02 abril 2013

A mentalidade, não a situação

"Em suma, se tratará de transformar a mentalidade dos oprimidos, e não a situação que os oprime. Assim procede cinicamente, nos Estados Unidos, o Big Business. Serve-se das Public Relations para propagar entre os explorados os slogans que interessam aos exploradores. Criou a técnica da Human Engineering, que serve para dissimular a realidade material da condição operária por meio de mistificações morais e afetivas. Através de uma educação apropriada, de métodos de mando cuidadosamente estudados, esforça-se por convencer o proletário de que ele não é um proletário, mas um cidadão americano. E se ele recusa deixar-se manobrar, é considerado como um anormal, e inventou-se para ele uma terapêutica de "desrecalque"." (Beauvoir, Simone de, O pensamento da direita, hoje [1955].  Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra S.A., 1972, p. 20, itálicos na obra.)

2 comentários:

nachingweya disse...

Cá entre nós e não tão cuidadosamente estudada, está em voga a instrumentalização dos excluidos do banquete dos recursos através de um discurso oco de inclusão e a institucionalização dos reassentamentos. O que é que afinal são as Catemes? Reserva de indígenas. Tal como lá se constituiram as reservas de índios com o pretexto de preservação de hábitos e costumes de uma raça em extinção.
Para os desterrados o discurso é que nas reservas encontrarão melhores condições de vida... mesmo sem a terra, seu meio único de produção. Já confinados começa o processo de intoxicação alcoólica para que o indígena prove por si próprio a sua incapacidade de progredir. E assim sucumbe um povo, e assim se conquistou o Oeste.
'O meu futuro foi bom'[Jean Paul Sartre??]

Salvador Langa disse...

Alto texto, parabenizo.