11 outubro 2007

Eleições avariadas

O recenseamento continua desrecenseando-se, avariando-se. Agora avariaram 11 computadores em quatro distritos de Manica. Sem dúvida de que maus espíritos de Bill Gates incomodam a savana. Mas não há crise, como diz o povo: a Comissão Nacional de Eleições aprovou 804 mandatos provisórios quando ainda não sabemos quantos somos e, se o formos, se seremos direitos ou avariados. A propósito disto e de outras coisas, o Lázaro Mabunda cunhou uma bela expressão: missionário sentido de improvisação.
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Adenda: o director do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), António Carrasco, afirmou à Rádio Moçambique que o recenseamento ganhou um "novo ímpeto" com a chegada ao país de um lote de material informático. Estão ainda em falta 32 computadores - disse - nos distritos mais recôndidos. Entretanto, em 17 dias de recenseamento, foram recenseados, apenas, 525 mil pessoas, 5% do universo eleitoral. O director falou em "algumas dificuldades" no processo (noticiário das 19.30). O problema é que as dificuldades não são algumas, mas muitas. E ninguém tem coragem, seja ao nível do STAE, seja ao nível da Comissão Nacional de Eleições, de explicar por que razão, ao fim de 13 anos de experiência eleitoral, não se atempou a chegada do material informático, por que razão todo este processo foi levado a cabo com a mentalidade de chapa 100. Prevejo um elevada abstenção. Mas sobre isso falarei mais tarde.

4 comentários:

Ivone Soares disse...

Ilustre!
Isto mostra que a Frelimo realmente nunca quis estas eleições.
Aquela de não estar plasmado no OGE não foi a toa. Oxalá haja coragem de declará-lo publicamente.
Ivone

Carlos Serra disse...

Este recenseamento de raiz é destinado às eleições que se sucederão: eleições provinciais, autárquicas, legislativas e presidenciais. Por isso terei de perceber melhor qual a razão ou quais as razões desta desorganização. Tenho em mente a experiência gestora de Carrasco.

Reflectindo disse...

E por causa disso há que pensar nas consequências.

O que acontecerá quando (algum partido) provar que este recenseamento não serviu para para as eleicöes provinciaias, pelo que não pode servir para as autárquicas e gerais/presidenciais? E quando um outro partindo descobrir que este lhe serve e lhe servirá para as as duas eleicões a seguir?

Carlos Serra disse...

Creio que coloca questões interessantes para análise.