
Segundo as Nações Unidas, em 2004 mais de 49 milhões de crianças com 14 anos ou menos trabalharam na África subsariana. Veja a seguir uma passagem em língua inglesa:
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By the United Nations’ latest estimate, more than 49 million sub-Saharan children age 14 and younger worked in 2004, 1.3 million more than at the turn of the century just four years earlier. Their tasks are not merely the housework and garden-tending common to most developing societies.
They are prostitutes, miners, construction workers, pesticide sprayers, haulers, street vendors, full-time servants, and they are not necessarily even paid for their labor.
Some are as young as 5 and 6 years old.
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http://www.nytimes.com/2006/08/24/world/africa/24zambia.html?_r=1&oref=slogin
Foto do New York Times
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O número é impressionante, mas certamente subavaliado. Com efeito, é quase impossível calcular o número de crianças que trabalham a coberto de laços parentais e que, portanto, não possuem visibilidade. Possuo alguma experiência nesse campo de impotência, após ter dirigido uma pesquisa sobre tráfico de menores em Moçambique.
5 comentários:
Estou plenamente consciente da complexidade e do carácter sensível da questão que aqui vou colocar, mas espero ser bem compreendida.
Infelizmente, em países como Moçambique, e por muito isso nos custe, haverá certamente nos próximos tempos cada vez mais crianças a quem o drama da SIDA (entre outros) forçará a procurar um trabalho remunerado. Não sei se estou a ser pessimista, mas nem o Estado terá meios suficientes para fazer face ao problema, nem haverá ONGs bastantes para as enquadrar, nem as comunidades mais afectadas, cujos recursos parecem estar a esgotar-se, as poderão absorver. O resultado é que o tráfego de crianças e a exploração de mão-de-obra infantil contarão com presas cada vez mais fáceis e em maior número para alimentar as suas fileiras. Que fará uma criança, como já há muitas no país, que, além de ter de se sustentar a si própria, tem irmãos e talvez pais ou avós doentes a seu cargo? E que será das comunidades - que já existem em alguns países – unicamente constituídas por crianças? A meu ver, é urgente uma acção mais proactiva para se evitar um drama ainda maior. Talvez seja preciso pensar-se mesmo no trabalho remunerado infantil, isto é, nos postos de trabalho que, legalmente, poderão (eventualmente, deverão), ser disponibilizados a crianças - mesmo menores de 14 anos -, em que condições, com que remuneração, etc. etc.
Penso que a sua hipótese não pode de forma alguma ser excluída.
Caro Professor,
aqui no Brasil o Programa "Bolsa-escola", no qual a família carente recebe ajuda financeira do governo para manter os filhos na escola - atuando como ação preventiva ao desvio precoce de crianças e jovens para o mercado de trabalho - tem dado ótimos resultado e já estamos colhendo os primeiros frutos nessa área. Não é uma ação paternalista, visto que cobra uma contrapartida (a criança precisa ter no mínimo 90% de frequência escolar sob pena da família perder o benefício),visa ao futuro (a educação como único meio de mobilização social) e é um eficiente (e justo) mecanismo de redistribuição de renda. Não conheço, naturalmente, as particularidades dos problemas financeiros de Moçambique, mas creio que o programa poderia ser adaptado à sua realidade.
Veja como funciona no endereço abaixo
http://federativo.bndes.gov.br/dicas/D075%20-%20Programa%20bolsa-escola.htm
Aproveito para cumprimentá-lo pelos ótimos posts deste e dos outros blogs teus.
Obrigado,Cássia, pela tua contribuição. O que acha a Fátima?
Prometo responder em breve, Professor, depois de ver devidamente como funciona a bolsa escola no Brasil.
Obrigada, Cássia, por nos sugerir eventuais alternativas para tão grande problema em Moçambique.
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