Durante séculos, a razão imperial, artífice da cidade das ciências, desacreditou todos os múltiplos saberes exemplarmente afirmados e reclamados pelo antropólogo e curandeiro Narciso Mahumana (reler minha recente entrada).
Durante séculos, a razão imperial procurou desalojar de todos nós tudo o que era sentimento, sonho, arroubo, poema, horizonte.
Durante séculos, a razão imperial agiu como um fagócito, atacando e digerindo saberes tradicionais, cantonais, populares.
Um autêntico canibalismo epistemológico.
Esquecemo-nos nós, cientistas sociais, nós os sacerdotes da verdade imperial, nós em nossas togas de cardeais e nas nossas igrejas científicas, nós oficiantes dos templos dos congressos e dos seminários, esquecemo-nos de que se apenas existe uma fechadura social, várias são, porém, as chaves que a ela têm acesso, todas elas* legítimas, porque produto de construções sociais distintas.
_________________________
*Com excepção, claro, das chaves assassinas. Voltarei ao tema logo que possa. Escutem: desde o princípio que vos digo que este diário é construído como se numa oficina.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário