Mugabe e os limpos

Numa sessão do comité central do partido que dirige no Zimbabwe, Robert Mugabe quis saber se todos no partido estavam limpos, pois - sustentou - o inimigo não parava as investidas, desde Americanos e Ingleses, aos Tswanas regionais, podendo tentar aliciar figuras do topo da ZANU-PF. Mais: revelou que o governo estava a importar grandes quantidades de milho para distribuir pelos mais carentes. Isto, num país que já foi o celeiro dos cereais.

Observação 1: a preocupação de Mugabe com os limpos do partido, por outras palavras, com a fidelidade partidária, deve merecer reflexão. No mínimo, mostra que Mugabe não se sente seguro.

Observação 2: o jornal citado reproduz passagens inteiras na língua usada por Mugabe, o Shona, o que significa que não deve haver falantes de Nbebele no partido. Ou se os há, são esquecidos. Imagino o que sucederia se, por exemplo, o presidente da Frelimo, Armando Guebuza, se dirigisse aos membros do CC do partido em Shangan...

Observação 3: o "Notícias" de hoje (20/12/08) também refere o The Herald e dá conta das seguintes frases de Mugabe: "Podem ameaçar decapitar-me. Eu acredito nisto e ninguém me vai derrubar: o Zimbabwe pertence-me, não pertence aos britânicos". Vamos a ver até onde irão, especialmente entre nós, os esforçados e bondosos defensores do regime.

Observação 4: o mesmo jornal reporta um relatório das Nações Unidas que afirma estar o Congo a servir de corredor de armas para o Zimbabwe.