30 janeiro 2010

Criminalização da pobreza

Acho que o tema em epígrafe merece reflexão e por isso aqui vos deixo o seguinte: uma entrevista datada de 1999 com Loïc Wacquant (biografia aqui), um texto de Renato Biar de 2007 e, finalmente, um texto de Najla Passos datado de 2008.

2 comentários:

ricardo disse...

A essencia do Capital (Marx explica)...


Excelentes textos que nos levam ao amago da existencia e sobrevivencia das sociedades contemporaneas, farejando tambem futuras bombas H sociais. Conduzindo-nos a frustrante conclusao que todos sistemas politicos ate hoje criados pelo Homem sao visceralmente iguais, diferindo apenas no estilo de actuacao.

Saber que a maior parte dos casos de delinquencia dos pobres nos EUA nao sao julgados, soa-nos a algo muitissimo familiar. Mais estarrecedora se torna essa constatacao quando se sabe que por exemplo, amcriacao da Comissao de Arbitragem em Mocambique, foi uma "sugestao americana", justamente para conseguir resolver um problema que entre nos, e domesticamente conhecido como "inoperancia da Justica Mocambicana", embora para eles seja um assunto insoluvel.

Bem dizia o ditado "faz o que digo e nao o que faco".

Se recordarmos ainda o que Belluce Belluci disse a respeito da "aposta do capital em Mocambique", entao o nosso destino estara muito provavelmente ja tracado na escala planetaria.

Mas pensemos mais um pouco: http://www.endireitar.org/site/artigos/economia/56-socialismo-vs-economia-de-mercado

ricardo disse...

classe média

Sou classe média.
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal

Sou classe média,
compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos" e
vou de carro que comprei a prestação

Só pago impostos,
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um
Pacote CVC tri-anual

Mas eu "tô nem aí"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Mas fico indignado com o Estado
Quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado
Que me estende a mão

O pára-brisa ensaboado
É camelô, biju com bala
E as peripécias do artista
Malabarista do farol

Mas se o assalto é em "Moema"
O assassinato é no "Jardins"
E a filha do executivo
É estuprada até o fim

Aí a mídia manifesta
A sua opinião regressa
De implantar pena de morte
Ou reduzir a idade penal

E eu que sou bem informado
Concordo e faço passeata
Enquanto aumento a audiência
E a tiragem do jornal

Porque eu não "tô nem aí"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Toda tragédia só me importa
Quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar
Quem já cumpre pena de vida

Do e para o Brasil (pois claro) em particular, mas, para o ocidente em geral.

Qualquer dia, em Portugal, será uma letra que não fará sentido: a dita classe desaparece.

In a "Classe Média" de Max Gonzaga.