O nosso país tem ainda uma muito pequena experiência de análise dos critérios e dos factores que nos levam a votar por um candidato individualmente considerado ou por um partido. Creio que o primeiro passo sistemático nesse sentido foi dado por mim num livro publicado em 1999.
O geral do que pensamos e escrevemos sobre critérios e factores advém da nossas ideias, das nossas convicções, das nossas esperanças. Ideias, convicções e esperanças que tomamos pela realidade, que julgamos serem de todos ou de uma parte significativa desses todos. Não são poucas as vezes em que defendemos, via acalorados debates, a tese de que o partido X vai vencer as eleições porque está melhor preparado do que o partido Y. Esta tese é, regra geral, baseada não sobre estudos percepcionais ou de outro tipo, mas sobre o registo que efectuamos do que dizem porta-vozes dos partidos ou com base em certos aparentes curto-circutos ocorridos na cúpula deste ou daquele partido. Os meios urbanos e, especialmente, o cosmopolitismo de Maputo, são propícios para conferir a porta-vozes e aparentes curto-circuitos partidários o papel nuclear das vitórias e dos fracassos eleitorais.
Mas o problema central está no conhecimento das lógicas avaliativas dos eleitores. Que lógicas funcionam nas cabeças dos eleitores quando chega a hora do voto? Naturalmente que não é fácil responder a essa pergunta.
2 comentários:
O Prof. deveria ver tambem o documentario por ela realizado por alturas da crise Argentina de 2000. "The Take"!
Que sectores se informalizaram num paiis como Mozambique? Por outras palavras, a populacao das zonas rurais se informalizou? Ou essa populacao vive na informalidade desde haa seculos?
Se a populacao rural, que ee a maioria em Mozambique, vive na informalidade desde haa seculos, porque algumas vezes vota e outras nao? Porque votou a populacao angolana que me parece estar mais informalizada que a mozambicana?
A pesquisa empirica demonstra que haa mais abstancao entre os vendedores do mercado Estrela que as camadas sociais que estao inseridas no mercado formal? Por outras palavras, podemos dizer que os professores universitarios, por exemplo, teem mais tendencia de votar que os mukheristas?
o relativo revivalismo que se verifica nas zonas rurais, onde claramente se verifica uma maior dinamica economica, politica e social vai, necessariamente, se reflectir no voto?
Estas e outras perguntas poderiam ser feitas para melhor se compreender a hipotese do professor Carlos Serra.
Termino com uma ergunta/hipotese: Existe em Africa a cultura de, sistematica e periodicamente escolher lideres? O facto de, por exemplo, em 1994 a populacao mozambicana ter ido aas urnas para escolher os seus "chefes", nao faraa com que se desinteresse de voltar a faze-lo em outros processos subsequentes? Ouvi em Gaza, durante a campanha eleitoral de 1999, varias pessoas perguntarem para que serviam essas eleicoes se eles(o povo) jaa tinham escolhido os seus lideres em 1994.
Creio que as abstencoes devem ser explicadas a partir de varias dimensoes e hipoteses.
Obed L. Khan
Enviar um comentário