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Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
11 julho 2008
Andrea Riccardi adverte: crise no Zimbabwe poderá afectar democracia em Moçambique
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13 comentários:
The ZD(ZIM Disease) could very well spread to other parts of Austral Africa.
The best medicine to treat it, is probably... more Democracy.
I dont think the zimbabwean refugees represent the worst threat to the democracy in Mozambique.
Rather, I think that the attitudes reflected by President Guebuza, the Frelimo party and government as regards Zimbabwe represent an imminent threat.
Se vocês têm as soluções todas porque não vão lá e resolvem o problema? Até irritam com o simplismo com que abordam a situação do Zimbabwe.
Já agora, o que é que o Presidente Guebuza ou a FRELIMO deveriam fazer para `resolver´ a situação do Zimbabwe?
Ou o vosso desejo é que ele se junte aos gritos e berros contra Mugabe? Fazendo isso passávamos a ter um Zimbabwe mais estável?
Mavihane Tembe
O que a gente deve fazer é seguir mesmo o Sr. Tembe e deixar andar e depois quando aquele país estiver feito cemiterio é so fazer uma kupalha e esquecer rapidinho o passado. O que fazer Sr. Tembe? Pressionar regionalmente e se necessário impor sanções. Quer o Sr. Tembe problemas no nosso país mais do que aqueles que ja temos? Escolha, caro senhor faca como a avestruz esconda a cabeca na areia. Ou chame o nhamussoro.
Vamos la ver uma coisa: no simplismo do estimado camarada Tembe em que lugar ficam o camarada Tsvangirai e os camaradas do MDC? Tenho dito.
Já aplicamos sanções àquele país no passado. Lembra-se do que adveio dessa medida? Se não se lembro não me importo de refrescar a sua memória: UMA DAS GUERRAS MAIS ATROZES E DESUMANAS QUE ALGUMA VEZ A HUMANIDADE ASSISTIU. UMA GUERRA SOBRETUDO CONTRA O POVO, COM MASSACRES, DESTRUIÇÕES DE ALDEIAS, QUEIMA DE MACHIMBOMBOS COM OS PASSAGEIROS LÁ DENTRO E OUTRO TIPO DE ATROCIDADES.
Não cabe a Moçambique resolver os problemas de outros países. SEMPRE QUE A PRESUNÇÃO NOS CONDUZIU A PENSAR QUE NÓS ÉRAMOS A CHAVE DE TUDO AQUI NA REGIÃO ACABAMOS POR PAGAR UM PREÇO QUE NÃO QUERIA VER MEUS FILHOS A PAGAR.
Que o Zimbabwe resolva os seu problemas. E se nós os deixarmos tranquilos podemos ter a certeza de que os resolverão.
Mavihane Tembe
Ok camarada, já vi o seu lado.
I am delighted that MOZ has the blog "Diario de um sociologo".
I am thrilled that many MOZ readers can express freely their different opinions, here.
I am very sad indeed that the same is not possible in Zimbabwe, at present.
~...realmente era tão bom que as coisas se resolvessem sem que muitos tivessem que sofrer!
...deixando assim neste status quo presente , muitos vão continuar a sofrer no silêncio do medo...
...se forem para a guerra muitos sofrerão nas formas relatadas pelo sr.tembe...
...mas então o que deverá guiar para solucionar este choque de opções????
...o Kafka no leito de morte escreveu uma carta ao pai ,e a certa altura disse...*prefiro viver na verdade crua do que permanecer na ignorância...
a verdade é a única saída , a única forma de se fazer justiça a um imenso povo Zimbábweano.
Caro Tembe
1. Eu gostaria de saber se é por medo de Robert Mugabe que Guebuza (presidente da Frelimo) reconheceu Zanu-FP e Mugabe?
2. Já que Tembe não é simplista podia me ajudar a entender melhor o que realmente foi a causa dos ataques do regime minoritário de Ian Smith a Mocambique. Peco-lhe isto porque parece que vc resume muito (simplismo) e esquiva das mais verdades. Quer dizer, vc fala de sancões, mas não fala das bases para dos guerrilheiros Zimbabweanos, treinamento e envio de nossos próprios soldados a Zimbabwe. Em todas as discussões não se pede aqui ou pelo menos não notei, uma guerra aberta com Mugabe, mas uma que governo mocambicano diga abertamente que não reconhece um governo ilegal e nisto o nosso governo tem apoio que são as declaracões dos observadores de SADC e UA.
3. Irá Mugabe atacar o Botswana e outros países que não o reconhecem?
4. O que estava por detrás da visita de Emersom Mnangagwa à Frelimo (como se justificou) nas vésperas das farsas eleicãos?
5. O reconhecimento do déspota Mugabe pela Frelimo não é ingerência aos assuntos internos do Zimbabwe?
Naquela altura fizemos tudo isso que Reflectindo refere. Estávamos convencidos de que éramos a zona libertada mais avançada da humanidade.
Mandaram-nos decretar sanções contra Ian Smith, com promessas de que se nos daria as devidas compensações (pelo desemprego que essas medidas ocasionariam, sobretudo na Beira). Até hoje estamos à espera das compensações.
As sançoes que decretamos contra Smith, mesmo sem a guerra da Renamo, teriam contribuido, de per si, para o grande empobrecimento do país e da região centro em particular.
Convencemo-nos também de que a libertação da África do sul passava por nós. Falamos mais alto do que os outros contra o Apartheid. Agimos também mais firmemente do que os outros. Resultado: MAIS DESTRUIÇÃO PARA O NOSSO PAÍS.
Só que a libertação da África do Sul aconteceu, sobretudo, devido à revolta interna que resultou da estruturação de uma Frente Democrática Interna que congregou todas as forças vivas da África do Sul.
A normalização do Zimbabwe não requer nenhum protagonismo nosso. De maneira nenhuma. É assunto dos Zimbabweanos. Eles não podem ser desresponsabilizados. É injusto cobrar soluções de Mbeki ou de Guebuza. As soluções devem ser cobradas a Mutambara, Morgan, Mugabe e aos milhões de Zimbabweanos
Mavihane Tembe
Caro compatriota Tembe
Desta maneira vamos a uma conversamos que nos entendemos. A questão agora é de saber se Guebuza e a Frelimo não tomam ou tomaram algum protagonismo em relacão ao regime de Mugabe.
Continuo a crer que nenhum de nós aqui quer que Mocambique envie tropa para ir fazer guerra contra Mugabe. Nenhum de nós sugere que fechemos a fronteira com o Zimbabwe. Eu pessoalmente não sugiro que Guebuza vá mediar a crise do Zimbabwe, pois como experiência, sabemos que quem decide quanto ao mediador são as partes em conflito e a insistência de uma das partes para um mediador é apenas uma estratégia para ganhar o tempo. Daí acho estranho que se insista que Mbeki seja mediador ainda que sabemos que ele falhou no caso da Costa do Marfim. Pessoalmente não cobraria nada a Mbeki se ele fosse honesto e se declarasse incapaz. A mediacão da nossa guerra civil é o exemplo vivo.
Surgem-me mais perguntas: será que com o reconhecimento da Frelimo/Guebuza ao regime democraticamente ilegal de Mugabe evita-se qualquer impacto da crise do Zimbabwe no nosso país? Não será que já sofremos sobre ele? Será que nos nossos portos, passar-se-á a descarregar armamento para o regime de Mugabe e sendo assim estaremos a contribuir para a paz na região?
Creio que a questão do Zimbabwe vai nos pôr em prova por muitos anos, pois este não é o último conflito no mundo. Enquanto vivo, quero ver como é que Guebuza e a Frelimo agirá nos casos de qualquer país do mundo.
Caro Reflectindo
No nosso conflito interno as duas partes predispuseram-se a conversar e a encontrar um desfecho para a guerra. A exaustão do nosso povo e, mesmo, a exaustão das partes combatentes foi o principal factor da paz. Estou a dizer que a pacificação do nosso país resultou basicamente de factores internos.
De nada valeria, naquela altura fazer pressão sobre o Malawi, ou sobre o Kenya, ou sobre o Zimbabwe, ou sobre Portugal, ou sobre a Itália. A paz tinha que ser encontrada aqui dentro. Os mediadores só ajudaram. E atrevo-me a dizer que, naquelas circunstâncias da época, qualquer mediador, por mais inapto que fosse, teria tido sucesso. Isso porque nós os moçambicanos queríamos a paz. Ninguém estava à procura de vitória aqui.
Qual é a situação actual do Zimbabwe? Do ponto de vista político e "democrático" eu resumi-la-ia assim. ELEIÇÕES DA PRIMEIRA VOLTA INCONCLUSIVAS POIS NENHUM DOS CANDIDATOS PRESIDENCIAIS ALCANÇOU MAIS DE 50%. ELEIÇÕES DA SEGUNDA VOLTA SEM QUALQUER CREDIBILIDADE INTERNA OU EXTERNA.
Qual é a solução aqui? Entregar o poder a Mugabe? Creio que seria injusto. Entregar o poder (presidencial) a Tsvangirai? Creio que seria injusto também.
A classe política do Zimbabwe deve sentar e encontrar uma solução que, no imediato, leve à pacificação dos espíritos. Uma solução que tome em consideração os interesses de todas as partes. Muita gente tende a esquecer que Mugabe também foi votado por alguns milhões de zimbabweanos. Há vários interesses em jogo lá (políticos e económicos). Devem ser harmonizados antes que se avance para uma outra aventura eleitoral.
É evidente que essa harmonização só é possível se os zimbabweanos quiserem. Mbeki, Guebuza, Jakaya Kikwete, Ian Khama, Bush e Gordon Brown só podem ajudar.
A melhor ajuda, neste momento e quanto a mim é encorajar os zimbabweanos a sentar numa mesa e conversar. Qualquer outra saída pode ser uma receita para uma guerra civil lá.
Queria chamar a atenção de Reflectindo para o facto de que o que está em jogo no Zimbabwe não é somente (e sobretudo) a "democracia". O que está em jogo é a partilha dos recursos naturais. Tudo leva a crer que as duas partes têm soluções diametralmente opostas para essa problemática. O que pode conduzir à guerra no Zimbabwe não é o poder presidencial puro e simples. É como os zimbabweanos de todas as raças se posicionam em relação com as terras, as minas, a indústria e outros recursos vitais.
O que é que Mbeki e Guebuza têm a ver com isso?
Mavihane Tembe
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