De onde bem a auréola do homem/da mulher importante? Vem dele (a) mesmo? Não, vem de nós, vem da nossa permanente sede de termos um deus homologador de um cada um dos nossos actos. Nós queremos do mais fundo de nós que o homem importante/a mulher importante guarde permanentemente aquela imagem do poder, do segredo, da distância que nos afasta e nos aproxima ao mesmo tempo. Dentro de nós há sempre um pedestal reverente, uma estrada para o divino e para a genuflexão. Claro, o homem importante/a mulher importante tenta impôr o poder, o segredo, a distância. Mas somos nós quem, em última análise, o/a dotamos com esses atributos e os reproduzimos. Ao amarmos a nossa pequenez damo-nos o supremo deleite de transferir para os deuses profanos a autoria da nossa felicidade em segunda mão.
Apenas há uma ovelha ranhosa nessa história, para dizer as coisas como Georg Simmel: o criado de quarto/a criada de quarto. Este/esta não tem heróis, conhece bem as comezinhas coisas humanas dos homens importantes/das mulheres importantes. Especialmente o cheiro da sua estupidez e da sua mediocridade.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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2 comentários:
"não fui eu, mas meu 'eu' lírico". Bom resumo?
Não, mau resumo...
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