas soluções propostas por Tutu irá contribuir para a libertação do desafortunado Zimbabwe das duas cóleras de que padece presentemente: a cólera do fascismo político e a cólera, doença diarreica aguda, recentemente declarada e fomentada pela primeira.
Cumprimentos
AF
Ontem Mugabe declarou que já não há cólera no Zimbabwe. Ele é mesmo fix! Mas como não disse que a diarreia aguda tenha acabado, em último caso, em vez de cólera, chamemo-lhe apenas diarreia. Essa, sem dúvida, continua, ao nível político e fisiológico. Até quando?
A ver vamos.
AF

Carlos Serra disse...

Será sempre difícil aceitar que existe um racismo sem raça. Mas será sempre fácil e aprazível externalizar as causas do que se passa no Zimbabwe. Ainda há dias o Gustavo Mavie fê-lo com denodo, no "Notícias".

Anónimo disse...

Racismo sem raça?! Pelo menos do ponto de vista etimológico isso não faz nenhum sentido.

Anónimo disse...

é triste e feio quando usamos nomes improprios para agravarmos uma situaçäo. Existem muitos nomes, dependendo da situaçäo, para apelidar a repulsa de um individuo de uma certa raça pelo outro da mesma, mas chamar à isso de racismo nem poetizando fica bem. usem regionalismo, etnocentrismo, etc. que säo também nomes feios tal como o racismo, mas mais aproximados à situaçäo de negro conta negro.
Neste caso, nem sei porque é que li no primeiro comentàri as palavras: negro contra preto. Serà que quando se trata da raça humana, existe alguma diferença entre negro e preto, ou trata-se de uma desculpa para a existência do nome Racismo entre pessoas da mesma raça?

umBhalane disse...

Os Judeus europeus foram vítimas de racismo, tanto por parte dos Alemães, como por parte dos Russos Soviéticos, bem recentemente, e a eram tão ou mais brancos do que os seus algozes.

O racismo é tranversal a todas as raças, todos os continentes, todos os credos,...em maior ou menor grau.

Ignorar isso, é permitir o seu incremento.

O racismo não é propriedade dos brancos, a patente também não.

Portanto...

Anónimo disse...

Se näo estäo afim de investigar, continuem confundindo os termos.
Dos teimosos aprecio distanciar-me.