11 julho 2008

O perigo da paralização ideológica

Do editorial do semanário "Savana" desta semana e com o título em epígrafe: "Nenhuma agenda de desenvolvimento irá para a frente se o partido no poder não tomar uma posição firme de garantir a segurança e a tranquilidade do povo. Se não avançar de forma decidida para a modernização dos serviços públicos, para oferecer ao público um sistema de transporte que inspira confiança e em condições seguras. Mas para que a Frelimo possa discutir entre ela estes assuntos e encontrar as devidas soluções, terá que substituir nos seus dirigentes os valores da ostentação do ganho ilícito, da arrogância e do desprezo pela iniciativa popular. Basta olhar para a televisão para ver como os dirigentes a vários níveis se comportam perante o povo. Discursos de ordens que vão de cima para baixo, mas nunca um diálogo frutífero em que os dirigentes falam menos do que ouvem do pensamento das massas. O comportamento dirigista é um dos principais sintomas de um partido onde o debate profundo, franco e sem receios não existe. Mais cedo do que tarde, o partido acaba por desembocar no sloganismo, a fase mais avançada da inércia, antes da estagnação ou da paralisação ideológica." Importe o texto completo aqui.

9 comentários:

Anónimo disse...

Força Savana!

Anónimo disse...

não consegui baixar o texto + uma vez.....eu não tenho o windows vista...lol

esse docx...tá a tramar tudo!!!FDX

Carlos Serra disse...

Oh...Não me diga que o problema está no Windows Vista????? Sim, estou a usá-lo. Por favor, mais alguém está a ter o mesmo problema?

Carlos Serra disse...

Mas importei-o via XP Pro e tudo caminhou bem...

Carlos Serra disse...

Bem, tb aqui vou tentar colar o texto para si, no comentário seguinte...

Carlos Serra disse...

TRIBUNA DO EDITOR
Por Fernando Gonçalves
Felicitar a Zanu-PF foi um grave erro estratégico
Nunca alguma vez havia esperado que o partido Frelimo pudesse publicamente denunciar os grosseiros abusos que os seus aliados da Zanu-PF têm estado a perpetrar contra o povo do Zimbabwe nesta última década. Mas com muita franqueza, também devo confessar que nunca esperei que a moral colectiva do partido no poder em Moçambique fosse atingir níveis tão baixos ao ponto de se sentir compelido a congratular a Zanu-PF pelos resultados obtidos na farsa que passou por eleições presidenciais no dia 27 de Junho.
O que mais me intriga é que a Frelimo tinha a oportunidade de não se pronunciar sobre o assunto e tal passar totalmente despercebido. Sem consequências. O que motivou a Frelimo a embarcar em tal acto de bravura só o partido poderá explicar.
Mas foi um acto totalmente contra a corrente, dando sinais muito claros de qual é a atitude do partido sobre a democracia. Se a Frelimo não vê motivos para censurar o que os seus aliados da Zanu-PF estão a fazer ao povo do Zimbabwe, e pior do que isso fazer questão de fazer saber a quem quiser saber que apoia aqueles actos de barbaridade e de subversão do processo democrático, ela está a enviar um sinal muito claro de que nunca hesitará em aplicar as mesmas tácticas de Mugabe para se manter no poder, mesmo contra o melhor juízo dos eleitores.
É importante notar que antes das eleições, a troika do órgão de cooperação política, de defesa e segurança da SADC havia-se pronunciado contra a imprudência que representava o prosseguimento do processo eleitoral nas condições de violência política generalizada em que o país se encontrava (e ainda se encontra). A missão de observação da União Africana emitiu o mesmo juízo. O Secretário-Geral das Nações Unidas fez questão de fazer uma comunicação especial sobre o assunto, nos mesmos termos. Assim o fez uma multiplicidade de proeminentes figuras respeitadas ao nível internacional.
Moçambique é membro de pleno direito de todas estas organizações, cujas resoluções ou outras decisões tem a obrigação de respeitar. Pouco sentido faz, portanto, que o partido que está no governo em Moçambique assuma uma atitude deliberada de confrontação com estes posicionamentos internacionais que o seu governo é obrigado a respeitar.
Nunca foi dito publicamente, mas sabe-se que nas vésperas das eleições, quando estava tudo claro que o processo não seria mais do que uma farsa, algumas demarches diplomáticas foram feitas junto do Presidente Guebuza e do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, informando-lhes de que a comunidade internacional esperava que Moçambique notasse o facto de que ela não reconheceria o resultado da farsa eleitoral de 27 de Junho.
Aparentemente, a decisão que foi tomada — e não há razões para duvidar que tenha sido ao mais alto nível — foi de que enquanto o governo deve aceitar os constrangimentos que a diplomacia internacional lhe impõe, a Frelimo deveria demonstrar de forma inequívoca aquilo que pensa do Ocidente, a quem teimosa e erradamente, repetindo de forma acrítica a propaganda da Zanu-PF, continua a apontar como o responsável pela derrapagem do Zimbabwe.
Se esta decisão resultou de um debate sério e aprofundado dentro do partido, é difícil de saber. Mas foi um erro de avaliação estratégica extremamente grave.
O desenvolvimento de Moçambique e o triunfo da sua luta contra a pobreza dependem da capacidade do seu governo de definir os interesses estratégicos do país, e demonstrar aos seus parceiros internacionais que está profundamente empenhado na construção de uma sociedade guiada pelos princípios da democracia, da boa governação e da gestão criteriosa dos recursos públicos. Essa não é a mensagem que transmite a inócua bravura africana que representa a mensagem de felicitações ao Frankenstein de Harare.
A Frelimo pode estar convencida de que a sua aliança com Mugabe e com a Zanu-PF nunca deve ser posta em causa pela necessidade de satisfazer os interesses do Ocidente. Mas ao estabelecer uma ligação mítica entre o Ocidente e as forças que dentro do Zimbabwe se opõem a Mugabe é uma atitude de desprezo pelos milhões de eleitores que no dia 29 de Março disseram a Mugabe que já basta. Na óptica desta linha de pensamento, os zimbabweanos não sabem o que querem. É, sobretudo, um acto de auto-flagelação, que assenta na ideia de que o preto nunca ele próprio, por iniciativa própria, pode saber reivindicar os seus direitos. Precisa de um branco por detrás.
De qualquer modo, este não é um argumento novo. Ian Smith dizia que os nacionalistas que lutavam pela independência do Zimbabwe estavam ao serviço do comunismo russo.
Na África do Sul, o regime do apartheid dizia o mesmo dos nacionalistas que lutavam pela liberdade do povo daquele país.
A história repete-se, só mudam os actores.
Quando o grosso da maioria dos países africanos — incluindo Moçambique — dependem da ajuda que recebem do Ocidente para a sua sobrevivência, o argumento da conspiração ocidental não deixa de ser uma hipocrisia, um discurso de conveniência que nos permite viver na ilusão de que tudo está bem, absolvendo-nos de confrontar as causas mais profundas dos nossos problemas. Chama-se a isso comportamento de voo.
Gostaria de estar errado.

Anónimo disse...

Está errado! Está a sugerir, nos últimos parágrafos, que porque o ocidente nos "oferece" dinheiro deveríamos por isso estar sempre de acordo com ele e, sobretudo, nunca contradize-lo.

Acho que, como povos, como Partidos e como indivíduos, temos o direito de ter opinião. Apesar da nossa pobreza.

GM

Reflectindo disse...

Bem dito Savana: A história repete-se, só mudam os actores. E não só aqui mesmo em Mocambique recusou-se por muitos anos que a guerra era entre mocambicanos e porque havia algo errado, mas dizia-se ser externa e há quem continua a repetir isso mesmo que provado o contrário. Assinavam-se por isso acordos que não ajudavam para o fim da guerra.

Jonathan McCharty disse...

Caro Prof. Serra,
O problema que muitos leitores estao a ter com o formato "docx" dos seus files em "word" tem a ver com a versao do seu "Microsoft Word" que decididamente devera ser 2007 ou superior! O facto e' que, ao instala-lo no seu computador, estas versoes recentes sempre se sobrepoem as anteriores. E' fundamental que escolha a versao anterior do "Word" (que presumo seja Word 2003) ao iniciar a sessao porque caso contrario, ira' sempre ser activada a sua versao mais recente. Na janela "start" onde aparecem os "programas" recentemente utilizados, podera ver os dois "Microsoft Word" indicados. Eu tenho o Windows Vista e o Word 2007 em casa e tive inicialmente, serios problemas ao transferir files para o servico. Pode crer que muita gente esteja a ter dificuldade em ver os seus "attached files" porque o Vista e Office 2007 ainda nao estao muito difundidos (eu pessoalmente, preferia o XP, hehe).