04 fevereiro 2011

O fim dos silêncios, dos segredos e das distâncias (3)

O chefe deve regulamentar as conversas da aldeia (provérbio congolês)
Coisas novas têm acontecido muito rapidamente. Tal como Lucky Luke dispara mais rápido do que a sua própria sombra, essas coisas novas surgem mais rapidamente do que o próprio novo.
Isso, a propósito de dois fenómenos: o WikiLeaks e os sismos sociais no Norte de África e no Médio Oriente, um e outro amplamente descritos e analisados neste diário.
Prosseguindo a série e tendo em conta o roteiro proposto no número inaugural, vou escrever agora um pouco sobre o segredo. 
Tal como o silêncio, o segredo tem leis. Essas leis, em sua enorme e hierarquizada malha de segurança,  são produzidas e asseguradas pelos gestores  e auxiliares do poder político, desde o chefe dito tradicional ao moderno chefe de Estado, com legiões de funcionários. Há coisas que o povo não deve saber sobre o funcionamento da colmeia da vida, coisas cuja gestão e preservação estão bem acima dele - ainda que afirmadas em nome dele -, com os gestores e auxiliares, regulamentadas por regras e por leis minuciosas. Uma parte significativa dos comportamentos sociais é regulada pelo silêncio e pelo segredo, por interditos de natureza vária. Tal como no caso da água ou da electricidade, também no caso do segredo existem direitos de uso estritamente controlados. Transgredi-los é assumir um comportamento criminalizável.
Crédito da imagem aqui.
(continua)

1 comentário:

Xiluva disse...

Por isso o Assange é homem para abater revelando segredos...