10 dezembro 2007

Lindas palavras e pouca substância

Europa/África: uma cimeira que terminou com lindas palavras e pouca substância segundo o editorial de hoje do jornal espanhol "El País" (referência enviada por Ricardo de Paris).
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Já agora, leia uma versão portuguesa sobre o auto-elogio. E se se quiser ter em conta a exigência de reparações pelos colonizadores do presidente Khadafi da Líbia, leia em inglês este texto aqui. Em qualquer dos casos, obrigado ao Ricardo de Paris pelas referências.

8 comentários:

Anónimo disse...

Começa a ficar claro que desta reuniao só há dois vencedores claros - aliás três - e nenhum deles é a maioria dos Africanos que trabalha para alimentar um número grande políticos que enriquecem a custa da delapidação dos recursos de seus países e opressão de seus povos.
Os vencedores foram:
- Mugabe
- Portugal
- Alguns ditadores africanos que estiveram presentes em lisboa..

Não ví mais nada.

E estou no grupo daqueles que acompanhou o desenrolar desta cimeira, dum ponto de vista meramente "folclórico...".

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Roma não se fez num só dia! O comentário desse luso-jornalista pouco vale, isto é, inventa temas para dizer coisas à dimensão do seu cérebro. :))

Nelson disse...

"não há cooperação se interesse" Frase predilecta duma vizinha minha. Frase usada para denunciar qualquer generosidade disfarçada. Até que ponto a Europa está realmente interessada no desenvolvimento da África? Até que ponto?
Até que ponto os líderes Africanos estão interessados no desenvolvimentos dos seus países?
Até que ponto Mugabe se importa por Zimbambwe?

Unknown disse...

Na cimeira Europa-África estiveram reunidos, os homens mais ricos dos países mais pobres do mundo, com os homens menos ricos, dos países mais ricos do mundo. Paradoxal pois não? É que tendencialmente, governante dos países mais pobres chega a ser mais rico que um governante do países mais ricos. Ou melhor, “os homens mais ricos foram pedir fundos aos menos ricos”. É que no fim, quem corporiza o Estado, são os seus representantes; estes é que decidem (ver a teoria do conflito de agência Eugénio Chimbutane – Racionalidade Económica). É lógico que há excepções.
É por isso que um dia pensava cá com os meus botões e dizia: a pobreza não é o principal problema de Moçambique (e aqui concordo com o argumento do Elísio Macamo). Não subscrevo os discursos demagógos de combate a pobreza, por ser um pronunciamento vago. Não há muito que discutir nas generalidades, porque estas são amplas e abrangentes; vamos todos concordar. O debate reside nos pormenores;; nas categorias mais abaixo de produção e reprodução da pobreza. não é o quê? ou o porquê, que interessa discutir, mas sim, o como. Porque tenho para mim, que a pobreza é corolário de vários factores. E da alguma forma, a riqueza é um desses factores. Aqui concordo com o AZAGAIA. Tenho para mim, que uma das causas determinante da nossa pobreza é a forma como se acumula a riqueza no nosso país. E aí, questões como administração da justiça, a legalidade são imprescindíveis. Portanto, combate a pobreza através do reforço das garantias da aplicação da legalidade, é para mim, um dos prováveis caminhos a trilhar, e não andarmos por aí, sempre de mão estendida.

JJM

Anónimo disse...

Plenamente de acordo JJM...mas como chegar a esse ponto com os "níveis de penumbra"(bem claros) que se assistem em países como o nosso? Com um PGR indicado a dedo pelo PR? Será?

Nelson disse...

"reforço das garantias da aplicação da legalidade"
Quem aplicará essa legalidade? Especialmente nos casos(como geralmente acontece) em que a legalidade(sua aplicação)colide com interesses de um "punhado de gente" que procura "encher a bolsa"...
O caso Golden Roses bem o ilustrou...

Anónimo disse...

Caro anónimo
Nós não inventámos o sistema político que temos, este já existe outras latitudes. Não pactuo muito com o copy and past, mas quer me parecer que os sistemas políticos estão mais ou menos universalizados. O ponto é, por que em outros países com o mesmo sistema (em que uma das prerrogativas do presidente é nomear o PGR), as coisas funcionam e em Moçambique não? O que está errado? Podíamos ter como a primeira hipótese, a avançada pelo Nelson.

E para o Nelson...
Será que por aquilo que dizes, vamos conseguir capturar a dimensão do fenómeno? Nelson, você acredita que a disfuncionalidade e/ou inoperacionalidade do sistema de justiça deve-se, em parte, da colisão entre os interesses dos aplicadores da lei e o tal “punhado de gente” ? Mas por favor, sem nos esquecermos estamos a tentar correlacionar “pobreza” e “legalidade”. Não nos concentremos somente num dos gomos (legalidade), temos que ir articulando com os outros gomos(outros factores determinantes da pobreza) e igualmente com casca (pobreza). Adaptado das notas de boas vindas do blog de Carlos Serra.

JJM

Nelson disse...

Se " a disfuncionalidade e/ou inoperacionalidade do sistema de justiça deve-se, em parte, da colisão entre os interesses dos aplicadores da lei e o tal “punhado de gente”"
Há dias um jurista me propós um debate em torno da separação dos três poderes(executivo, legislativo e judiciário) em Moçambique... Andamos e desandamos... falamos e calamos...no fim do dia, não existem limites claros. Se existem escritos, não chegaram a ser inculcados no "dentro" dos homens envolvidos com esses poderes.
O executivo nomeia o judiciário e o judiciário se sentem por iniciativa própria limitado a agir quando na sua esfera de acção entra um "executivo"...e por ai achamos outras teias... O caso do juiz de Inhambane(judiciário) e a intervenção da Ministra da função pública(executivo) foi um dos exemplos que nos deu muita lenha.
É claro que nem todos os casos de disfuncionalidade e/ou inoperacionalidade do sistema de justiça deve-se às tais colisões, mas os mais gritantes parece-me sim. no tocante a relação pobreza/legalidade olho para a legalidade num perímetro bem maior(todos outros gomos) que o sistema de justiça.
A terminar, porque é que sistemas que funcionam noutros cantos do mundo parecem não funcionar aqui? Não posso/devo responder com certeza...mas penso que o mérito não está/nunca deve estar no sistema mas sim nos aplicadores do sistema...