01 fevereiro 2011

Egipto: exército do lado dos manifestantes

Segundo últimosegundo, no Egipto o exército não abrirá fogo sobre os manifestantes e o governo propôs diálogo com todas as forças políticas. Entretanto, de acordo com o UOL, Google e Twitter aliaram-se para  permitir a saída de mensagens a partir do país. Aqui. E vamos a ver como hoje vão correr as coisas, anunciado dia de greve geral.
Comentário: em política só se negoceia quando, por exemplo, se está ou se ficou fragilizado. No sétimo dia dos protestos, a elite de Hosni Mubarak - um dos fiéis aliados dos Estados Unidos na região - não mais poderá governar o Egipto tal como antes o fazia. E creio que outros desenvolvimentos políticos mais fortes irão seguir-se. Se for tenaz e manipulatória a resistência das elites dirigentes (Tunísia e Egipto) e se o cansaço e a privação (rareiam os bens de primeira necessidade) se tornarem insuportáveis a nível popular, pode haver a possibilidade de determinadas forças políticas acenarem com embriões de teocracias islâmicas com apoio iraniano, substituindo o tradicional cesarismo de rosto laico. Mas duvido que semelhante aceno possa ter êxito, após este enorme movimento libertário.
Adenda às 7:39: Tunísia, Egipto: uma revolução piramidal - texto em francês de Didier Pobel, aqui. Para traduzir, aqui.
Adenda 2 às 8:53: a  enciclopédia Wikipédia já tem uma bem organizada secção intitulada Protestos no Egito em 2011. Aqui.
Adenda 3 às 8:57: "O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira (31), deixando o país sem acesso à rede, indicou a empresa americana de monitoramento Renesys." Mais: Enquanto as principais redes de televisão árabes, como a Al-Jazeera e a Al-Arabiya, mantêm uma cobertura ampla dos protestos e da crise política no Egito, as emissoras estatais egípcias praticamente ignoram a onda de manifestações contra o governo.
Adenda 4 às 11:31: dossier Egipto, aqui.

3 comentários:

ricardo disse...

A evolucao dos acontecimentos segue conforme o previsto, agora, com a questao do canal de Suez novamente na ribalta. No final do dia, o exercito renovara os votos com o seu povo. E Mubarak (que tambem vem do exercito) podera sair discretamente de cena. E isso, passa por se saber o que ira acontecer hoje no Cairo, onde tambem foram registadas algumas contra-manifestacoes insignificantes a favor do regime. Por isso, ainda e prematuro afirmar-se que o regime esta derrotado. Mubarak provavelmente. Mas nao necessariamente a sua entourage que imana do proprio exercito.

Os receios de Israel nao sao infundados. Mais do que o Irao, eles temem o Egipto, o unico pais do Medio Oriente capaz de os derrotar militarmente. A teocracia islamica sunita, apesar de ter tido sua origem no Egipto, nao e, como soi dizer-se o modo de vida Egipcio. Uma coisa e seguir os preceitos do Corao, outra coisa e instituir um regime Coranico como o dos ayatollahs ou talibans.

Lembremo-nos que a secessao do Sudao comecou com a Sharia de Gaffar Nyemeri...

Abdul Karim disse...

Eu pessoamente nao acredito que no Egipto va haver um "regime Coranico" ou ayatollah,

Acredito que ainda que 90% da populacao seja muculmana, o Egipto vai ser um pais democratico,

Nao acredito que os Egipcios que lutam pela democracia fossem aceitar um "fundamentalismo Islamico" no poder.

'E impensavel uma situacao como do Irao, porque o proprio Povo Egipcio quer Liberdade, quer Democracia.

Nao estou a dizer que o Israel nao deve ter receio, mas provavelmente uma melhor forma de acabar com receio, seria se tornar amigo dos Muculmanos, ajudando o Povo Egipcio nesta sua luta democratica, resolvendo o conflito Palestino e acabando os massacres na Palestina.

Ai teriamos todos amigos- amigos, bem com todos, e viva a democracia.

ricardo disse...

Meu caro, o Irao, no tempo do Xa, era o mais ocidentalizado dos paises muculmanos...

Mudou em 40 dias.