19 maio 2007

Cocktail noticioso: do pão à nipa com a vírgula nos salários


Depois da subida do preço do pão, é agora a vez dos combustíveis. Entretanto, ontem, em comício na cidade da Beira, confrontado com as queixas sobre o salário mínimo, o presidente Guebuza afirmou que de facto o salário é irrisório, mas que é o que neste momento se pode pagar e que o fundamental é o aumento da produção (já Chissano repetia isso) ("Notícias" de hoje, 19/05/07, primeira página).
Enquanto isso, o director da maior açucareira de Moçambique, a Companhia de Sena, anunciou que a companhia tem em Marromeu perdas anuais de cerca de um milhão de dólares devido ao que apelidou roubo de cana, cana que, asseverou, daria para produzir 2.000 toneladas anuais de açúcar. O director afirmou que a cana roubada serve para fabricar nipa, uma bebida destilada local. O discurso colonial foi, também ele, atravessado por esse tipo de acusação, abrangendo as plantações de coqueiros. Na Zambézia, por exemplo, as comunidades camponesas nunca consideraram que roubavam os cocos das companhias dado que - afirmavam e afirmam- as terras lhes pertenciam. Daí o uso da expressão "estamos a colher do avô".

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