Recebi, com pedido de publicação, o presente texto de Ana Alonso. Aqui vai, numa série:
Retrato do lobo que levava buracos nas peúgas (1)A fotografia foi premonitória, caso as casualidades existam.
Foi na cidade de Istambul, na Turquia, durante uma visita de Wolfowitz, presidente do Banco Mundial, à Mesquita Azul, onde o manda-chuva da emérita instituição teve que tirar os sapatos, mostrando ao mundo inteiro dois enormes buracos nas peúgas.
A imagem foi capturada mais do que captada pouco antes de estalar a trovoada que esburacou a cadeira de Wolfowitz no Banco Mundial por nepotismo ou despotismo. Isto é, por utilizar os meios institucionais em favor de familiares e amigos. Amiga, no presente caso, que por sua vez apresenta outros buracos não devidamente esclarecidos.
Salvo erro, a experiência indica que o melhor sistema para o poder mundialmente estabelecido acabar com as coisas pouco gratas é dar a essas coisas pouco gratas uma boa publicidade.
Assim, quando o poder mundialmente estabelecido decide que a pobreza, por gritante, ameaça os seus interesses, financia quilómetros de publicidade em favor da pobreza. Perdão, contra a pobreza, o que permite consolidar os abusos na base e publicitar uma realidade bem distinta, cara à galeria.
Ana Alonso
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