19 abril 2007

Muitos moçambicanos "passam a vida a descansar até se cansarem de descansar" - presidente Guebuza


Segundo o "Notícias" de hoje, "O presidente Armando Guebuza “quebrou o gelo” durante a visita que efectuou à província da Zambézia terminada domingo último, dizendo, sem eufemismos, que o que tem perpetuado a fome e a pobreza em Moçambique é a “falta do hábito pelo trabalho”, que tem feito com que haja muitos moçambicanos que “passam a vida a descansar até se cansarem de descansar”.
Essa a tónica de intervenção na Zambézia do presidente Guebuza, citado pelo "Notícias" de hoje, uma espécie de eco samoriano em clara ruptura com os 18 anos comedidos da governação chissaniana. Com efeito, o presidente Chissano foi sempre muito prudente na forma como catalogava o povo.
A factura política pode ser sempre dispendiosa, especialmente quando se diz o que se disse numa província, como a Zambézia, com uma história muito peculiar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este discurso é interessante e abre uma boa discussão. E, até é altura de perguntar até como ele mesmo, PR, não contribui para essa preguica de que está a falar.

Anónimo disse...

1. Quando o Presidente da Republica (PR) em vez de responsabilizar PESSOALMENTE os Governadores provinciais pelo não cumprimento dos objectivos dos programas do Governo, opta por INSULTAR a população, particularmente os camponeses, chamando-lhes preguiçosos, irresponsáveis, sem hábitos de trabalho, etc. etc., algo descarrilou: o bom senso!
2. O PR parece ignorar que a economia rural faz parte de um sistema, onde o camponês é apenas um dos elementos e o Estado têm um PAPEL CRUCIAL no rompimento do ciclo da miséria, que atola a maioria dos nossos camponeses: (1) baixos conhecimentos tecnológicos;  (2) baixa produtividade; (3) baixo rendimento monetário; (4) baixa capacidade de poupança; (5) escassez de capital para intensificação; (6) escassez de meios e factores de produção; (7) estagnação / deterioração do bem-estar; (8) desinteresse / fatalismo; (1) baixo conhecimento tecnológico, etc., etc.
3. Em economias de mercado, há funções estratégicas que o Estado tem de garantir ATÉ que surjam outros agentes económicos capazes de o substituir com igual ou melhor eficiência.
4. Mesmo correndo o risco de um “puxão de orelhas” do WB/FMI, importa ponderar o papel AINDA reservado ao Estado e rever / reforçar os INCENTIVOS para que privados com capacidade técnica e financeira possam envolver-se no sistema de aprovisionamento, produção, conservação e escoamento da produção rural, com vantagem para todos.
Florêncio.

PS – Citação do PR: “Quando podermos ter crianças que terão aprendido ainda tenrinhos o hábito de trabalho antes de chegar á idade adulta, não tardará muito que falaremos do passado da fome e da pobreza aqui no nosso país, tal como hoje falamos do passado colonial, porque os moçambicanos se deram ao máximo na luta contra o colonialismo”. (sem comentários!)