23 janeiro 2010

Pelos corredores do poder (1)

"Quando um governante decide oferecer um jantar/almoço a convidados por causa de uma situação política ou para festejar vitórias partidárias ou datas comemorativas, esse banquete deve ser percebido para além de um simplório (ou informal) encontro, como discurso do poder pretende que ele pareça, mas como parte essencial na negociação política."
A sete colunas bem destacadas em primeira página, emoldurando uma enorme foto a quatro colunas (na qual, estando Guebuza e Deviz acompanhados das respectivas esposas, se vêem muitos jornalistas fotografando e filmando), o "Notícias" de hoje exibe um trabalho com o título "Diálogo aberto", o título "PR almoça com Daviz na Ponta Vermelha" e subtítulo "Dhlakama, convidado, não compareceu".
O texto é do género edificante, cheio de palavras cortezes e intimistas, com Guebuza dizendo que todos devem trabalhar para o desenvolvimento do país e com Deviz dizendo que o seu partido trabalhará com as instituições democráticas e para o bom nome de Moçambique.
O presidente da Renamo ocupa apenas quatro linhas do segundo parágrafo, nas quais se diz que ele não compareceu por "razões desconhecidas" (a versão online está aqui; e recorde aqui e aqui).
Tenho para mim que estamos perante um exemplar instrumento de trabalho merecedor de uma boa degustação semiológica. Nos números seguintes apresentarei algumas ideias nesse sentido.
(continua)
Adenda às 9:13: um jornalista informou-me que hoje Guebuza almoça com editores de órgãos de informação.

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