12 outubro 2006

Maputo: homossexualidade em debate

Hoje e amanhã debate-se em Maputo a homossexualidade, numa iniciativa da Liga dos Direitos Humanos em parceria com a HIVOS. A notícia surge em destaque na primeira página do "Notícias" de hoje, 12/10/06.

12 comentários:

Anónimo disse...

Está em debate onde? Como? Quem é que está a debater a homosexualidade?
De qualquer das maneiras, só o facto de se ter aberto o debate de uma questão mais ou menos tabu, pelo menos em termos públicos, é já um bom sinal.

Carlos Serra disse...

O "Notícias" é omisso sobre o local. Mas leia-o.

Egidio Vaz disse...

Teresa, bom sinal significa quebrar tabú? Bom sinal significa debater a homosexualidade? Peço esclarecimentos. Por mim, esse é mau sinal. Sabia, o principal orador virá do Brasil. Os moçambicanos esses, que não se cansam em debater o assunto em foruns como o do Moçzambique online, estarão a ouvir das "experiências" e luta dos homosexuais iguais de lá do Brasil.
Por mim, esse encontro tem a minha clara e vigorosa oposição. A constituição da República não reconhece casamentos homosexuais, portanto constitui uma ilicitude. E acho mesmo que será contra essa "ilicitude" que eles de certeza tentarão inverter! A ver vamos.
Mas seria importante que o Professor Serra desse o seu comentário sobre esse aspecto: a homossexualidade é um desvio sexual ou prefência/tendência/ ou outra coisa - doença, pode ser. E depois, gostaria que comentasse sob o ponto de vista legal e cultural, aliás sociológico. Mas lhe peço também que dê sua posição.
UM abraço a Teresa e espero pelo Professor Serra. Já disse, que a conferencia tem o meu total NÃO. Mas tolero.

Anónimo disse...

Discordo que se discuta uma coisa que deve ficar apenas com quem gosta.
(curioso que ama mulheres)

Carlos Serra disse...

O termo homossexualidade (derivado do grego "homos" que significa igual, semelhante) foi cunhado em 1869 e a partir daí a homossexualidade foi considerada uma degeneração, uma tara e, mesmo, uma loucura. Mas em 1973 a Associação Americana de Psiquiatria abandonou esses atributos estigmatizadores. Na mesma altura, o Código Internacional de Doenças deixou de considerar a homossexualidade como doença. Em 1990 a Assembléia-Geral da Organização Mundial de Saúde declarou que a homossexualidade não era uma doença, um distúrbio ou uma perversão. Por outro lado, não existe consenso sobre se a homossexualidade é geneticamente determinada ou se é efeito de um determinado tipo de socialização. Entretanto, não me surpreende que no nosso país o debate anunciado pelo "Notícias" suscite surpresa e, até, indignação.Creio que devemos encarar esse debate como normal e evitar que as nossas concepções de normalidade tornem anormal o que, afinal, é normal, mesmo que nos choque. Aceitar a diferença e o novo é sempre um exercício difícil e, frequentememte, doloroso. Continuo aberto ao debate. Um abraço!

Egidio Vaz disse...

O Professor Serra deu um golpe de mestre (e de facto o é). Reconhecer a diferença. "As pessoas sempre reconheceram a igualdade. Mas elas também precisam de ser diferentes", estava a cunhar as palavras de Boaventura de Sousa Santos (do pós modernismo ao pós colonia. e para além de um e do outro, 2006).
Mas, mesmo assim, há aspectos que, so o ponto de vista epistemológico, devem ser questionados: os limites do relativismo. É normal as pessoas falarem que os gostos não se discutem. Mais, que tudo é relativo, incluindo as relações sexuais; nascendo daí a "obvia" justificação dessa outra "normalidade". Para já, questionaria: o que se pode entender de NORMAL? O FACTO, que apesar de "não inscrito" nas diversas "enciclopédias culturais" continua inobstaculizante?
Tolerar significa aceitar? RESIGNAR significa CONSENTIR? Opor-se ao homossexualismo significa negar a existência dos homossexuais? Enfim, precisamos um debate esclarecedor sobre o conjunto das consequências que uma eventual aceitação por parte da Constituição da República venha a trazer para as relações sociais.
Um abraço fraterno e coragem aos que lutam pelos seus direitos.

Anónimo disse...

Quanta barbaridade, Egídio! Reparo também que cita com frequência Boaventura de Sousa Santos. Leia-o com maior atenção. Pode ser que ajude.

Carlos Serra disse...

A Liga dos Direitos Humanos deu um exemplo de modernidade e humanidade ao promover o debate, ainda que, tanto quanto julgo saber, os homossexuais tenham primado quase completamente pela ausência. Sabemos bem de quanto custa ser homossexual no Zimbábuè ou no Quénia.

Anónimo disse...

«os homossexuais primaram pela ausência», é assim que a comunicação transmitiu a notícia. Gostava de saber como se chega a essa conclusão. Subentende-se que os homossexuais deviam se apresentar publicamente como tal. Para quê? Porquê? Ficam no ar os subentendidos e apriorismos dos quais dificilmente nos livramos, apesar de nos apresentarmos como «modernos».
Zimbabwé? Quénia? Todo o mundo!!!!

Carlos Serra disse...

Boas, as suas perguntas.

Egidio Vaz disse...

Um ponto de ordem!Sujeria que todos comentadores dissessem seus respectivos nomes que e para nos conheceremos.
Nao fica bem termos ideias "anonimas".
Sobre o homossexualismo, ainda tenho muitas duvidas.Na verdade, numa altura em que a Liga dos Direitos Humanos proporcionou um espaco de debate, porque eles nao se fizeram presentes?
Por mim, so ha ganhos e vitorias com LUTA constante e permante. E essa luta, para alem "vozez", precisa de CARAS e, se possivel, martires.
Portanto, vozes, essas sim, como as do "anonimo" continuarao a existir...e as caras?
Um abraco emancipatorio.
E.V

Egidio Vaz disse...

Obrigado Wetela por estas palavras sábias.
Um abraço forte!