O blogue "Diário de um sociólogo" foi seleccionado em 2007 e 2008 pelo júri do The Bobs da Deutsche Welle - concurso internacional de weblogs, podcasts e videoblogs - como um dos dez melhores weblogs em português entre 559 concorrentes (2007) e um dos onze melhores entre 400 concorrentes (2008). Entrevista sobre o concurso de 2008 no UOL, AQUI.
31 janeiro 2010
Prismas

A nomeação de Verónica Macamo para presidente da Assembleia da República sob a bandeira da Frelimo fortalece o poder da elite do Sul sobre as instituições do país - é o que diz a mais recente notícia sobre o nosso país na imagem em epígrafe, extraída do Africa Intelligence, aqui.
Pergunta: o que têm os leitores a dizer deste prisma político-regional?
Feiticismo

Sobre rastilhos xenófobos (4)
Mais um pouco da série.
Que meio social é descrito pelo jornalista? O seguinte: um local, o Xiquelene, periferia da cidade de Maputo, ocupado por cerca de 150 vendedores informais moçambicanos que, todos os dias, têm de fazer face à vida em todas as suas dificuldades, aí compreendidos os colectores de impostos e os polícias. Em meio à labuta diária, surgiram os polícias para os desalojar por forma a que fosse instalado um contentor-loja pertencente a um cidadão nigeriano, destinado ao comércio de produtos alimentares.
Imediatamente, a polícia foi encarada como estando ao serviço do (s) estrangeiro (s). Então os vendedores atacaram os polícias? Não. Narra o jornalista Sérgio Macuácua: "E como forma de retaliação, os vendedores moçambicanos assaltaram as cantinas dos estrangeiros que abundam nas áreas circundantes daquela praça."
Enquanto não prossigo, sugiro a leitura das minhas séries com os títulos O papão "nigeriano" que deixa vermes nas mulheres em Maputo, Eles e nós: representações sociais num bairro de Maputo e Notas sobre xenofobia, respectivamente aqui, aqui e aqui.
Nota: clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.
(continua)
30 janeiro 2010
Raça, racismo, identidade e etnia

Leite para o HCB

Criminalização da pobreza

Sobre rastilhos xenófobos (3)
Mais um pouco desta série.
O texto constante da imagem em epígrafe mostra, ainda que incompleto, a complexidade de um fenómeno que pode, muito rapidamente, gerar um sismo xenófobo caso não saibamos lidar com ele, que pode passar da xenofobia passiva para a activa, que pode levar à projecção no estrangeiro da responsabilidade total pelas dificuldades de vida enfrentadas pelos locais.
Em vários trabalhos procurei, já, neste diário, mostrar a forma como produzimos negativamente o Outro, por que e como o diabolizamos, o primeiro dos quais postado em 2008 com o título Os efeitos da borboleta social na África Austral (aqui). Recordo, ainda, as minhas séries com os títulos O papão "nigeriano" que deixa vermes nas mulheres em Maputo, Eles e nós: representações sociais num bairro de Maputo e Notas sobre xenofobia, respectivamente aqui, aqui e aqui.
O texto constante da imagem em epígrafe mostra, ainda que incompleto, a complexidade de um fenómeno que pode, muito rapidamente, gerar um sismo xenófobo caso não saibamos lidar com ele, que pode passar da xenofobia passiva para a activa, que pode levar à projecção no estrangeiro da responsabilidade total pelas dificuldades de vida enfrentadas pelos locais.
Em vários trabalhos procurei, já, neste diário, mostrar a forma como produzimos negativamente o Outro, por que e como o diabolizamos, o primeiro dos quais postado em 2008 com o título Os efeitos da borboleta social na África Austral (aqui). Recordo, ainda, as minhas séries com os títulos O papão "nigeriano" que deixa vermes nas mulheres em Maputo, Eles e nós: representações sociais num bairro de Maputo e Notas sobre xenofobia, respectivamente aqui, aqui e aqui.
Sugestão: clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.
(continua)
Chuva torrencial em Quelimane

Choveu torrencialmente ontem à tarde em Quelimane e os populosos bairros da periferia (na maior parte habitados por gente humilde) ficaram alagados. Foto do Felizardo Fijamo mostrando uma parte do centro da cidade, gentilmente enviada via email.
"Tudo e nada: a aposta do capital em Moçambique"


Pergunta: o que os leitores têm a comentar sobre o texto?
29 janeiro 2010
Sintam
algemei as sombras
para que o sol se pudesse vestir
semeei os instantes no futuro
para que o tempo pudesse nascer
colei o rio no horizonte
para que as margens pudessem repousar
inventei o Índico
para que as acácias pudessem florir
fiz-me habitar este poema
para que soubesses que existo
(Carlos Serra)
Zardari, o precavido
De acordo com a Dawn.com do Paquistão, uma cabra negra é diariamente sacrificada para proteger o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, do mau olhado e da magia negra. O jornal assevera que centenas de animais já foram sacrificadas desde que Zardari se tornou presidente em 2008. Acresce que uma camela, uma vaca e algumas cabras vivem na área presidencial fornecendo leite a Zardari. A conferir aqui. Se quer ler em protuguês, use este tradutor aqui. Obrigado ao Ricardo, meu dedicado correspondente em Paris, que me chamou atenção para o acontecimento.
Azagaia criou blogue

Sobre rastilhos xenófobos (2)
Vamos lá a mais um pouco desta série, com um tema muito delicado.
O que procura mostrar a reportagem do jornal? Procura mostrar que a polícia é desordeira e que está ao serviço de uma ordem injusta que serve um estrangeiro - um Nigeriano - em prejuízo dos Moçambicanos que são vendedores informais (são 150, escreve o jornalista no fim do trabalho).
A raíz do problema é suposto estar no Outro, no estrangeiro do contentor-loja, no estrangeiro em si.
Mas o problema é bem mais complexo.
Enquanto não prossigo, sugiro ao leitor que leia as minhas séries com os títulos O papão "nigeriano" que deixa vermes nas mulheres em Maputo, Eles e nós: representações sociais num bairro de Maputo e Notas sobre xenofobia, respectivamente aqui, aqui e aqui. Finalmente: clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem em epígrafe para a ampliar.
(continua)
Pelos corredores do poder (10)

Tenho escrito muito neste diário - e em alguns dos meus livros - sobre poder, poder político, relações de poder e recursos de poder. Aqui e a terminar, apenas dizer o seguinte:
Quem detém o poder político tudo fará para travar o acesso dos adversários, não importa por que meio, a que nível e onde, tudo fará para convencer sobre a naturalidade do usufruto desse poder, para tornar universais os interesses particulares, evacuando a história da história, procurando anestesiar as mentes, protegendo duramente o seu território de recursos de poder. O almoço proposto por Guebuza não foi uma vírgula nesse interim, foi, apenas, mais um momento político total.
Nesta etapa histórica, o partido no poder não precisa de fazer alianças, absolutamente não precisa dos outros partidos para sobreviver. São estes, muitos deles (designadamente os pequenos cavalos de tróia e os gelatinosos-hibernadores), que dele precisam para sobreviver, que dele precisam para fundos eleitorais, que dele precisam para alianças.
Portanto, aos reais partidos da oposição só resta a luta.
Como escreveu alguém, em comentário num dos números desta série, poder político não se dá, não se oferece, conquista-se. Os meios de luta são diversos, apreciamos uns, desdenhamos outros, consoante a nossa posição e o nosso prisma.
Afinal, quer Simango quer Dhlakama lutaram politicamente à sua maneira, o primeiro indo ao almoço, o segundo recusando-o. Podemos e devemos avaliar normativamente os meios de luta, mas isso não os abole. E, a este propósito, talvez valha a pena recordar o velho Maquiavel, na sua parábola da raposa e do leão, aqui.
(fim)
A "hora do fecho" no "Savana"

* Se uns chegaram aos lugares de topo, outros estão meio amuados com a falta de gás e oportunidade que não tiveram. Fala-se de um mediático deputado jovem que espreitava a juventude e desportos, posto também cobiçado pelo deputado das mãos invisíveis. Um ex-pp de livro publicado recentemente continua sem tacho com visibilidade e um homem cheio de vento e ambição parou numa comissão parlamentar. É a vida ...
28 janeiro 2010
Economia política da água

Roubo do desenvolvimento

Adenda: recorde diversas postagens minhas sobre o roubo de desenvolvimento, aqui.
Sobre rastilhos xenófobos (1)
Na imagem, o recorte de parte de uma reportagem escrita pelo jornalista Sérgio Macuácua do jornal "Público", ocupando as páginas 16-17. Na sequência desta série, retomarei algumas questões que já foram por mim abordadas nas séries com os títulos Eles e nós: representações sociais num bairro de Maputo e Notas sobre xenofobia, respectivamente aqui e aqui. Clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.
Adenda: farei sair este ano um livro sobre o tema.
(continua)
Brevemente aqui a grande manchete do "Savana"
Logo quer puder, aqui disponibilizo a grande manchete do semanário "Savana" na edição com data de 29 de Janeiro de 2010. Na página 1 está o trabalho "Equipa de Guebuza custa 300 milhões de meticais" e, na página 2, a primeira parte do trabalho "Os interesses empresariais dos 'novos' ministros" (começando por Aires Ali, Vitória Diogo e os irmãos Sumbana).
Adenda às 21:24: o texto será colocado neste diário às 00:02.
Dois linchados este mês
Recomeçaram (se o termo for correcto) os linchamentos péri-urbanos. Assim, sob acusação de roubo, um jovem foi há dias linchado no Bairro da Munhava, periferia da cidade da Beira; um segundo e pela mesma razão, foi-o na madrugada de ontem no Bairro 7 de Setembro, periferia da cidade de Chimoio. Abaixo, livros cuja leitura sugiro:

Clique com o lado esquerdo do rato sobre as imagens para as ampliar.
"Curiosidades"

Dois missionários brasileiros fizeram uma visita a Moçambique em 2007 e, depois, produziram um relatório cuja parte final é a que consta da imagem em epígrafe (clique com o lado esquerdo do rato sobre ela para a ampliar). Confira também fotos aqui e um vídeo aqui.
Adenda: se escrevermos algo como "missionarios em mocambique" na google, iremos encontrar para cima de 60 mil entradas, muitas das quais contêem relatórios do género exposto. Um prazer antropológico e, certamente, muito campo para debate.
65 anos da libertação de Auschwitz
A 27 de Janeiro de 1945 (aniversário ontem), foi libertado o maior campo nazista de extermínio: Auschwitz-Birkenau, mais de um milhão de pessoas assassinadas entre 1940 e 1945, na sua maioria judeus. Confira aqui.
Pelos corredores do poder (9)

Então as hipóteses que avancei em números anteriores da série não têm qualquer validade?
Bem, talvez uma delas possa concretizar-se: a da formação da bancada parlamentar do MDM. Houve muitos problemas na gestão das eleições de 28 de Outubro do ano passado, muitas críticas nacionais e internacionais. Ora, pode acontecer que, na sequência do almoço com Guebuza, a Frelimo condescenda na formação dessa bancada, procurando anestesiar um pouco os efeitos das críticas.
(continua)
SOS Mangal da Costa do Sol

27 janeiro 2010
Baixa de Maputo hoje


Estado em que ficou a baixa (e nomeadamente a Avenida 25 de Setembro) da cidade de Maputo hoje após chuva torrencial. Fotos enviadas por SM (que disse tê-las recebido de pessoa amiga), a quem agradeço.
Adenda às 19:02: segundo a Rádio Moçambique, as consequências da chuva foram graves na zona suburbana.
393 mil hectares

O "Canal de Moçambique" tem a notícia em epígrafe na sua edição online de hoje, aqui. Sem dúvida que são muitos hectares para plantar eucaliptos.
Afrobrasnews

Surgiu um portal no Brasil, com o título em epígrafe, produzido por uma ONG que pretende "repassar o que acontece com o negro ao redor do mundo". Aqui. Obrigado ao Ricardo de Paris (mas há o Ricardo de Moçambique, igualmente leitor e assíduo comentador deste diário) pelo envio da referência.
Haiti: párem de culpar as vítimas

Soberania, nacionalismo e migração

Pelos corredores do poder (8)

Vamos lá a mais um pouco da série, prestes a terminar.
Permitam-me recordar-vos a pergunta que ficou no último número, a saber: terminado o almoço, o que irá acontecer?
Permitam-me recordar-vos a pergunta que ficou no último número, a saber: terminado o almoço, o que irá acontecer?
O que irá acontecer tem a simplicidade das coisas evidentes: agora em maioria absoluta na Assembleia da República, a Frelimo manterá e procurará ampliar o seu poder constitucional, político, económico e securitário, não fazendo qualquer tipo de concessão à Renamo e ao MDM (quero crer que este último não conseguirá, sequer, formar bancada na Assembleia da República). Enquanto espera que esses partidos (e seus eventuais aliados) se degladiem e se desgastem em permanência (tem-nos na conta de formados pela mesma substância a partir da Renamo), procurará ampliar a rede e a satisfação dos interesses da sua elite distribuindo recursos de poder (recorde o que para mim isso é, aqui). Em relação aos adversários, o seu jogo é, sempre, o da soma-zero.
Então, isso quer dizer que as hipóteses que avancei nos números anteriores não têm qualquer validade? Que não haverá pós-almoço político?
(continua)
Adenda: a qualquer momento posso introduzir correcções, o que, a suceder, serão assinalados a vermelho.
Adenda às 10:42: o jornalista Vasco Fenita tem um artigo de opinião no "Wamphula Fax" de hoje intitulado "Urge contornar o regimento para acomodar os deputados do MDM". Aqui.
Três dias

26 janeiro 2010
Moçambicanos, os humildes
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Um jornal online espanhol traçou um retrato da nossa humildade quando do CAN2010. Por exemplo: a nossa selecção alojada no Tropical, tido como modesto hotel do Lobito (referência que me foi enviada via email pelo leitor SM, o que agradeço). Se quer ler em português, use este tradutor aqui. E, já agora, recorde Guilherme Mussane aqui.
Adenda: internamente, há quem ame construir ditirambos sobre o nosso suposto pacifismo, especialmente em épocas políticas.
Constituição angolana poderá angolanizar-nos?

Pergunta aos leitores: acham que em Moçambique poderemos seguir a mesma via, a via angolana?
Adenda às 17:47: o leitor TS sugeriu, em comentário, que lêssemos O Príncipe Perfeito de José Eduardo Agualusa, aqui.
"Militares querem Mugabe até 2020"

Militares querem Mugabe até 2020 - a conferir no TheZimbabwean, aqui. O presidente do Zimbabwe fará 86 anos em Fevereiro (recorde o seu aniversário o ano passado, aqui e aqui) e 30 anos de poder em Março. Em 2020, caso esteja ainda vivo, completará 96 anos. Se quer ler em português, use este tradutor, aqui. Se quer ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.