23 abril 2008

Religiosos, Meque, violência e moral

O governador de Inhambane, Itai Meque (na imagem), convocou os líderes religiosos para uma "reflexão conjunta sobre a necessidade de moralização da sociedade e debate de assuntos relativos à agenda nacional." Alguns líderes disseram que a violência era feia, imoral, a cargo de insurrectos, pelo que tudo fariam para intensificar o programa de educação dos filhos. O governador falou em campanhas de desinformação contra o governo - contra as quais era importante lutar com vigor -, disse que uma boa estratégia para os religiosos "era divulgar as realizações do Governo, comparando o que era o país antes da independência e actualmente", pediu aos religiosos para dedicarem alguns minutos das missas a explicar o que de bom o governo tem feito e terminou afirmando que alguns sectores da oposição querem conquistar o voto a qualquer preço e por isso "como sempre, optam pela violência".
Aqui está um belo documento para uma aula de sociologia política.

3 comentários:

Anónimo disse...

A desqualificacao é um bom recurso em política, como em tudo o que é competitivo. Convidar a igreja - que, se quiser, pode fazer o accontability da politica oficial -a difundir os bons feitos dos governos é muito bom. Mas melhor, para uma sociedade que se pretende plenamente democrática, seria convidá-la (a igreja, portanto) a ser mais crítica, para fortalecer a querida democracia competitiva. Como,grosso modo, para a política oficial africana, é confortável a despromocao da cidadania plena entao teremos que conviver com discursos como este, proferido pelo governador Meque. Mas a culpa é nossa que teimamos em nao ser cidadaos!
Carlos Bavo

Anónimo disse...

Este governador parou no tempo. é preciso moralizar a sociedade, inculcar valores às geraçoes vindouras, disso não há dúvida. Nós os mais velhos,lembramos que a DESMORALIZAÇÃO da sociedade começou, quando em 75 o Governo se insurgiu contra as religioes, nas escolas se ensinava o paganismo. A estrutura da sociedade foi escangalhada quando por exemplo, o servente mandava mais que o médico no hospital porque era o secretario da celula; quando o filho denunciava o pai como reacionario e este era deportado para o Niassa. Quando objectores de consciencia como os testemunhas de Jeova foram escorraçados para Milange. A factura destes actos impoderados pagam-se anos depois, quando os que eram crianças crescem. Este é o momento de se colherem os amargos frutos das acçoes revolcionárias. As igrejas irão ajudar a reparar os danos no tecido social, vai demorar mais uma geração para os resultados apaecerem, entretanto, camarada Governador, não peça aos religiosos para fazerem propaganda do Governo, trabalhe e o Povo o Julgará pelos resultados!

Jonathan McCharty disse...

O compadre aqui acima me tirou as palavras da boca! Faltou apenas acrescentar, que a "Educacao moral e civica" fora eliminada dos curriculos, pq afinal se constatou que "nao passava de um instrumento para amolecer as nossas mentes bravas". Para sermos "individuos" e uma sociedade integra, temos que dar asas nao so a imaginacao, mas tambem ao bocalismo e selvajaria!!
Semeamos ventos e agora......colhemos tempestades!
Se alguem quiser medir, ha quantas andamos nesta coisa de "valores morais" e' so observar como conduzimos nas nossas capitais provinciais!!!!!!