11 julho 2008

Andrea Riccardi adverte: crise no Zimbabwe poderá afectar democracia em Moçambique

Do "Canal de Moçambique" de hoje: "A crise política provocada pelo regime de Mugabe, em particular as consequências que dela poderão advir para países da região da SADC, em particular Moçambique, preocupa sobremaneira personalidades políticas tanto na África Austral como em outras partes do Mundo. O exemplo mais recente vem de Andrea Riccardi (na imagem), mediador das conversações que conduziram à paz em Moçambique, para quem “a crise política no Zimbabwe poderá afectar a democracia em Moçambique.” Falando ontem a jornalistas em Maputo, Riccardi alertou que para além das centenas de milhar de zimbabweanos que já fugiram do seu país, “muitos outros seguirão as suas pegadas se a violência no Zimbabwe vier a intensificar, o que potencialmente destabilizaria o delicado equilíbrio político em Moçambique.” O fundador da Comunidade de Santo Egideo salientou que a “julgar pela sua posição geográfica, Moçambique seria obrigado a encontrar soluções caso uma situação ainda mais grave, como uma guerra, deflagrasse no Zimbabwe o que poderia ameaçar a democracia moçambicana.”

13 comentários:

Sir Baba Sharubu disse...

The ZD(ZIM Disease) could very well spread to other parts of Austral Africa.
The best medicine to treat it, is probably... more Democracy.

Anónimo disse...

I dont think the zimbabwean refugees represent the worst threat to the democracy in Mozambique.

Rather, I think that the attitudes reflected by President Guebuza, the Frelimo party and government as regards Zimbabwe represent an imminent threat.

Anónimo disse...

Se vocês têm as soluções todas porque não vão lá e resolvem o problema? Até irritam com o simplismo com que abordam a situação do Zimbabwe.

Já agora, o que é que o Presidente Guebuza ou a FRELIMO deveriam fazer para `resolver´ a situação do Zimbabwe?

Ou o vosso desejo é que ele se junte aos gritos e berros contra Mugabe? Fazendo isso passávamos a ter um Zimbabwe mais estável?

Mavihane Tembe

Xiluva/SARA disse...

O que a gente deve fazer é seguir mesmo o Sr. Tembe e deixar andar e depois quando aquele país estiver feito cemiterio é so fazer uma kupalha e esquecer rapidinho o passado. O que fazer Sr. Tembe? Pressionar regionalmente e se necessário impor sanções. Quer o Sr. Tembe problemas no nosso país mais do que aqueles que ja temos? Escolha, caro senhor faca como a avestruz esconda a cabeca na areia. Ou chame o nhamussoro.

JCTivane disse...

Vamos la ver uma coisa: no simplismo do estimado camarada Tembe em que lugar ficam o camarada Tsvangirai e os camaradas do MDC? Tenho dito.

Anónimo disse...

Já aplicamos sanções àquele país no passado. Lembra-se do que adveio dessa medida? Se não se lembro não me importo de refrescar a sua memória: UMA DAS GUERRAS MAIS ATROZES E DESUMANAS QUE ALGUMA VEZ A HUMANIDADE ASSISTIU. UMA GUERRA SOBRETUDO CONTRA O POVO, COM MASSACRES, DESTRUIÇÕES DE ALDEIAS, QUEIMA DE MACHIMBOMBOS COM OS PASSAGEIROS LÁ DENTRO E OUTRO TIPO DE ATROCIDADES.

Não cabe a Moçambique resolver os problemas de outros países. SEMPRE QUE A PRESUNÇÃO NOS CONDUZIU A PENSAR QUE NÓS ÉRAMOS A CHAVE DE TUDO AQUI NA REGIÃO ACABAMOS POR PAGAR UM PREÇO QUE NÃO QUERIA VER MEUS FILHOS A PAGAR.

Que o Zimbabwe resolva os seu problemas. E se nós os deixarmos tranquilos podemos ter a certeza de que os resolverão.

Mavihane Tembe

JCTivane disse...

Ok camarada, já vi o seu lado.

Sir Baba Sharubu disse...

I am delighted that MOZ has the blog "Diario de um sociologo".
I am thrilled that many MOZ readers can express freely their different opinions, here.
I am very sad indeed that the same is not possible in Zimbabwe, at present.

Anónimo disse...

~...realmente era tão bom que as coisas se resolvessem sem que muitos tivessem que sofrer!
...deixando assim neste status quo presente , muitos vão continuar a sofrer no silêncio do medo...
...se forem para a guerra muitos sofrerão nas formas relatadas pelo sr.tembe...
...mas então o que deverá guiar para solucionar este choque de opções????
...o Kafka no leito de morte escreveu uma carta ao pai ,e a certa altura disse...*prefiro viver na verdade crua do que permanecer na ignorância...
a verdade é a única saída , a única forma de se fazer justiça a um imenso povo Zimbábweano.

Reflectindo disse...

Caro Tembe

1. Eu gostaria de saber se é por medo de Robert Mugabe que Guebuza (presidente da Frelimo) reconheceu Zanu-FP e Mugabe?

2. Já que Tembe não é simplista podia me ajudar a entender melhor o que realmente foi a causa dos ataques do regime minoritário de Ian Smith a Mocambique. Peco-lhe isto porque parece que vc resume muito (simplismo) e esquiva das mais verdades. Quer dizer, vc fala de sancões, mas não fala das bases para dos guerrilheiros Zimbabweanos, treinamento e envio de nossos próprios soldados a Zimbabwe. Em todas as discussões não se pede aqui ou pelo menos não notei, uma guerra aberta com Mugabe, mas uma que governo mocambicano diga abertamente que não reconhece um governo ilegal e nisto o nosso governo tem apoio que são as declaracões dos observadores de SADC e UA.

3. Irá Mugabe atacar o Botswana e outros países que não o reconhecem?

4. O que estava por detrás da visita de Emersom Mnangagwa à Frelimo (como se justificou) nas vésperas das farsas eleicãos?

5. O reconhecimento do déspota Mugabe pela Frelimo não é ingerência aos assuntos internos do Zimbabwe?

Anónimo disse...

Naquela altura fizemos tudo isso que Reflectindo refere. Estávamos convencidos de que éramos a zona libertada mais avançada da humanidade.

Mandaram-nos decretar sanções contra Ian Smith, com promessas de que se nos daria as devidas compensações (pelo desemprego que essas medidas ocasionariam, sobretudo na Beira). Até hoje estamos à espera das compensações.

As sançoes que decretamos contra Smith, mesmo sem a guerra da Renamo, teriam contribuido, de per si, para o grande empobrecimento do país e da região centro em particular.

Convencemo-nos também de que a libertação da África do sul passava por nós. Falamos mais alto do que os outros contra o Apartheid. Agimos também mais firmemente do que os outros. Resultado: MAIS DESTRUIÇÃO PARA O NOSSO PAÍS.

Só que a libertação da África do Sul aconteceu, sobretudo, devido à revolta interna que resultou da estruturação de uma Frente Democrática Interna que congregou todas as forças vivas da África do Sul.

A normalização do Zimbabwe não requer nenhum protagonismo nosso. De maneira nenhuma. É assunto dos Zimbabweanos. Eles não podem ser desresponsabilizados. É injusto cobrar soluções de Mbeki ou de Guebuza. As soluções devem ser cobradas a Mutambara, Morgan, Mugabe e aos milhões de Zimbabweanos

Mavihane Tembe

Reflectindo disse...

Caro compatriota Tembe

Desta maneira vamos a uma conversamos que nos entendemos. A questão agora é de saber se Guebuza e a Frelimo não tomam ou tomaram algum protagonismo em relacão ao regime de Mugabe.

Continuo a crer que nenhum de nós aqui quer que Mocambique envie tropa para ir fazer guerra contra Mugabe. Nenhum de nós sugere que fechemos a fronteira com o Zimbabwe. Eu pessoalmente não sugiro que Guebuza vá mediar a crise do Zimbabwe, pois como experiência, sabemos que quem decide quanto ao mediador são as partes em conflito e a insistência de uma das partes para um mediador é apenas uma estratégia para ganhar o tempo. Daí acho estranho que se insista que Mbeki seja mediador ainda que sabemos que ele falhou no caso da Costa do Marfim. Pessoalmente não cobraria nada a Mbeki se ele fosse honesto e se declarasse incapaz. A mediacão da nossa guerra civil é o exemplo vivo.

Surgem-me mais perguntas: será que com o reconhecimento da Frelimo/Guebuza ao regime democraticamente ilegal de Mugabe evita-se qualquer impacto da crise do Zimbabwe no nosso país? Não será que já sofremos sobre ele? Será que nos nossos portos, passar-se-á a descarregar armamento para o regime de Mugabe e sendo assim estaremos a contribuir para a paz na região?

Creio que a questão do Zimbabwe vai nos pôr em prova por muitos anos, pois este não é o último conflito no mundo. Enquanto vivo, quero ver como é que Guebuza e a Frelimo agirá nos casos de qualquer país do mundo.

Anónimo disse...

Caro Reflectindo
No nosso conflito interno as duas partes predispuseram-se a conversar e a encontrar um desfecho para a guerra. A exaustão do nosso povo e, mesmo, a exaustão das partes combatentes foi o principal factor da paz. Estou a dizer que a pacificação do nosso país resultou basicamente de factores internos.

De nada valeria, naquela altura fazer pressão sobre o Malawi, ou sobre o Kenya, ou sobre o Zimbabwe, ou sobre Portugal, ou sobre a Itália. A paz tinha que ser encontrada aqui dentro. Os mediadores só ajudaram. E atrevo-me a dizer que, naquelas circunstâncias da época, qualquer mediador, por mais inapto que fosse, teria tido sucesso. Isso porque nós os moçambicanos queríamos a paz. Ninguém estava à procura de vitória aqui.

Qual é a situação actual do Zimbabwe? Do ponto de vista político e "democrático" eu resumi-la-ia assim. ELEIÇÕES DA PRIMEIRA VOLTA INCONCLUSIVAS POIS NENHUM DOS CANDIDATOS PRESIDENCIAIS ALCANÇOU MAIS DE 50%. ELEIÇÕES DA SEGUNDA VOLTA SEM QUALQUER CREDIBILIDADE INTERNA OU EXTERNA.

Qual é a solução aqui? Entregar o poder a Mugabe? Creio que seria injusto. Entregar o poder (presidencial) a Tsvangirai? Creio que seria injusto também.

A classe política do Zimbabwe deve sentar e encontrar uma solução que, no imediato, leve à pacificação dos espíritos. Uma solução que tome em consideração os interesses de todas as partes. Muita gente tende a esquecer que Mugabe também foi votado por alguns milhões de zimbabweanos. Há vários interesses em jogo lá (políticos e económicos). Devem ser harmonizados antes que se avance para uma outra aventura eleitoral.

É evidente que essa harmonização só é possível se os zimbabweanos quiserem. Mbeki, Guebuza, Jakaya Kikwete, Ian Khama, Bush e Gordon Brown só podem ajudar.

A melhor ajuda, neste momento e quanto a mim é encorajar os zimbabweanos a sentar numa mesa e conversar. Qualquer outra saída pode ser uma receita para uma guerra civil lá.

Queria chamar a atenção de Reflectindo para o facto de que o que está em jogo no Zimbabwe não é somente (e sobretudo) a "democracia". O que está em jogo é a partilha dos recursos naturais. Tudo leva a crer que as duas partes têm soluções diametralmente opostas para essa problemática. O que pode conduzir à guerra no Zimbabwe não é o poder presidencial puro e simples. É como os zimbabweanos de todas as raças se posicionam em relação com as terras, as minas, a indústria e outros recursos vitais.

O que é que Mbeki e Guebuza têm a ver com isso?

Mavihane Tembe