Numa parte significativa da minha vida o embondeiro e o malembe (seu fruto acredoce) vivem como âncoras irremediáveis, lá, na minha terra natal, Tete. Eis um poema:
I
As folhas que vês deprenderem-se
são lágrimas vertidas pelas árvores
sempre que o vento, em sua inconstância,
lhes é diariamente infiel no imenso gineceu da vida
II
essa a razão por que os embondeiros
se converteram um dia à androginia
em cima folhas solidárias com as colegas
em baixo enormes troncos viris fiéis à savana
III
essa a razão também por que eles
na sua imensa e bendita complexidade
em lugar de chorarem folhas de dor
as guardam no interior como recordação
oferecendo ao calor viúvo da frescura
e aos humanos ressequidos de piedade
o préstimo seguro da água pura e redentora
I
As folhas que vês deprenderem-se
são lágrimas vertidas pelas árvores
sempre que o vento, em sua inconstância,
lhes é diariamente infiel no imenso gineceu da vida
II
essa a razão por que os embondeiros
se converteram um dia à androginia
em cima folhas solidárias com as colegas
em baixo enormes troncos viris fiéis à savana
III
essa a razão também por que eles
na sua imensa e bendita complexidade
em lugar de chorarem folhas de dor
as guardam no interior como recordação
oferecendo ao calor viúvo da frescura
e aos humanos ressequidos de piedade
o préstimo seguro da água pura e redentora
e o carinho acredoce do malembe
Carlos Serra
2 comentários:
As folhas que vês deprenderem-se
são lágrimas vertidas pelas árvores
sempre que o vento, em sua inconstância,
lhes é diariamente infiel no imenso gineceu da vida....
Vontade enorme de lhe roubar estas palavras...mas não o farei...
São suas palavras..são seus pensamentos...
Lindo..belo....
Abraço et une douce nuit~Lisa
Obrigado, Lisa.Pareillement.
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