29 outubro 2006

Pineu! Deita pineu! (5)


3. Morfologia dos bairros

Os bairros são formados por um imenso casario de blocos, aqui e acolá por choupanas de caniço. Estreitas ruelas atravessam as casas muito juntas umas às outras. Estas têm regra geral iluminação, os moradores tudo fizeram e fazem para que um ramal de energia lhes chegasse e lhes chegue a casa. Porém, à noite não existe iluminação externa. Os bairros ficam mergulhados na escuridão. A electricidade está distante, nas estradas de grande circulação, como, por exemplo, a estrada nacional n.º 1, a Avª Vladimir Lenine, a Avª de Moçambique, lá onde passam à noite os polícias.
As barracas preenchem o quotidiano das pessoas. À noite as aparelhagens fazem-se ouvir até muito tarde.
Nesses bairros existem regra geral postos policiais (mas o da Zona Verde, por exemplo, não tem) , mas poucos são os que têm polícia comunitária. Contudo, segundo os nossos depoentes os postos policiais são insuficientes e de poucos meios logísticos dispõem. Não têm, por exemplo, viaturas.


4. Características sociais

Nos bairros moram milhares de pessoas, que foram afluindo desde a guerra civil e procedendo a uma ocupação regra geral desordenada.
Os agregados familiares são enormes, existindo famílias com mais de nove membros ocupando uma mesma casa. Um dos nossos entrevistados falou mesmo em famílias com 15 membros.
Parte significativa dos moradores está desempregada ou vive de biscatos, como, por exemplo, do comércio informal. Além dos vendedores informais, morram nos bairros professores, operários, encarregados de limpeza, modestos trabalhadores dos serviços do Estado, etc.
O chapa é o meio de transporte, apanhado regra geral nas vias de grande circulação.
Os bairros populares da cintura de Maputo são procurados pelos pastores de igrejas diversas, regra geral protestantes. Por todo o lado, quase, há pequenas igrejas. Um dos nossos depoentes disse: "Igrejas aqui é mato!" (bairro Polana Caniço A). As igrejas zione, por exemplo, estão povoadas por mulheres - "as que mais problemas sociais têm", disse uma moradora do bairro Ferroviário das Mahotas. Os curandeiros perderam terreno face a essas igrejas, que surgem como cogumelos face à necessidade local de sentido para a vida.
À noite, as barracas enchem-se, bebe-se e, muitas vezes, fuma-se suruma; à noite, também, regressam a casa trabalhadores e estudantes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sao trabalhos como este que todos precisamos, simples e claros. Parabens professor