Como será o nosso país daqui a 30 anos? Fascinante pergunta, bizarra ideia. Vamos lá ver mais alguns cenários:
10. Por razões várias - sociais sempre, climáticas por decorrência -, a nossa região terá a guerra das águas como uma agenda permanente dos ministérios dos negócios estrangeiros, dos grupos de peritagem e da reciclagem dos exércitos regionais. Sendo Moçambique um país de jusantes de rios e não de montantes, estará em permanente negociação - mas em quezília também - com os vizinhos para que não lhe falte água (ou para que o perverso destino não lha faça chegar, enorme e castigadora em suas descargas), apesar de todo um grande esforço na construção de barragens. Velhas camaradagens de história poderão dar origem a rancores hídricos permanentes, diques nas almas poderão ruir. Em cada gota de água poderá viajar um diferendo, em cada diferendo o eclipse do bom senso.
10. Por razões várias - sociais sempre, climáticas por decorrência -, a nossa região terá a guerra das águas como uma agenda permanente dos ministérios dos negócios estrangeiros, dos grupos de peritagem e da reciclagem dos exércitos regionais. Sendo Moçambique um país de jusantes de rios e não de montantes, estará em permanente negociação - mas em quezília também - com os vizinhos para que não lhe falte água (ou para que o perverso destino não lha faça chegar, enorme e castigadora em suas descargas), apesar de todo um grande esforço na construção de barragens. Velhas camaradagens de história poderão dar origem a rancores hídricos permanentes, diques nas almas poderão ruir. Em cada gota de água poderá viajar um diferendo, em cada diferendo o eclipse do bom senso.
11. Cerca de 40 a 55% da população moçambicana será urbana, colocando enormes problemas de gestão política e municipal, população que deixou os campos à exploração mineira, aos celeiros de cereais para exportação, aos biocombustíveis, às reservas cinegéticas, aos inúmeros e protegidos parques turísticos e às savanas despidas de árvores transformadas em mobília globalizada.
12. Moçambique estará dividido em dois campos de fronteiras bem definidas: o campo dos condomínios urbanos (administração, indústria, comércio e habitação) e rurais (residências de lazer) - protegidos pela segurança privada fortemente armada, pelas vedações electrificadas, por circuitos informáticos complexos - e o campo dos deixados-por-conta, dos salvem-se-como-puderem, em seus inúmeros bairros da lata e do adobe. Em muitos condomínios - onde tudo existirá - far-se-á com naturalidade a vida que se hoje se faz, mas será vida vedada aos outros, vida privativa. Os mais ricos poderão aí entrar e sair de avião ou de helicóptero.
Nota: outros campos temáticos seguir-se-ão nesta série. E, tal como no primeiro número, aqui vos coloco o desafio: podeis criticar e/ou corrigir estes bizantinos cenários, cenários que, claro, nada têm a ver com cenários à George Orwell e Aldous Huxley?
14 comentários:
Futuro estranho?
Alguns comentarios a alguns aspectos dos novos pontos ...
"Sendo Moçambique um país de jusantes de rios e não de montantes, estará em permanente negociação - mas em quezília também - com os vizinhos para que não lhe falte água [...]"
.. E tambem, para que não venha água há mais nas alturas mais chuvosas, pois nessas alturas, quer la o nosso vizinho saber se "vai meter água" ao abrir as comportas! O importante e' não provocar fendas nas suas barragens ...
"Cerca de 40 a 55% da população moçambicana será urbana [...]"
...E por força dos habitos, se calhar isto dê origem a " ruralização do Urbano"... Como serão as zonas urbanas desses tempos?
"Em muitos condomínios - onde tudo existirá - far-se-á com naturalidade a vida que se hoje se faz, mas será vida vedada aos outros, vida privativa. Os mais ricos poderão aí entrar e sair de avião ou de helicóptero."
... E quem sabe por essas alturas, não mandem construir uns canais fluvias, pra la chegarem de uma forma mais fresca e chique :de Iate ou mesmo numa mais tradicional vela! ...Ha que se estar precavido para os dias mais quentes pelas alturas, por culpa dos fumos que outros fazem, mas que em jeito da globalizacao (ou solidariedade) aquecem a malta toda, num global aquecimento ...
V.I
Prof: Porquê se preocupar como será o País daqui a 30 anos?
Pelo que li nos comentários do texto"Moçambique dentro de 30 anos (1)"fiquei espantada.Há bem pouco tempo dizia que o ser humano deixou de me espantar, mas parece que me precipitei..
Com tantos textos mais importantes para debate"Criminalidade (1)" "Maputo: mais um caso de sequestro com resgate " e preocupam-se mais com o que acontecerá daqui a 30 anos..
Quantos de nós ainda estarão vivos?
Qual a importancia disso tudo?
Triste isto tudo que se vai lendo por aqui nos comentários.
Lisa
V.I, a coisa das descargas levou-me a acrescentar uma linha...confira sff. E muito obrigado pelo reparo.
54 COMENTÁRIOS NO PRIMEIRO DEBATE DE "MOÇAMBIQUE DAQUI 30 ANOS" NÃO É DE LAMENTAR? ENQUANTO QUE OS OUTROS TEXTOS MAIS IMPORTANTES , UNS SIMPLES 2 OU MESMO NADA...:-(
lISA
Ó Lisa, que passadista está...Então não sabe que cada um dos nossos corações é um passado avisado e avisador?
Parece que sim prof:Mas não acredito que todos os coraçôes pensam o mesmo.
Falo por mim....
:-(
Lisa
Olhe que o futuro é um presente esquecido do passado.
Quando os pensamentos me impedem de sonhar
Deixo que a vida me desenhe mil vezes...
Quando os sonhos me impedem de viver
Deixo que o pensamento me trace de mil formas...
Quando a vida me impede de pensar
Deixo que os sonhos pintem utopias de mil desejos...
Nas entrelinhas deste círculo de três vértices,
sou esboço de alguém por inventar...
Lisa
Projecçcão para a população parece ter sentido.
Mas temos o direito de nos protegermos ou não temos? Tenho dito.
Professor,
Deixo um comentário irónico: Concordo com a Lisa, na verdade, por que se preocupar com o estado do país daqui a 30 anos? Nao seria muito mais proveitoso e melhor discutirmos a criminalidade, os sequestros, a música jovem (ou músika Klip?), a jatropha, a revolucao verde, enfim, procurarmos nao ser apóstolos da desgraca? Aqui estaria a via para a cidadania...estes seriam debates benéficos...agora, andar a falar do país que ainda nao veio, das discussoes que ainda nao chegaram, dos chineses, dos rurais que virão morar para as cidades, etc... etc., para qué???
Tomás Selemane
Pois é! Mal vão os países quando não pensamos, não conjecturamos, não pomos a nossa massa cinzenta a debater o futuro, ainda que esteja esteja à distância de 30 ou 50 anos!
Depois, bom depois preocupamo-nos com o dia-a-dia, que não soubemos prever.
Nas sociedades,como na saúde há que pensarmos em medidas preventivas. Que bom ver jovens e menos jovens a pensar e questionar o futuro.Este pertence-nos! Aqui e agora!
Força Professor.Continue nesta linha!
Um abraço
"Maputo: mais um caso de sequestro com resgate " e preocupam-se mais com o que acontecerá daqui a 30 anos..
Quantos de nós ainda estarão vivos?
Qual a importancia disso tudo?
Triste isto tudo que se vai lendo por aqui nos comentários.
Lisa
Pois é esse é nosso problema,não pensamos nos outros, não pensamos nos nossos futuros filhos, nos nossos netos, somos egoistas, tudo o que passamos hoje é resultado de vivencias intensas do presente (por parte mais velhos), ninguém idealizou o problema do crescimento urbano depois da Independencia, por isso já não há espeaço para estacionar em Maputo, e mesmo assim a quem no mesmo País luta para ter uma refeição por dia, ninguém projectou uma estrategia de desenvovimento rural de longo prazo desde desde 1977 (III Congresso) 1983(IV Congresso) até o PROAGRI, tudo é feito de forma AD-HOC, por isso acabamos pensando que é normal, temos experiencias de Paises que interromperam competições internacionais para formar uma selecção capaz de dignificar a nação e hoje figuram na lista das grandes selecções de Africa e do Mundo, de certeza naquela altura alguém teria dito que aquilo não era prioridade, mas hoje os resultados são visiveis.
Não estou dizendo que não é pertinente discutir os problemas actuais, mas acho que não devemos sacrificar o futuro só porque não estaremos vivos, acho que essa justificação não é razoavel.
Tudo escrito a correr espero que o essencial se evidencie.
Maxango
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