Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
31 janeiro 2010
Prismas

Feiticismo
Quando, enquanto grupo em concorrência com outro ou com outros grupos, disputamos coisas vitais, coisas, por exemplo, como recursos de poder, teremos a tendência para sobrevalorizar entidades como a nossa raça, a nossa etnia, a nossa história, etc. Essas entidades surgem como autónomas, como substâncias possuindo vida independente das relações sociais e dos recursos de poder em disputa. Os grupos, esses surgem como meros depositários das substâncias, substâncias regra geral biologizadas: "cultura branca", "cultura negra", "identidade branca", "identidade negra".Sobre rastilhos xenófobos (4)
30 janeiro 2010
Raça, racismo, identidade e etnia
Do Prof. Kabengele Munanga: "Embora a raça não exista biologicamente, isto é insuficiente para fazer desaparecer as categorias mentais que a sustentam. O difícil é aniquilar as raças fictícias que rondam em nossas representações e imaginários coletivos. Enquanto o racismo clássico se alimenta na noção de raça, o racismo novo se alimenta na noção de etnia definida como um grupo cultural, categoria que constituí um lexical mais aceitável que a raça (falar politicamente correto)."Leite para o HCB
Uma empresa moçambicana - Gringo, através do Projecto Vida Moçambique - vai fornecer leite para as crianças internadas no Hospital Central da Beira a partir de 1 de Fevereiro. Entre Janeiro e Novembro do ano passado, o sector de malnutrição da pediatria do hospital internou 846 crianças e fez um apelo a entidades privadas para auxílio em leite. Enquanto isso e segundo o "mediafax", citando a chefe do departamento pediátrico, tem aumentado o número de crianças recém-nascidas sofrendo de má-nutrição. O projecto referido tem estado a abstecer seis unidades hospitalares de Maputo e Matola. Confira algo sobre ele aqui.Criminalização da pobreza
Acho que o tema em epígrafe merece reflexão e por isso aqui vos deixo o seguinte: uma entrevista datada de 1999 com Loïc Wacquant (biografia aqui), um texto de Renato Biar de 2007 e, finalmente, um texto de Najla Passos datado de 2008.Sobre rastilhos xenófobos (3)
O texto constante da imagem em epígrafe mostra, ainda que incompleto, a complexidade de um fenómeno que pode, muito rapidamente, gerar um sismo xenófobo caso não saibamos lidar com ele, que pode passar da xenofobia passiva para a activa, que pode levar à projecção no estrangeiro da responsabilidade total pelas dificuldades de vida enfrentadas pelos locais.
Em vários trabalhos procurei, já, neste diário, mostrar a forma como produzimos negativamente o Outro, por que e como o diabolizamos, o primeiro dos quais postado em 2008 com o título Os efeitos da borboleta social na África Austral (aqui). Recordo, ainda, as minhas séries com os títulos O papão "nigeriano" que deixa vermes nas mulheres em Maputo, Eles e nós: representações sociais num bairro de Maputo e Notas sobre xenofobia, respectivamente aqui, aqui e aqui.
Chuva torrencial em Quelimane

"Tudo e nada: a aposta do capital em Moçambique"

Extracto de um trabalho com o título em epígrafe, datado de 2006 e da autoria do brasileiro Beluce Bellucci, então director do Centro de Estudos Afro-Asiáticos e pró-reitor da Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro. Aqui.29 janeiro 2010
Sintam
algemei as sombras
para que o sol se pudesse vestir
semeei os instantes no futuro
para que o tempo pudesse nascer
colei o rio no horizonte
para que as margens pudessem repousar
inventei o Índico
para que as acácias pudessem florir
fiz-me habitar este poema
para que soubesses que existo
(Carlos Serra)
Zardari, o precavido
Azagaia criou blogue
O rapper moçambicano Edson da Luz, popularmente conhecido por Azagaia, criou hoje um blogue, intitulado Gestos das palavras, a conferir aqui.Fórum Social Mundial
Sobre rastilhos xenófobos (2)
Pelos corredores do poder (10)
Vou terminar esta série.Tenho escrito muito neste diário - e em alguns dos meus livros - sobre poder, poder político, relações de poder e recursos de poder. Aqui e a terminar, apenas dizer o seguinte:
Quem detém o poder político tudo fará para travar o acesso dos adversários, não importa por que meio, a que nível e onde, tudo fará para convencer sobre a naturalidade do usufruto desse poder, para tornar universais os interesses particulares, evacuando a história da história, procurando anestesiar as mentes, protegendo duramente o seu território de recursos de poder. O almoço proposto por Guebuza não foi uma vírgula nesse interim, foi, apenas, mais um momento político total.
Nesta etapa histórica, o partido no poder não precisa de fazer alianças, absolutamente não precisa dos outros partidos para sobreviver. São estes, muitos deles (designadamente os pequenos cavalos de tróia e os gelatinosos-hibernadores), que dele precisam para sobreviver, que dele precisam para fundos eleitorais, que dele precisam para alianças.
Portanto, aos reais partidos da oposição só resta a luta.
Como escreveu alguém, em comentário num dos números desta série, poder político não se dá, não se oferece, conquista-se. Os meios de luta são diversos, apreciamos uns, desdenhamos outros, consoante a nossa posição e o nosso prisma.
A "hora do fecho" no "Savana"
Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "A hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com "A hora do fecho" desta semana, da qual ofereço, desde já, um aperitivo:* Se uns chegaram aos lugares de topo, outros estão meio amuados com a falta de gás e oportunidade que não tiveram. Fala-se de um mediático deputado jovem que espreitava a juventude e desportos, posto também cobiçado pelo deputado das mãos invisíveis. Um ex-pp de livro publicado recentemente continua sem tacho com visibilidade e um homem cheio de vento e ambição parou numa comissão parlamentar. É a vida ...
28 janeiro 2010
Economia política da água
Um trabalho do jornalista Lázaro Mabunda com o título A gota (de água) que pode gerar conflitos na SADC parece-me merecedor de séria reflexão. Aqui.Roubo do desenvolvimento
O roubo de nove unidades de painéis solares deixou os distritos de Mabalane e Chicualacuala, na província de Gaza, sem acesso à rede telefónica fixa (Rádio Moçambique, noticiário às 20 horas).Sobre rastilhos xenófobos (1)
Na imagem, o recorte de parte de uma reportagem escrita pelo jornalista Sérgio Macuácua do jornal "Público", ocupando as páginas 16-17. Na sequência desta série, retomarei algumas questões que já foram por mim abordadas nas séries com os títulos Eles e nós: representações sociais num bairro de Maputo e Notas sobre xenofobia, respectivamente aqui e aqui. Clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.
Brevemente aqui a grande manchete do "Savana"
Dois linchados este mês

"Curiosidades"

65 anos da libertação de Auschwitz
A 27 de Janeiro de 1945 (aniversário ontem), foi libertado o maior campo nazista de extermínio: Auschwitz-Birkenau, mais de um milhão de pessoas assassinadas entre 1940 e 1945, na sua maioria judeus. Confira aqui.
Amanhã
Pelos corredores do poder (9)
"A política é a arte de tirar o melhor proveito possível de determinada situação" (Maurice Barrès)Então as hipóteses que avancei em números anteriores da série não têm qualquer validade?
Bem, talvez uma delas possa concretizar-se: a da formação da bancada parlamentar do MDM. Houve muitos problemas na gestão das eleições de 28 de Outubro do ano passado, muitas críticas nacionais e internacionais. Ora, pode acontecer que, na sequência do almoço com Guebuza, a Frelimo condescenda na formação dessa bancada, procurando anestesiar um pouco os efeitos das críticas.
SOS Mangal da Costa do Sol
Da coluna do jurista e ambientalista Carlos Serra Jr, que deve ser publicada no "O País" de hoje: "O processo de mudança de atitudes é lento e enfrenta enormes e complexos obstáculos, como pode ser constatado através do levantamento e da leitura de uma série de exemplos negativos que, diariamente, tem vindo a registar-se em pleno centro de poder e decisão, a capital de Moçambique, descaradamente e na mais plena das impunidades, sem que haja lugar a uma pronta resposta por parte de quem, em cada situação concretamente analisada, deveria actuar." Continue a ler aqui.27 janeiro 2010
Baixa de Maputo hoje


Estado em que ficou a baixa (e nomeadamente a Avenida 25 de Setembro) da cidade de Maputo hoje após chuva torrencial. Fotos enviadas por SM (que disse tê-las recebido de pessoa amiga), a quem agradeço.
393 mil hectares

Afrobrasnews

Haiti: párem de culpar as vítimas
Permitam-me sugerir-vos a leitura de um artigo do economista queniano James Shikwati (regularmente referido neste diário) com o título em epígrafe, aqui. Se desejam ler em português, usem este tradutor aqui.Soberania, nacionalismo e migração
Um trabalho do eng.° Noé Nhantumbo inserto no "Diário da Zambézia" de hoje, com o título "Soberania, nacionalismo e migração - Onde é que estamos em Moçambique?", a conferir aqui.Pelos corredores do poder (8)
Uma mudança sempre deixa lugar para outras (Maquiavel)Permitam-me recordar-vos a pergunta que ficou no último número, a saber: terminado o almoço, o que irá acontecer?
Três dias
Um comunicado do Conselho Municipal da Matola, citado pelo "Notícias", dá conta de que o presidente do município, Arão Nhancale, inicia hoje uma visita de três dias ao posto administrativo da Machava, uma área residencial do município, mesmo à mão de semear. Um comunicado que imita os comunicados dos governos provinciais, dos ministérios ou da presidência da República, num município (como em qualquer outro) onde o edil deve estar em campo todos os dias. 26 janeiro 2010
Moçambicanos, os humildes
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Constituição angolana poderá angolanizar-nos?
Foi aprovada a nova Constituição de Angola. Pelo que se pode ler na internet, ela é dada como reforçando os poderes do chefe de Estado (que deixa de ser eleito por sufrágio directo e passa a sê-lo por sufrágio indirecto, como na África do Sul) e, designadamente, do actual presidente José Eduardo dos Santos. Um representante da UNITA falou em "monarquização do poder político angolano". Aqui. O presidente da República torna-se a figura central do executivo. Aqui. Há quem considere que a nova Constituição representa um retrocesso do ponto de vista jurídico. Aqui. A Rádio Nacional de Angola diz que a Constituição foi recebida com entusiasmo. Aqui. Finalmente, leia o que em 2008 escrevia e previa o angolano Feliciano Cangüe, que usou a expressão "monarquia parlamentar". Aqui."Militares querem Mugabe até 2020"













