I
sou josefina mulher-pau-preto
assim sou assim me pau-pretam
bem sabem que estou em todo o lado
aeroportos passeios galerias plásticos
nunca mudo nunca poderei mudar
sou corpo sou capulana sou sida
sou tradição sou mamana do imutável
refrão
assim sou assim me pau-pretam
bem sabem que estou em todo o lado
aeroportos passeios galerias plásticos
nunca mudo nunca poderei mudar
sou corpo sou capulana sou sida
sou tradição sou mamana do imutável
refrão
sou josefina mulher-pau-preto
assim sou assim me pau-pretam
II
sou filha do escopro de um dia qualquer
sou mercadoria fácil de todo o mundo
qualquer moeda me compra logo
patrão bom preço patrão compra barato
filhos produzo áfrica trago no ventre
sou o pilão sem rugas de qualquer foto
estou definitiva na sala de qualquer turista
refrão
sou josefina mulher-pau-preto
assim sou assim me pau-pretam
III
nasço em cada dia numa consultoria
saio relatório de montes de cientistas
nos momentos mais solenes viro tese
e descrevem-me em meus hábitos ancestrais
e decoram-me com regras impolutas
e se de manhã acordo tradicional
é porque de pau-preto é a minha alma
refrão
sou josefina mulher-pau-preto
assim sou assim me pau-pretam
IV
se visto tchuna não sou africana
se canto se pulo se ponho mecha
se saio uma só vez do pau-preto
de falsa vestem-me de europeia podam-me
e se por fim português falo e escrevo
é apenas graças à gentileza deste poema
porque eu josefina apenas sou natureza
refrão
sou josefina mulher-pau-preto
assim sou assim me pau-pretam
Carlos Serra
assim sou assim me pau-pretam
II
sou filha do escopro de um dia qualquer
sou mercadoria fácil de todo o mundo
qualquer moeda me compra logo
patrão bom preço patrão compra barato
filhos produzo áfrica trago no ventre
sou o pilão sem rugas de qualquer foto
estou definitiva na sala de qualquer turista
refrão
sou josefina mulher-pau-preto
assim sou assim me pau-pretam
III
nasço em cada dia numa consultoria
saio relatório de montes de cientistas
nos momentos mais solenes viro tese
e descrevem-me em meus hábitos ancestrais
e decoram-me com regras impolutas
e se de manhã acordo tradicional
é porque de pau-preto é a minha alma
refrão
sou josefina mulher-pau-preto
assim sou assim me pau-pretam
IV
se visto tchuna não sou africana
se canto se pulo se ponho mecha
se saio uma só vez do pau-preto
de falsa vestem-me de europeia podam-me
e se por fim português falo e escrevo
é apenas graças à gentileza deste poema
porque eu josefina apenas sou natureza
refrão
sou josefina mulher-pau-preto
assim sou assim me pau-pretam
Carlos Serra
Nota: obrigado à Yla por me ter ajudado a encontrar no cancioneiro brasileiro a possibilidade de colar ao e de casar com o meu poema algo que vem da múltipla realidade brasileira através da bela voz de Seu Jorge.
5 comentários:
Prof: Carlos a Intimidades já abriu o novo blog...
hehehhe
Melhor já abrimos, já que ela sou eu e eu sou ela...
http://desejos-intimoss.blogspot.com/
Hum...essas intimidades dialécticas...
Não percebo a sua nota, Professor: "... a possibilidade de colar ao e ...". Não está a fazer sentido.
A versão moçambicana de Ana de Amsterdam, de Chico Buarque (http://www.youtube.com/watch?v=sApUBUg4V_w).
Colar ao poema, casar com o poema...E obrigado Jonas.
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